Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro (frequentemente referida apenas como Salgueiro) é uma das mais tradicionais escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro. Originária do Morro do Salgueiro, atualmente é sediada na Rua Silva Teles, n.º 104, no bairro do Andaraí, onde também funciona a Vila Olímpica do Salgueiro. Foi fundada em 5 de março de 1953, a partir da fusão de duas escolas de samba do Morro do Salgueiro, a Depois Eu Digo e a Azul e Branco.
Possui nove títulos de campeã do Grupo Especial do carnaval carioca, conquistados nos anos de 1960, 1963, 1965, 1969, 1971, 1974, 1975, 1993 e 2009. É uma das maiores vencedoras do Estandarte de Ouro, sendo premiada como melhor escola por oito vezes. É a maior vencedora do Tamborim de Ouro, conquistando por seis vezes o prêmio principal. Nunca foi rebaixada do Grupo Especial. Sua pior colocação ocorreu em 2006, quando obteve o 11.º lugar.
A Acadêmicos do Salgueiro desfilou pela primeira vez em 1954, conquistando o terceiro lugar, à frente da super campeã Portela. A escola foi responsável por renovar a estética do carnaval carioca ao convidar artistas de formação acadêmica, para confeccionar seus desfiles. Em 1959, foi o casal de artistas plásticos Dirceu e Marie Louise Nery os responsáveis pelo desfile da escola, sobre o pintor francês Jean-Baptiste Debret. A apresentação chamou atenção de um dos julgadores, o professor da Escola de Belas Artes e cenógrafo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro Fernando Pamplona, que foi convidado pelo presidente da escola, Nelson de Andrade, para confeccionar o desfile de 1960. Neste ano, a escola conquistou o seu primeiro campeonato, com o enredo “Quilombo dos Palmares”. Também nesse período, a escola inovou na escolha dos enredos, homenageando personalidades brasileiras, na época, pouco conhecidas, como Zumbi dos Palmares (em 1960), Xica da Silva (em 1963), Chico Rei (em 1964) e Dona Beija (em 1968). Naquela época, apenas figuras conhecidas da história nacional eram temas de enredo. Em 1963, pela primeira vez no carnaval carioca, uma escola de samba apresentava um enredo centrado em uma personalidade feminina. A escola inovou, mais uma vez, ao apresentar uma ala de passo marcado. Coreografada por Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a ala trazia casais dançando um minueto. A ideia causou polêmica, mas, com o passar do tempo, o artifício foi utilizado por outras agremiações em seus desfiles. Polêmicas à parte, naquele ano a escola conquistou o seu segundo título de campeã do carnaval carioca, com um enredo de Arlindo Rodrigues sobre Chica da Silva. Em 1965, conquistou o seu terceiro campeonato com um enredo sobre a história do carnaval carioca. Em 1969 foi campeã fazendo uma homenagem à Bahia. Em 1971, conquistou o seu quinto título de campeã com o popular samba-enredo “Festa para um rei negro”, conhecido pelo refrão “O-lê-lê, o-lá-lá / Pega no ganzê / Pega no ganzá”. Os anos de 1974 e 1975 marcaram uma nova mudança na escolha dos enredos. O carnavalesco Joãosinho Trinta conquista mais dois títulos para a escola com dois enredos oníricos, misturando realidade e imaginação. Em 1993, a escola foi protagonista de um dos momentos mais marcantes do carnaval carioca. Com o enredo “Peguei um Ita no Norte”, do carnavalesco Mario Borrielo, a escola conquistava o seu oitavo campeonato. Durante o desfile, o público presente no Sambódromo cantou em coro o popular samba-enredo, conhecido pelo refrão “Explode coração / Na maior felicidade / É lindo o meu Salgueiro / Contagiando, sacudindo essa cidade”. Em 2009 a escola conquistou o seu nono título de campeã do carnaval carioca, com o enredo “Tambor”, do carnavalesco Renato Lage.
