Fundo de Quintal é um grupo de samba formado no Brasil no final da década de 1970. Surgido a partir do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, da cidade do Rio de Janeiro, o grupo tornou-se uma referência original no sub-gênero pagode.
Composto principalmente por sambistas da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, o Fundo de Quintal se caracterizou por usar instrumentos – até então pouco comuns em rodas de samba – como o banjo, o tantã, o repique de mão . O grupo inicialmente era composto pelos sambistas Almir Guineto, Bira Presidente, Jorge Aragão, Neoci, Sereno, Sombrinha e Ubirany. Mais tarde, Arlindo Cruz e Walter Sete Cordas integraram o conjunto musical. Após a saída de Walter Sete Cordas, Cleber Augusto e Zeca pagodinho fizeram parte do grupo. Atualmente o grupo é composto por Ademir Batera, Ronaldinho, Sereno, Bira Presidente e Ubirany.
Tendo como “madrinha” a cantora Beth Carvalho, o grupo gravou vários álbuns, alguns deles discos de Ouro e Platina.[2] Alguns de seus maiores sucessos são ” “A Batucada dos Nossos Tantãs”, “E Eu Não Fui Convidado”, “Boca Sem Dente”, “Ô, Irene”, “O Show Tem Que Continuar”, “Do Fundo do Nosso Quintal”, “Só pra Contrariar”, “Miudinho”, “Bebeto Loteria”, “Não Vai na Conversa Dela”, “”Vai Lá Vai Lá””, “Parabéns pra Você”, “Andei, Andei”, “Malandro Sou Eu”, “Tô Que Tô”, entre outros.[2]
História
Primeiros anos: Cacique de Ramos
O Fundo de Quintal surgiu no dia 20 de janeiro no final da década de 1970 dentro do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, em Olaria, subúrbio da região da Leopoldina, na cidade do Rio de Janeiro. A primeira formação do conjunto de samba tinha Almir Guineto, Bira Presidente, Jorge Aragão, Neoci (filho do célebre compositor João da Baiana), Sereno, Sombrinhae Ubirany. Eles se reuniam sempre às quartas-feiras para fazer um som que começou a atrair a atenção de gente importante do mundo do samba. O grupo tocava músicas de grandes sambistas e composições próprias, inovando na maneira de falar do cotidiano e sempre com um ritmo diferente, através da utilização de instrumentos até então incomuns nas rodas de samba, como o banjo com braço de cavaquinho (criado por Almir Guineto), o tantã (criado por Sereno), o repique-de-mão (criado por Ubirany) . Desta forma, foram considerados um dos criadores de um estilo que, posteriormente, influenciou praticamente todas as bandas de pagode, sub-gênero dentro do samba que surgia naquela época.
Em 1978, Beth Carvalho convidou o componentes do Fundo de Quintal para participar de seu disco “Pé no Chão”, produzido por Rildo Hora, que mais tarde viria a produzir vários trabalhos do grupo. Em 1980, a gravadora RGE lançou o primeiro disco do grupo, “Samba é No Fundo do Quintal”,trabalho que foi bem aceito pela crítica musical da época, que foi puxado pelo sucesso de “Você Quer Voltar” (Pedrinho da Flor e Gelcy do Cavaco), “Sou Flamengo, Cacique e Mangueira” (Luiz Carlos), “Prazer da Serrinha” (Hélio dos Santos e Rubens da Silva), “Zé da Ralé” (Almir Baixinho e Diogo) e “Gamação Danada” (Almir e Neguinho da Beija-Flor).
Saem Almir, Jorge e Neocy; entram Arlindo e Walter
Em 1981, deixaram o Fundo de Quintal Almir Guineto, Jorge Aragão (que seguiram suas carreiras solo) e Neocy, que mais tarde viria a falecer. Entretanto, o conjunto ganhou dois novos integrantes: Arlindo Cruz e Walter Sete Cordas. Naquele mesmo ano, foi lançado o segundo álbum do grupo, “Samba é No Fundo do Quintal – Volume 2”, que foi puxado pelo sucesso de “Bebeto Loteria” (de Tião Pelado ), além de outros sucessos .
