Gilberto Alves Martins (Rio de Janeiro, 15 de Abril de 1915 – Jacareí, 04 de Abril de 1992), foi cantor e compositor brasileiro.
Gilberto Alves Martins, carioca da “Gema”, como ele próprio de dizia, nasceu no bairro de Lins de Vasconcelos no Rio de Janeiro, no ano de 1915. O primeiro grande êxito de Gilberto Alves junto ao público brasileiro foi a música “Tra La La”, lançada em 1940. Depois veio em 1941″Uma Grande Dor Não Se Esquece”, “Sonhos de Outono”; em 1942, “Algum dia te direi”, “Gavião Caçudo” e “Pombo Correio”, músicas de grande efeito e enorme vendagem de discos. Nas gravações de Gilberto, mesmo as mais antigas, cuja qualidade técnica deixa a desejar, o ouvinte tem condições de entender plenamente todas as palavras. Segundo as declarações do cantor, ele nunca tinha sequer sonhado em se tornar profissional do canto. Vivia cantando entre amigos, em rodas de samba, etc. Primeiro porque o convidavam e, segundo, gostava muito. Mas nunca pensou em ser artista. Tudo aconteceria de forma natural. O cantor Gilberto Alves Martins, nasceu no Rio de Janeiro em 15/04/1915 e faleceu em Jacareí SP, em 04/04/1992. Foi criado no subúrbio de Lins de Vasconcelos. Aos 12 anos, fugiu de casa com o irmão mais velho e arranjou emprego de carregador de marmitas, passando a viver desse serviço. Depois, começou a trabalhar como carregador de sapatos, até que aprendeu o ofício de sapateiro, ao qual passou a dedicar-se por conta própria. Paralelamente, cursava o secundário e iniciava-se em música, reunindo-se com amigos para serestas nas ruas de Lins de Vasconcelos e Meyer. Conheceu Jacob do Bandolim, então garoto, que viria a ser seu grande amigo, e depois dos 16-17 anos começou a freqüentar os cabarés da Lapa e o Café Nice, travando conhecimento com Grande Otelo e Sílvio Caldas. Por volta de 1935, as serestas começaram a ser proibidas, e a guarda noturna dissolvia os grupos de seresteiros que encontrava.Um dia Almirante “A Maior Patente do Rádio” ouviu Gilberto cantar, e o convidou a se apresentar na Rádio Club Brasil, onde era o diretor artístico, além de um programa que fazia. Corria o ano de 1935, e, mesmo sem contrato, Gilberto Alves se apresentou por algum tempo no programa de Almirante, ganhando 30 mil réis por mês. É bom que se diga que na Club do Brasil, na mesma época, eram contratados Orlando Silva e Araci de Almeida, com 70 e 50 mil réis por mês, respectivamente. Gilberto Alves permaneceu na Rádio Club, por treze meses, cantando sem contrato, recebendo apenas cachê. Passou, depois, a apresentar-se na Rádio Guanabara, hoje Bandeirantes, onde atuava no “Programa Carioca” programa de Luís Vassalo, para onde foi levado pelos compositores Cristóvão de Alencar e Nássara, que conheceu numa seresta em Vila Isabel. Cantou ainda na Rádio Educadora, programa dos irmãos Batista (Marília e Henrique), atuando paralelamente em outras emissoras. O Souza Barros, diretor da Rádio Tupi do Rio, resolveu fazer um pesquisa para saber dos cantores novos, qual o de maior possibilidades de se tornar um grande cartaz no futuro, qual o mais promissor. Para isso determinou uma votação que foi feita entre os grandes da época. Votaram Chico Alves, Carlos Galhardo, Silvio Caldas, Santclair Senna, Moacir Fenelon, Bide, Marçal. Gilberto Alves foi escolhido por unanimidade o cantor revelação, e assinou o seu primeiro contrato com a Rádio Tupi para fazer um programa semanal de ¼ de hora. Era o ano de 1939. E, pela primeira vez, Gilberto Alves se deu conta que era um cantor profissional, preso a uma emissora de rádio através de um contrato. Ele, que praticamente só cantava por prazer. Ficou na Rádio Tupi até o ano de 1948, quando então foi para a Nacional do Rio. Em 1938 gravou seu primeiro disco, com os sambas Mulher toma juízo (Ataulfo Alves e Roberto Cunha) e Favela dos meus amores (Roberto Cunha), na