Alguns dos mais importantes carnavalescos da história do carnaval carioca iniciaram a carreira na Acadêmicos do Salgueiro. Entre eles, Arlindo Rodrigues, Rosa Magalhães, Lícia Lacerda, Maria Augusta, Renato Lage, Max Lopes e Joãosinho Trinta – todos de formação acadêmica. A maioria foi levado para a escola por Fernando Pamplona, fato que lhe deu a alcunha de “o pai de todos os carnavalescos”. Aos poucos, outras escolas aderiram à ideia, consolidando a presença de artistas acadêmicos no carnaval carioca. A escola possui o lema “Nem melhor, nem pior, apenas uma escola diferente”. É apelidada de “Academia do samba”, e sua bateria é denominada “A Furiosa”.
Fundação | 5 de março de 1953 (65 anos) |
Escola-madrinha | Mangueira |
Cores |
Vermelho Branco |
Símbolo | Pandeiro, surdo de barrica, tamborim quadrado, afoxé de cabaça e uma baqueta |
Bairro | Andaraí |
Presidente | Regina Celi |
Carnavalesco | Alex de Souza |
Intérprete oficial | Emerson Dias |
Diretor de carnaval | Alexandre Couto |
Diretor de harmonia | Jô Calça Larga, Siro e Tia Alda |
Diretor de bateria | Mestre Marcão |
Rainha da bateria | Viviane Araújo |
Mestre-sala e porta-bandeira | Sidcley e Marcella Alves |
Coreógrafo | Hélio Bejani |
Desfile de 2019 | |
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Site oficial: www.salgueiro.com.br |
Lugar de origem
A Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro teve origem no Morro do Salgueiro, no bairro da Tijuca, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. No final do Século XIX, o local fazia parte da Chácara do Trapicheiro. Em 1885 começou a ser povoado por ex-trabalhadores das plantações de café do Vale do Paraíba e de zonas vizinhas. Com o falecimento do Conde de Bonfim e de seu filho, o Barão de Mesquita, o local foi loteado pelo Barão de Itacuruçá, genro do Barão de Mesquita, e as terras foram negociadas para pequenos proprietários. O morro tem seu nome em referência ao comerciante português Domingos Alves Salgueiro, que, em meados de 1900, era proprietário de mais de trinta barracos e dono do único comércio do local. Logo, o “morro do seu Salgueiro” se tornou Morro do Salgueiro.
Dentre as manifestações populares cultivadas no Salgueiro estavam o Caxambú, Carimbó, Folia de Reis, Calango, Jongo, Samba de Roda. Na localidade também havia vários blocos carnavalescos como: Capricho do Salgueiro, Flor do Camiseiros, Terreiro Grande, Príncipe da Floresta, Pedra Lisa, Unidos da Grota e Voz do Salgueiro. Da união de pequenos blocos, surgiram três escolas de samba: Azul e Branco, Unidos do Salgueiro e Depois Eu Digo. A Escola de Samba Azul e Branco tinha entre seus componentes Antenor Gargalhada, o português Eduardo Teixeira, e Paolino Santoro, conhecido como Italianinho do Salgueiro. A Unidos do Salgueiro, de cores azul e rosa, foi formada pela união dos blocos Capricho do Salgueiro e Terreiro Grande, e tinha como comandante Joaquim Casemiro, conhecido como Joaquim Calça Larga. A Escola de Samba Depois Eu Digo, de cores verde e branco, foi fundada em 1934 e tinha entre seus componentes Mané Macaco, Paulino de Oliveira, Ceciliano (Peru), entre outros. As três escolas tinham como patrono o industrial Antônio Almeida Valente de Pinho, que, mais tarde, seria um dos incentivadores da união das três agremiações, e o primeiro patrono da Acadêmicos do Salgueiro.