Nos Pagodes da Vida foi o terceiro disco lançado do Fundo de Quintal, no qual se destacaram os sucessos “Caciqueando” (Noca da Portela), Encrespou o Mar, Clementina (Walmir Lima e Roque Ferreira), Enredo do Meu Samba” (Dona Ivone Lara e Jorge Aragão) e Te Gosto (Mauro Diniz e Adilson Victor). Destaque também para a entrada de Cleber Augusto no lugar de Walter Sete Cordas. No ano seguinte, foi lançado o LP Seja Sambista Também, que teve como grande sucesso, além da faixa-título, Castelo de Cera” (Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho). Outras músicas que se destacaram foram “Cabeça Fria” (Sereno), “Cantei pra Distrair” (Tio Hélio), “Toda Minha Verdade” (Wilson Moreira) e “Canto Maior” (Arlindo Cruz, Sombrinha e Dedé da Portela). Em 1985, foi lançado “Divina Luz”, quinto LP do grupo, no qual foram incluídas “Minha alegria” (Luiz Grande), “Chega de Padecer” (Mijinha), “Parabéns pra Você” (Mauro Diniz, Sereno e Ratinho) e o sucesso “Eu Não Fui Convidado” (Zé Luiz e Nei Lopes). Em 1986, é lançado o disco ” O Mapa da Mina ” com os estrondosos sucessos de “Seleção de Pagodes”, “Só pra contrariar ” (Sombrinha, Arlindo Cruz e Almir Guineto) e “Ô Irene” (Beto Sem Braço) Em 1987, foi lançado o álbum “Do Fundo do Nosso Quintal”, que contou com as participações especiais de Beth Carvalho, na faixa “Pra Que Viver Assim” (Sombrinha e Adilson Victor), e Martinho da Vila, nas faixas “Mama Lala” (cantiga popular de Angola) e “Clube Marítimo Africano” (dos angolanos Felipe Mukenga e Felipe Zau).
Mais sucessos e primeiro LP ao vivo
Bastante conhecido no mercado musical, o grupo obteve mais sucesso com o LP “Ciranda do Povo”, de 1989, entre eles: “Miudinho, Meu Bem, Miudinho” (Franco e Arlindo Cruz), “Não Valeu”(Franco, Arlindo Cruz e Marquinhos PQD), “Coração Andorinha” (Beto Sem Braço e Luiz Carlos da Vila) e “Folha de zinco” (Jurandir da Mangueira e Ratinho).[1] No ano seguinte, foi lançado “Ao Vivo”, primeiro trabalho gravado em concerto. Já contando com o mais novo integrante, o paulistano Mario Sergio passa a fazer parte como vocalista do grupo e em 1991 lançam o álbum “É Aí Que Quebra A Rocha”, que trouxe como sucessos “Pagodeando” (Sereno e Noca da Portela), “Quantos Morros Já Subi” (Arlindo Cruz e Mário Sergio e Pedrinho da Flor) e “Aquela Dama” (Arlindo Cruz e Jorge David e Acyr Marques, Canto Pra Vela Guarda(Mario Sergio, Carica e Luizinho, Menina da Colina(Mario Sergio e Luisinho To Blow). Com o lançamento do LP “A Batucada dos Nossos Tantãs”, em 1993 (com Ronaldinho substituindo Arlindo Cruz), o grupo obteve êxito com a faixa-título (Adilson Gavião, Sereno e Robson Guimarães), “Um Lindo Sonho” (Arlindo Cruz e Mário Sergio) e “Coisas Do Passado” (Cleber Augusto e Djalma Falcão). No ano seguinte, foi lançado “Carta Musicada”, que teve como principais sucessos “Vai Lá Vai Lá” (Moisés Santiago, Alexandre Silva e André Rocha), “O Nó Da Gravata”(Márcia Martins e Carlos Colla) e “Nos Quintais do Mundo” (Luizinho e Mário Sergio).
