Mestre Darcy

Bambas

Cantor. Compositor. Jongueiro. Percussionista.

Criador do Grupo Bassam, que mantém a tradição do jongo na Serrinha.

Embora sua certidão lhe dê a data de nascimento em 15 de março de 1933, seu nascimento, na realidade, se deu um ano antes, na Ladeira da Balaiada, no Morro da Serrinha, no subúrbio carioca de Vaz Lobo.

Filho de Pedro Francisco Monteiro e Maria Joanna Monteiro, conhecida no morro da Serrinha como Vovó Maria Rezadeira. Músico profissional, percussionista desde os 16 anos de idade.

Um dos fundadores do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Império Serrano e mais tarde, ao lado de Candeia, Nei Lopes e Wilson Moreira, entre outros, fundou o Grêmio Recreativo e Artes Negras Quilombo.

Foi casado com Eunice dos Santos Monteiro. Casado pela segunda vez com Norma Sueli (Dona Sú), cantora e dançarina de jongo que se apresentava ao lado do marido.

Pai de Darcy Antonio dos Santos Monteiro, instrumentista que também se apresenta fazendo parte do grupo. Ainda desse mesmo grupo de jongo da Serrinha, Grupo Bassam, fazem parte vários integrantes da família, como Eva Emely Monteiro (irmã), Dely Monteiro Chagas (sobrinha), Núbia Augusta da Silva (prima).

Foi filiado à Ordem dos Músicos do Brasil desde sua fundação.

Faleceu vítima de um ataque cardíaco em sua casa no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, sendo sepultado no cemitério de Irajá.

Aos 15 anos de idade introduziu o agogô, instrumento que classifica como bitonal, no samba do Império Serrano. Por essa época, começou a acompanhar vários artistas das décadas de 1940 e 1950, como Francisco Alves, Geraldo Pereira, Jorge Veiga, Marlene, Emilinha, Herivelto Martins, Monsueto, Mário Reis e Ataulfo Alves, entre outros. Anos mais tarde, trabalhou com o empresário Carlos Machado em shows, exercendo também a função de coreógrafo dos trios de pandeiros da época, como o Trio do Russo do Pandeiro, entre outros.

Como ritmista e percussionista, trabalhou no Cassino da Urca. Chegou a acompanhar Dizzy Gillespie.

Fez parte das orquestras de Severino Araújo, Raul de Barros, Maestro Carioca e Paulo Moura. Em rádio, trabalhou na Rádio Nacional e Rádio Tupi.

Integrando a orquestra do Maestro Guio de Moraes, viajou para os Estados Unidos, França, Inglaterra, Portugal, Argentina e Uruguai.

Um dos incentivadores e mantenedor da tradição do jongo, desenvolveu no bairro de Santa Tereza o ensino da prática do jongo, em que orientava os novatos para a improvisação, canto e dança referente ao jongo. Fez também apresentações em escolas públicas, praças e universidades. Introduziu instrumentos de corda e sopro no jongo.

Participou das atividades da Tenda Espírita de Xangô tocando tambor, assim como do Grêmio Recreativo e Bloco Carnavalesco Pena Vermelha, do morro da Serrinha.

Em 1983, gravou pela Funarj, liderando o Grupo Vovó Maria Joana, o jongo “A saracura”, de sua autoria, no LP “Mostra Seis e Meia Lubrax”. Por essa época, ainda participou (c/ o Grupo Bassam) do disco “Quilombo”. Nesse LP o grupo interpretou seis jongos: “A saracura”, “As baratas”, “Sabão”, “Paraibano”, “Ritmo do jongo nº 1” e “Ritmo do jongo nº 2”. Ainda nesse ano, Beth Carvalho no disco “Suor no rosto”, incluiu algumas composições de sua autoria como “Boi preto”, “Pisei na pedra”, “Caxambu de Sá Maria” e “Guiomar” (c/ Tião Zarope). A cantora Beth Carvalho, nesse mesmo disco, teve a participação especial de Vovó Maria Joana na faixa “Mataro o Zé Maria” (de Vovó Maria Joana) e ainda interpretou, de Eva Emely Monteiro (também componente do Grupo Bassam), a composição “Papai na ladeira”.