Fundação
As três escolas do Salgueiro não conseguiam ameaçar o domínio de Portela, Império Serrano e Mangueira. No carnaval de 1953, a Unidos do Salgueiro se classificou em 6.º; a Depois Eu Digo em 13.º; e a Azul e Branco em 21.º. Após a proclamação do resultado daquele ano, componentes das três escolas iniciaram uma campanha para unir as três agremiações, a fim de criar uma escola forte, que pudesse disputar os campeonatos com as agremiações mais tradicionais. O compositor Geraldo Babão desceu o Morro do Salgueiro cantando um samba composto por ele próprio cerca de um ano antes: “Vamos balançar a roseira / Dar um susto na Portela, no Império, na Mangueira / Se houver opinião, o Salgueiro apresenta uma só união (…)”. Junto à Babão, se reuniram componentes e as baterias das três agremiações, em um cortejo em direção à Praça Saenz Peña.[1][28] A partir de então, foram realizadas várias reuniões e diversos debates sobre a fusão das escolas do morro. A primeira reunião foi realizada em 25 de fevereiro de 1953. Na reunião do dia 27 de fevereiro do mesmo ano, foram escolhidas as cores e o nome da nova agremiação. Em outra reunião, no dia 2 de março, a Unidos do Salgueiro desistiu de participar da fusão. Os demais sambistas procuraram o patrono das três escolas, Antônio Almeida, que incentivo a união das outras duas agremiações.[30]
A Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro foi fundada em 5 de março de 1953, a partir da fusão das escolas Depois Eu Digo e Azul e Branco, acordadas em uma reunião na sede da Depois Eu Digo, no morro do Salgueiro. A Unidos do Salgueiro, que tinha como representante maior o sambista Joaquim Calça Larga, não concordou com a união e, por esse motivo, não participou da fusão. Com o passar do tempo, a Unidos do Salgueiro foi extinta e seus componentes ingressaram na Acadêmicos do Salgueiro, inclusive Joaquim Calça Larga, que se tornou um dos principais nomes da escola.
Em uma nova reunião, realizada na sede da Confederação Brasileira das Escolas de Samba, na Rua Uruguaiana, número 113, foi eleita a primeira diretoria da escola, formada por Paulino de Oliveira (Presidente); Olímpio Correia da Silva, o “Mané Macaco” (Vice-Presidente); Eduardo dos Santos Teixeira (Presidente de honra); Antônio Almeida Valente de Pinho (Patrono); Alcides Nascêncio de Carvalho (Secretário); Djalma Felisberto, o “Chocolate” (Segundo-secretário); Pedro Ceciliano, o “Peru” (Tesoureiro); Manoel Vicente de Oliveira, o “Manoel Carpinteiro” (Segundo-tesoureiro); Durval Antônio Jesus (Procurador); Antônio José da Silva, o “Malandro” (Segundo-procurador); Manoel Bernardo, o “Cabinho” e Manoel de Souza Gomes o “Manelito” (Sindicância); Custódio Augusto (Presidente do Conselho Fiscal); João Batista dos Santos, o “Bitaca”, Mário José da Silva o “Totico”, Joviano de Oliveira e Manoel Laurindo da Conceição, o “Neca da Baiana” (Membros do Conselho Fiscal).[30]
Nome, cores e símbolos
Nome
O nome da escola foi escolhido em uma reunião realizada na sede da Confederação Brasileira das Escolas de Samba, no dia 27 de fevereiro de 1953, antes da reunião de fundação do Salgueiro. A reunião foi mediada por Oscar Messias Cardoso, presidente da Confederação. Ele próprio sugeriu nomear a agremiação de “Milionários do Salgueiro”. Paulino de Oliveira, presidente da Depois eu Digo, sugeriu o nome “Salgueiro Capital do Samba”. Pedro Ceciliano indicou “Unidos Acadêmicos”. Eduardo Santos Teixeira, presidente da Azul e Branco, propôs “Acadêmicos do Salgueiro”. Joaquim Calça Larga sugeriu “Academia do Salgueiro”. Manoel Vicente de Oliveira propôs “Voz do Salgueiro”. Também foram sugeridos os nomes “União do Salgueiro” e “Catedráticos do Salgueiro”. Após longa discussão, Joaquim Calça Larga apoiou o nome “Acadêmicos do Salgueiro”, que posto em votação, foi aprovado pelos demais.[31]
Alcunha
A escola é apelidada de “Academia do Samba”, enquanto seus torcedores são chamados pelo designativo “salgueirense”.
Cores
Em reunião realizada no dia 27 de fevereiro de 1953, foi aprovada, através de votação, as cores verde e amarela. Porém, após essa reunião, outras foram realizadas, no que as cores foram rediscutidas. O Salgueiro tem como cores o vermelho e o branco, escolhidas por Francisco Assis Coelho (Gaúcho), na reunião de fundação da escola, em 5 de março de 1953. A justificativa pela escolha e de que, na época, não havia escola com esta combinação de cores.
Símbolos
O Salgueiro tem como símbolos quatro instrumentos de percussão: pandeiro, surdo de barrica, tamborim quadrado e afoxé de cabaça com fitas; além de uma baqueta representando os demais tambores surdos. Todos característicos da década de 1950.