Retrospectiva
Em “Palco Iluminado”, de 1995, o grupo fez um disco de retrospectiva da carreira e regravou vários de seus sucessos e algumas inéditas como “Juras” (Noca da Portela, Darcy de Paulo e Toninho Nascimento), “Mistura de Pele”(Sereno), “Amor dos Deuses” (Ronaldinho do Banjo e Mário Sérgio), “Por Todos os Santos” (Nélson Rufino e Carlinhos Santana) e a faixa que batiza o álbum (Cleber Augusto e Djalma Falcão). No ano seguinte, foi lançado o LP “Ondas Do Partido”, com destaque para as faixas “Vem Sambar, Vem Sambar”, “Felicidade Pede Bis” e “Testemunhas Do Amor”. Em 1997foi lançado o álbum “Livre Pra Sonhar” e, um ano depois, “Fundo de Quintal e Convidados”, do qual se destacam “Nem Lá Nem Ca”, “Merece Respeito” e “Amor Dos Deuses”. Em 1999, foi a vez do lançamento de “Chega Pra Sambar”.[1]
No ano 2000, a gravadora BMG lançou pelo o álbum ao vivo “Simplicidade”, no qual o grupo interpretou vários de seus sucessos. Naquele mesmo ano, a gravadora RGE relançou em Compact Disc todos os álbuns editados em LPanteriormente. Em 2001, pela gravadora BMG e com produção de Rildo Hora, o grupo lançou o disco “Papo de Samba”, o 21º da carreira. Neste álbum, foram incluídas músicas de participantes do grupo, como “Numa Casa Véia”(Mário Sérghio, Sereno e Ronaldinho do Banjo), assim como outras de compositores importantes, como Monarco e Mauro Diniz em “Peregrinação”. No ano seguinte, o grupo gravou ao vivo na quadra do bloco carnavalesco Cacique de Ramos o álbum “Fundo de Quintal – Cacique de Ramos”, que contou com a com várias participações especiais, entre elas dos ex-integrantes do grupo Almir Guineto, Sombrinha, Arlindo Cruz e Jorge Aragão, além dos sambistas e amigos Zeca Pagodinho e Beth Carvalho. Naquele mesmo ano, o Fundo de Quintal participou das gravações do CD e DVD “Jorge Aragão Ao Vivo Convida”.[1]
Presente
Em 2003, ao lado de Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Dudu Nobre, o Fundo de Quintal foi uma das atrações especiais do “Festival Fábrica do Samba”, apresentado no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Ainda naquele ano, foi lançado o álbum “Festa pra comunidade” e o violonista Cleber Augusto afastou-se do grupo para seguir carreira solo.
Em 2004, gravaram seu primeiro DVD, lançado pela Indie Records, com participações de Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Almir Guineto, Sombrinha, Beth Carvalho, Dudu Nobre, Jorge Aragão, Demônios da Garoa, Leci Brandão, Luiz Carlos da Vila e Dona Ivone Lara.
Em 2006, lançaram o CD “Pela Hora”. Em 2007, lançaram o DVD ” O Quintal do samba”; em 2008, lançaram o DVD “Samba de todos os tempos” ; Em 2009, lançaram o DVD “Vou festejar”.
Em 2011, lançaram o CD “Nossa Verdade”, pela gravadora Biscoito Fino.
Ao final de 2008, Mário Sérgio deixou o grupo para seguir carreira solo, mas em 2013, Mário Sérgio retornou ao grupo. Nesse período de afastamento, foi substituído por Flavinho Silva, que posteriormente foi substituído por Délcio Luiz.
Falecimento de Mario Sérgio Ferreira Brochado
O vocalista do grupo, Mario Sérgio, morreu na madrugada do dia 29 de maio de 2016, aos 58 anos de idade, num hospital em Nilópolis[3]. Em seu lugar, entra o músico Marcinho Alexandre. Marcinho Alexandre substituindo Mario Sérgio
Integrantes
- Ademir Batera
- Bira Presidente
- Junior Itaguay
- Sereno
- Ubirany
- Marcio Alexandre
Ex-integrantes
- Almir Guineto (Falecido)
- Arlindo Cruz
- Cleber Augusto
- Jorge Aragão
- Neocy (Falecido)
- Sombrinha
- Flavinho Silva
- Walter 7 Cordas
- Delcio Luiz
- Milsinho
- Mário Sérgio (Falecido)
- Ronaldinho do Banjo
- Jeje do Pandeiro
- Duvica Cuica
Discografia
Álbuns
- 1980 – Samba é No Fundo do Quintal – Vol.1
- 1981 – Samba é No Fundo do Quintal – Vol.2
- 1983 – Nos Pagodes da Vida
- 1984 – Seja Sambista Também
- 1985 – Divina Luz
- 1986 – O Mapa da Mina
- 1987 – Do Fundo do Nosso Quintal
- 1988 – O Show tem Que Continuar
- 1989 – Ciranda do Povo
- 1990 – Ao Vivo
- 1991 – É Aí Que Quebra a Rocha
- 1993 – A Batucada dos Nossos Tantãs
- 1994 – Carta Musicada
- 1995 – Palco Iluminado
- 1996 – Nas Ondas do Partido
- 1997 – Livre Pra Sonhar
- 1998 – Fundo de Quintal e Convidados
- 1999 – Chega Pra Sambar
- 2000 – Nosso Grito
- 2000 – Simplicidade – Ao Vivo
- 2001 – Papo de Samba
- 2002 – Ao Vivo no Cacique de Ramos
- 2003 – Festa Pra Comunidade
- 2004 – Ao Vivo Convida
- 2005 – Samba Quente
- 2006 – Pela Hora
- 2007 – O Quintal do Samba’
- 2008 – Samba de Todos os Tempos
- 2009 – Vou Festejar
- 2011 – Nossa Verdade
- 2012 – No Compasso do Samba
- 2014 – Só Felicidade
- 2016 – 40 Anos – No Circo Voador