Participou do disco “Missa dos Quilombos”, de Milton Nascimento e de discos de Roberto Ribeiro.

Entre 1988 e 1990, morou em Toulouse, na França, onde fundou a Escola de Samba Império de Toulouse.

No ano de 1997 a cantora Daúde regravou “As baratas” no CD Daúde ” 2, lançado pela gravadora Natasha Records.

Em 1999, participou do CD “100% Gonça”, da Banda Caixa-Preta, no qual tocou e interpretou vários cânticos de jongo.

No ano 2000, na casa de espetáculo carioca Ballroom, foi montado um show em homenagem ao seus 68 anos. Nesse show, Mestre Darcy foi acompanhado pela banda Caixa Preta e contou com a participação de diversos artistas da MPB, como Monarco, Walter Alfaiate, João de Aquino, Nelson Sargento e Wilson das Neves, Mariana de Moraes, Luiz Melodia, Dudu Nobre, Carlinhos de Jesus, Beth Carvalho e Armandinho. Ainda em 2000, participou do disco “Moringando & roçando”, de Dom Gravata, no qual atuou tocando os tambores candongueiro e caxambu na faixa “Jongo maneiro”, de autoria de Dom Gravata.

Em 2001apresentou o show “Regate do jongo”, tendo como convidados a banda Caixa Preta e Dona Sú (sua esposa). Ainda nesse ano, foi homenageado no espetáculo “2ª Noite da Musicalidade Negra”, juntamente com Marko Andrade, Luiz Carlos Batera e Carlinhos Trumpete e gravou um CD cantando jongos lançado pelo selo Itaú Cultural.

Em 2002, na festa promovida pelo Teatro Rival BR para a entrega do “1º Prêmio Rival BR” para os discos independentes, seu disco foi considerado o melhor do ano, tendo sua memória reverenciada naquela cerimônia.

No ano de 2007 o Grupo Cultural Jongo da Serrinha lhe prestou homenagem lançando, pela gravadora Rob Digital, o DVD “O jongo da Serrinha – Um tributo a Mestre Darcy”, com direção da documentarista Beatriz Paiva. O trabalho, com direção musical de Paulão Sete Cordas, apresenta em registro cantos e danças do gênero “Jongo”, considerado um dos ritmos ancestrais do samba e ainda depoimentos e participações de Beth Carvalho, Xangô da Mangueira, Sandra de Sá e Robertinho Silva, além do próprio Mestre Darcy cantando e dando depoimento em um micro-documentário extra de cinco minutos. Do DVD também participaram, cantando ou dançando, outras personalidades importantes para a sedimentação e manutenção do gênero, tanto no Morro da Serrinha, quanto para o Brasil, entre elas Lazir Sinval (em ‘Preta Velha jongueira’ e ‘É de Lorena’); Derly Monteiro (em ‘Vapor da Paraíba’), Luciane Menezes (em ‘Galo Macuco’); Tia Maria do Jongo (‘Caxinguelê’) e Luiza Marmelo (em ‘Pra que pente’).

Obras

  • A saracura
  • As baratas
  • Boi preto
  • Caxambu de Sá Maria
  • Guiomar (c/ Tião Zarope)
  • Pisei na pedra

Discografia

  • ([S/D]) Quilombo. Grupo Bassam • Tapecar • LP
  • (2007) O jongo da Serrinha – Um tributo a Mestre Darcy • Rob Digital • DVD
  • (2001) Darcy do Jongo • Selo Itaú Cultural • CD
  • (1999) 100% Gonça. Banda Caixa-Preta • Independente • CD
  • (1983) Mosta Seis e Meia Lubrax. Grupo Vovó Maria Joana • Gravações Elétricas Funarj. Rio de Janeiro • LP
homem, Império Serrano, Jongo
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