Bandeira
A bandeira do Salgueiro foi criada em 1956, por Pedro Ceciliano (Peru), na gestão do presidente Nelson de Andrade. Antes da oficialização, os pavilhões mudavam a cada ano, de acordo com o enredo da escola. A bandeira oficial consiste em um retângulo formada por 16 raios, dispostos em cores intercaladas (8 vermelhos e 8 brancos), partindo do escudo da escola, no canto superior esquerdo, em direção às extremidades do pavilhão. O escudo do Salgueiro é formado por um círculo vermelho, onde ficam dispostos os símbolos da escola (pandeiro, surdo de barrica, tamborim quadrado, afoxé de cabaça com fitas e uma baqueta). Os instrumentos são circundados pela inscrição “G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro” em letras brancas, maiúsculas, da esquerda para a direita, começando na parte central e inferior do círculo. Entre o início e o final da inscrição, na parte inferior do círculo, localiza-se o ano de confecção da bandeira. A bandeira sofreu transformações ao longo dos anos. Durante algum tempo, o escudo localizava-se ao centro do pavilhão. A partir do carnaval de 2006 foi retomado o desenho original.
Lema da escola
“ | Nem melhor, nem pior, apenas uma escola diferente. | ” |
Pioneirismos, inovações e “revolução estética”
A história da Acadêmicos do Salgueiro, entre as décadas de 50 e 70, é marcada por pioneirismos e inovações.[34] A escola foi a primeira agremiação a convidar artistas plásticos, de formação acadêmica para confeccionar seus desfiles.[17] Em 1959, o casal de artistas plásticos Dirceu e Marie Louise Nery foram responsáveis pelo desfile da escola. Em 1960, o professor da Escola de Belas Artes e cenógrafo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro Fernando Pamplona foi convidado para confeccionar o desfile da escola. Pamplona ainda levaria ao Salgueiro, o figurinista do Teatro Municipal carioca, Arlindo Rodrigues; o aderecista e desenhista da Escola de Belas Artes, Nilton Sá; Max Lopes, também da EBA; e suas alunas, também da Escola de Belas Artes, Lícia Lacerda, Maria Augusta e Rosa Magalhães; além do cenógrafo Renato Lage. Joãosinho Trinta, naquela época bailarino do Municipal, também começou na Acadêmicos do Salgueiro, sendo levado por Arlindo Rodrigues. A entrada de artistas acadêmicos no carnaval carioca provocou uma revolução estética nos desfiles das escolas de samba.[35] Os quesitos plásticos (fantasias e alegorias), que até então ficavam em segundo plano em detrimento ao samba, bateria e outros quesitos, ganharam grande importância ao receberem maior tratamento visual. Portados de maior conhecimento sobre artes plásticas e cenografia, Pamplona e seus ‘pupilos’ buscaram imprimir maior efeito visual às fantasias e alegorias, introduzindo materiais alternativos como palha, ráfia, raspa de vime, feltro, papel alumínio, sisal, isopor, entre outras fibras.[1] Com o passar do tempo, outras escolas levaram artistas acadêmicos para confeccionar seus desfiles, consolidado a presença de artistas plásticos nos desfiles de escolas de samba.
A Acadêmicos do Salgueiro também inovou nas escolhas dos enredos, homenageando personalidades brasileiras, na época, pouco conhecidas, como Zumbi dos Palmares (em 1960), Chica da Silva (em 1963), Chico Rei (em 1964) e Dona Beija (em 1968). Na época, apenas figuras conhecidas da história nacional eram temas de enredo, herança do patriotismo imposto pelo Estado Novo e que ainda vigorava no carnaval carioca.[36] Em 1957, a escola colocou os afrodescendentes como protagonistas do carnaval, ao realizar o enredo “Navio Negreiro”, sobre a viagem de escravos ao Brasil. A escola criou forte identificação com essa temática, tendo diversos enredos abordando a cultura afro-brasileira.