Columbia. Conheceu então Roberto Martins e Mário Rossi, gravando seu segundo disco com uma música dessa dupla de compositores, Mãos delicadas, além de Duas sombras, esta de Roberto Martins e Jorge Faraj, também lançadas pela Columbia. Daí em diante gravou vários sucessos da dupla Roberto Martins e Mário Rossi, entre os quais seu primeiro êxito em disco, Tra-lá-lá, em 1940, pela Odeon. Gilberto ficaria na gravadora Columbia por pouco tempo, transferindo-se a seguir para a Odeon, onde se firmaria como um dos maiores cantores brasileiros, dono de uma discografia de mais de 400 discos 78RPM, além de diversos LPs Cada cantor do passado, mesmo sendo detentor de vários sucessos em suas apresentações fora do Rio, era praticamente obrigado a interpretar a música que o definia junto ao grande público. Com Francisco Alvez este fato ocorria com “A Voz do Violão” com Galhardo, “Fascinação” com Silvio Caldas, “Chão de Estrelas” com Vicente Celestino, “O Ébrio” com Gilberto Alves e composição de Felisberto Martins, e Cristóvão de Alencar “Algum Dia Te Direi”. Onde fosse, em qualquer parte do Brasil, o público pedia ou até exigia “Algum Dia Te Direi”, a música com a “cara” de Gilberto Alves. A este seguiram-se outros sucessos, como Natureza bela (Felisberto Martins e Henrique Mesquita), em 1942, a marcha Cecília, no Carnaval de 1943, e no ano seguinte o fox Adeus, dos mesmos autores. Ainda em 1944 gravou Despedida (Tito Ramos), Algum dia te direi (Cristóvão de Alencar e Felisberto Martins), Sinfonia dos tamancos (Roberto Martins) e Capital do samba (José Ramos). No ano seguinte, deixou a Odeon e foi para a Victor, gravando em 1948 o sucesso carnavalesco Rosa Maria (Aníbal Silva e Éden Silva). No mesmo ano, passou a atuar na Rádio Nacional. Em 1949 casou com Jurema Cardoso. No ano seguinte, transferiu-se para a Rádio Tupi, onde permaneceu até 1970, quando se aposentou. Os maiores sucessos de sua carreira foram: “Pombo correio” (Benedito Lacerda e Darci de Oliveira), “Agora é tarde” (Tito Ramos e Mário Rossi), “Recordar é viver” (Aldacir Louro e Aluísio Martins), “De lanterna na mão” (com Elzo Augusto e J. Sacomani), Louca pela boêmia (Alcebíades Barcelos e Armando Marçal), além de Cecília e Natureza bela. Mesmo depois de aposentado, continuou apresentando-se em emissoras de rádio e televisão. Em 1975 completou quarenta anos de carreira; nos últimos anos de sua vida apresentava-se em churrascarias e na televisão, ao lado de cantores da chamada velha guarda. Uma particularidade do Gilberto Alves era sua prodigiosa memória. Quando morava no Rio, depois de se aposentar em 1970 da Rádio Nacional e, posteriormente, em Cezário Lange, pequena cidade do interior paulista, onde viveu seus últimos anos, sempre era convidado a participar das serestas quando estas ocorriam. Nestas ocasiões, sempre lhe pediam qua cantasse aquelas músicas antigas com letras quilométricas e, às vezes rebuscadas, que ele sabia de memória, mas não se lembrava de como as tinha aprendido. Devia ser coisa de sua infância, pois ele não tinha idéia de como tomara conhecimento delas … Pelo temperamento alegre e sempre disposto a uma boa brincadeira, Gilberto Alves era um alvo predileto de “gozações” de seus amigos do meio radiofônico. Silvio Caldas, por exemplo, dizia que o cabelo de Gilberto era “penteado a metralhadora”, tal o número de ondulações que possuía, por ser muito crespo. Gilberto retrucava chamando Silvio de “saci”, pelo fato de Silvio ser extremamente magro e muito experto, “elétrico” mesmo, além de apelidá-lo de “rompe-fronha”, por possuir cabelo crespo e duro. Além do grande cantor que foi, possuidor de uma das mais belas e expressivas vozes do nosso cancioneiro, Gilberto Alves era ainda um estudioso da nossa música popular, possuindo uma enorme coleção de discos de “chorinho”, gênero que adorava.