Foi a primeira escola a fazer um enredo sobre uma personalidade feminina, com “Xica da Silva”, de 1963.[19] Neste mesmo ano, foi a primeira escola a apresentar uma ala de passo marcado. Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, coreografou a ala “o minueto”.[38] Na época, a ideia causou polêmica, mas, com o passar do tempo, o artifício foi utilizado por outras agremiações em seus desfiles.[20] Em 1965, a escola inovou ao apresentar vinte rapazes da comunidade, fantasiados de burrinhas, em sua comissão de frente, lugar tradicionalmente ocupado por integrantes da velha guarda.[39][40]
Fernando Pamplona atribuiu as mudanças na forma de fazer desfile a Nelson de Andrade, presidente da Acadêmicos do Salgueiro que lhe convidou para fazer o desfile da escola em 1960. Segundo Pamplona, Nelson “foi o cara que revolucionou o carnaval. Em vez de cantar ‘capa e espada’ cantou o artista”.[26][41]
Em 1974, outra inovação na construção de um enredo.[21] Misturando realidade e imaginação, “O Rei da França na ilha da assombração” foi o primeiro enredo onírico criado por Joãosinho Trinta.[42] No ano seguinte, o carnavalesco usaria a imaginação para criar mais um enredo fictício, em que as minas do Rei Salomão eram extraídas do Brasil.
A escola também foi uma das responsáveis por uma mudança no gênero de sambas-enredo.[17][43] Numa época de sambas extensos, com letras rebuscadas e melodia cadenciada, a escola apostou em sambas curtos, de letras fáceis e refrões fortes.[44] O primeiro foi “Bahia de todos os deuses”, de 1969. Mas foi em 1971 que a escola conquistou grande êxito, com o samba composto por Zuzuca para o enredo “Festa para um rei negro”.[45] O samba fez sucesso antes mesmo de vencer a disputa na quadra.[46] Foi campeão de vendagem ao ser regravado e lançado como single individual pelo cantor Jair Rodrigues.[47] Fez sucesso no exterior, e virou hino de torcida de futebol.[48] Após o sucesso do samba de 1971, compositores de outras escolas passaram a adotar o novo modelo.[49] Em 1972, a escola Império Serrano foi campeã do carnaval carioca com um samba-enredo nesse novo formato. O fato gerou grande discussão entre os sambistas. Silas de Oliveira, da Império Serrano, por exemplo, abandonara as disputas de samba exatamente por desaprovar esse novo modelo de “samba fácil”.
No carnaval de 1959, em mais um ato de pioneirismo, a Acadêmicos do Salgueiro comunicou à organização dos desfiles que não usaria a corda que separava o público dos desfilantes, embora fosse obrigatório pelo regulamento.[50] Foi a primeira escola a homenagear outra agremiação, com enredo “Nossa madrinha, Mangueira querida”, de 1972.[44] Em 1973, Joãosinho Trinta colocou, pela primeira vez, uma pessoa em cima de um carro alegórico.[2] Também foi a primeira escola a fazer a junção de dois sambas de enredo concorrentes, no ano de 1975.[42]
Presidência
Presidentes | ||
---|---|---|
Nome | Período | Referência |
Paulino de Oliveira | 1955 – 1956 | [51] [7] |
Nelson de Andrade | 1956 – 1958 | |
Manoel Carpinteiro | 1959 – 1960 | |
José Nicolau Nachef | 1961 | |
Mário Pinheiro | 1960 – 1962 | |
Osmar Valença | 1962 – 1976 | |
Euclides Pannar (China Cabeça Branca) | 1976 | |
Moacyr de Carvalho (Moacyr Lord) | 1976 – 1978 | |
Osmar Valença | 1978 – 1981 | |
Sillos de Oliveira | 1981 – 1982 | |
Régis Cardoso | 1982 – 1984 | |
Milton de Souza | 1984 – 1986 | |
Elizabeth Nunes | 1986 – 1988 | |
Miro Garcia | 1988 – 1993 | |
Waldemir Paes Garcia (Maninho) | 1993 – 1994 | |
Paulo César Mangano | 1994 – 2000 | |
Luiz Augusto Laje Duran (Fú) | 2001 – 2008 | |
Regina Celi Fernandes | 2009 – atualmente |
Intérpretes
Na lista de intérpretes com passagens pelo Salgueiro, estão Rico Medeiros, Rixxah, Wander Pires, Nêgo, entre outros. Djalma Sabiá, um dos fundadores da escola, foi o primeiro intérprete da agremiação. O compositor Noel Rosa de Oliveira foi durante 17 anos o intérprete oficial da escola, tendo dividido o posto, em várias ocasiões, com outras personalidades, como o cantor Jorge Goulart (em 1968); a cantora Elza Soares (em 1969); o compositor Zuzuca do Salgueiro (em 1971 e 1972); a cantora Alaíde Costa (em 1973); o então diretor de carnaval e harmonia da escola, Laíla (em 1974 e 1975); o compositor Zé Di (em 1974); e as cantoras Sônia Santos (em 1975) e Dinalva (em 1976).[52] Outro intérprete de destaque da escola foi Melquisedeque Marins Marques, mais conhecido como Quinho.[53] No Salgueiro, Quinho ficou por 19 carnavais, sendo campeão em 1993 (interpretando o samba “Peguei um Ita no Norte”) e em 2009 (conduzindo o samba “Tambor”). Outros intérpretes que passaram pelo Salgueiro como apoio de som, foram Celino Dias (de 1992 a 2000, e de 2004 a 2009) e Emerson Dias (de 1992 a 2000).[54][55]
Carnavais | Intérprete oficial | Referências |
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1956–1957 | Djalma Sabiá | [56][57] |
1958 | Raul Moreno | [58] |
1959 | Djalma Sabiá | [59] |
1960–1977 | Noel Rosa de Oliveira | [52] |
1978–1981 | Rico Medeiros | [60] |
1982 | Zé Di | [61] |
1983 | Rico Medeiros | [60] |
1984 | David Corrêa | [62] |
1985–1986 | Rico Medeiros | [60] |
1987–1989 | Rixxah | [63] |
1990 | Rico Medeiros | [60] |
1991–1993 | Quinho | [53] |
1994 | Quinzinho | [64] |
1995–1999 | Quinho | [53] |
2000 | Wander Pires | [65] |
2001–2002 | Nêgo | [66] |
2003–2010 | Quinho | [53] |
2011–2012 | Quinho, Leonardo Bessa e Serginho do Porto | [53][67][68] |
2013–2014 | Quinho, Leonardo Bessa e Serginho do Porto (Participação Especial: Xande de Pilares) | [53][67][68][69] |
2015–2017 | Leonardo Bessa e Serginho do Porto (Participação Especial: Xande de Pilares) | [67][68][69] |
2018 | Leonardo Bessa, Hudson Luiz, Tuninho Júnior (Participação Especial: Xande de Pilares) | |
2019 – atualmente | Emerson Dias | [70] |
Comissão de frente
Comissão de frente | ||
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Coreógrafo(a) | Período | Referência |
Suzana Braga | 1990 – 1994 | [72] |
Dennis Gray | 1995 | [73] |
Regina Miranda | 1996 – 1998 | [74] |
Beth Oliose e Regina Sauer | 1999 | [75] |
Carlota Portella | 2000 | [76] |
Caio Nunes | 2001 – 2002 | [77] |
Marcelo Misailidis | 2003 – 2007 | [78] |
Hélio Bejani | 2008 – atualmente | [79] |
Mestre-sala e Porta-bandeira
Mestre-sala e Porta-bandeira | ||
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Casal | Período | Referência |
Chico Mangonga e Eni | 1954 | [80] |
Mário e Marina | 1958 | [58] |
Ananias e Eni | 1959 – 1961 | [59] |
Mário e Iolanda | 1963 | [81] |
Agostinho e Maria de Lourdes | 1967 | [82] |
Elcio PV e Estandília | 1968 – 1970 | [83] |
Bira e Marina | 1971 | [84] |
Elcio PV e Estandília | 1972 | [85] |
Agostinho e Celma | 1973 | [86] |
Cheiroso e Marina | 1974 | [87] |
Agostinho e Celina | 1975 | [88] |
Ronaldo e Celina | 1976 | [89] |
Oswaldo e Lourdes | 1977 | [90] |
Ronaldo e Celina | 1978 | [91] |
Peninha e Adriana | 1979 – 1982 | [92] |
Amauri e Rita Freitas | 1983 – 1986 | [93] |
Marquinho e Andréa | 1987 | [94] |
Ronaldinho e Norminha | 1988 | [95] |
Élcio PV e Dóris | 1989 – 1990 | [96] |
Ronaldinho e Rita Freitas | 1991 | [97] |
Vanderli e Taninha | 1992 – 1993 | [98] |
Dionísio e Taninha | 1994 | [72] |
Vanderli e Andréa | 1995 – 1996 | [73] |
Sidcley e Ana Paula | 1997 – 1999 | [99] |
Vanderli e Fernanda | 2000 | [76] |
Ronaldinho e Marcella Alves | 2001 – 2005 | [77] |
Ronaldinho e Rita Freitas | 2006 | [100] |
Ronaldinho e Gleice Simpatia | 2007 – 2010 | [78] |
Sidcley e Gleice Simpatia | 2011 – 2013 | [101] |
Sidcley e Marcella Alves | 2014 – atualmente | [79] |
Bateria
A bateria da Acadêmicos do Salgueiro é denominada “A Furiosa”. É a bateria que mais vezes foi premiada com o Estandarte de Ouro, com um total de nove Estandartes; entre outras premiações.[102] Até o ano de 2004 a Acadêmicos do Salgueiro não possuía rainha de bateria. Mestre Louro acreditava que os ritmistas ficariam desconcentrados com uma mulher desfilando à frente deles. Em 2004, com o desligamento de Louro, Ana Cláudia Soares – esposa de Maninho, o patrono da escola – inaugurou o posto.[103]
Mestres |
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Rainhas |
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Direção
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Harmonia |
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História
Primeiros anos
Em seu primeiro desfile, com o enredo “Romaria à Bahia” em 1954, a Acadêmicos do Salgueiro surpreendeu o público e alcançou a terceira colocação, à frente da Portela.
O primeiro presidente do Salgueiro foi Paulino de Oliveira e nos anos que se seguiram, a escola ousou ao tratar de enredos que colocassem os negros em destaque, e não como figurantes. É exemplo marcante desse novo estilo, Navio Negreiro (1957). Mas foi em 1958, sob a presidência de Nélson Andrade, que a agremiação adotou o lema que traz até hoje: nem melhor, nem pior, apenas uma escola diferente. Foi Nélson Andrade o responsável pela ida do carnavalesco Fernando Pamplona para o Salgueiro, em 1960, dando início a uma grande mudança no visual da escola. Pamplona criou uma equipe formada por ele, o casal Dirceu e Marie Lousie Nery, Arlindo Rodrigues e Nilton Sá, revolucionou a estética dos desfiles das escolas de samba. Essa tendência foi reforçada com a chegada de Fernando Pamplona e, posteriormente, de Arlindo Rodrigues, que resgataram personagens negros que enriqueceram a história do Brasil, embora fossem pouco retratados nos livros escolares, como Zumbi dos Palmares (Quilombo dos Palmares – 1960), Xica da Silva (Xica da Silva – 1963) e Chico Rei (Chico Rei – 1964).
- 1963 – “Xica da Silva”
No primeiro desfile realizado na Avenida Presidente Vargas, a Acadêmicos do Salgueiro foi a nona escola a se apresentar pelo Grupo 1.[81] Mais uma vez a escola optou por homenagear uma personalidade desconhecida do grande público na época, Chica da Silva. A ideia de desenvolver tal enredo partiu do carnavalesco Arlindo Rodrigues. Até mesmo Fernando Pamplona desconhecia a personagem.[123] Arlindo ficou responsável pelo desfile, enquanto Pamplona ajudou a escolher o samba-enredo.[124] Pela primeira vez, na história do carnaval carioca, um enredo foi centrado em uma personalidade feminina.[19] Também pela primeira vez, um desfile de escola de samba apresentava uma ala coreografada.[20] Com perucas, luvas e roupas de época, componentes da escola representavam doze pares de nobres dançando polca. A ala “o minueto” foi coreografada por Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.[20] Na época, a ideia causou polêmica e dividiu opiniões, recebendo críticas de sambistas mais tradicionais.[19] Com o passar do tempo, as coreografias em alas e alegorias foram incorporadas por outras escolas. Isabel Valença, esposa do então presidente Osmar Valença, desfilou como destaque de chão representando Chica da Silva. Sua fantasia ostentava uma peruca de 1,10 metros, e um vestido com cauda de sete metros de comprimento.[125] A luxuosa fantasia de Isabel fez tanto sucesso que ela foi convidada para participar do concurso de fantasias do Teatro Municipal, no ano seguinte, se tornando a primeira mulher negra a vencer o concurso.[125] Isabel desfilaria durante anos como destaque de chão do Salgueiro, sempre ostentando fantasias caras, de luxo. O cineastra Cacá Diegues, que assistiu ao desfile ao vivo, afirmou que a apresentação foi uma das inspirações para dirigir o filme Xica da Silva, rodado em 1976.[125] Ao final de seu desfile, a escola recebeu gritos de “já ganhou”.[38] Na apuração das notas, o favoritismo foi confirmado e a Acadêmicos do Salgueiro conquistou o seu segundo título de campeã do carnaval carioca. Desta vez, sozinha.[126] No ano de 2013, o Jornal Extra recriou o desfile em um show especial em homenagem à Acadêmicos do Salgueiro.[35]
- 1964 – “Chico-Rei”
O enredo de 1964, sobre Chico Rei, foi desenvolvido pelo carnavalesco Fernando Pamplona, e o desfile foi confeccionado por Arlindo Rodrigues.[124] A Acadêmicos do Salgueiro foi a oitava escola a se apresentar pelo Grupo 1 do carnaval carioca.[127] Devido ao sucesso do minueto apresentado no ano anterior, o carnavalesco Arlindo Rodrigues encomendou outras alas coreografadas para o desfile de 1964.[124] Uma das alas, ensaiada pela bailarina Mercedes Baptista, apresentou uma coreografia extensa e excessivamente teatral.[19][124] A ala representava uma passagem da história de Chico Rei, em que ele lava a cabeça numa pia batismal para retirar o pó de ouro escondido no cabelo.[124] Durante o coreografia, integrantes da escola representando escravos, subiam em uma alegoria que representava uma pia de igreja e lavavam a cabeça.[124] O excesso de coreografias atrapalhou a harmonia da escola.[19][124] Na apuração das notas, a escola conquistou o vice-campeonato, apenas um ponto atrás da campeã Portela.[128]
- 1965 – “História do carnaval carioca – Eneida”
Para o carnaval de 1965, ficou decidido que todas as escolas fariam enredos em homenagem à cidade do Rio de Janeiro, que completava 400 anos.[129] De volta ao Brasil, o carnavalesco Fernando Pamplona escolheu o enredo “História do carnaval carioca”, baseado no livro homônimo lançado pela jornalista e escritora Eneida de Moraes. A obra narra os festejos de carnaval pela cidade carioca, passando por várias épocas, relembrando os entrudos, corsos, blocos, cordões, ranchos, as grandes sociedades e as escolas de samba. Foi o primeiro desfile com participação efetiva de Joãosinho Trinta. João Clemente Jorge Trinta já auxiliava no barracão da escola quando foi chamado por Arlindo Rodrigues para desenhar as alegorias do desfile de 1965, sendo apelidado, na época, de “Joãosinho das alegorias”.[124][130] A Acadêmicos do Salgueiro foi a sexta escola a desfilar pelo Grupo 1.[104] A escola foi bem recebida pelo público, sendo saudada com confetes e serpentinas.[124] As irmãs Marinho – Olívia, Mary e Norma – abriram o desfile representando o triângulo amoroso formado por Pierrot, Colombina e Arlequim.[39] Na comissão de frente, posição onde desfilavam integrantes da velha guarda, a escola inovou ao apresentar vinte rapazes da comunidade, vestindo fantasias de burrinhas, confeccionadas de vime e desenhadas por Joãosinho Trinta, representando o cortejo em homenagem à chegada da corte de D. João VI ao Rio de Janeiro – evento considerado o primeiro carnaval da cidade.[3][40] Um calhambeque da década de 1930, ornamentado com flores, representava os corsos. Isabel Valença novamente desfilou representando Chica da Silva.[40] A destaque de chão Paula, representou Tia Ciata. Casais de Mestre-sala e Porta-bandeira portavam pavilhões de outras escolas de samba.[124] O desfile terminou relembrando os carnavais na Praça Onze. Na apuração das notas, o favoritismo da Acadêmicos do Salgueiro foi confirmado, e a escola conquistou o seu terceiro título de campeã do carnaval carioca, com a ampla vantagem de dez pontos de diferença para a vice-campeã Império Serrano.[131]
- 1966 – “Os amores célebres do Brasil”.
Após o campeonato do ano anterior, os carnavalescos Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues se desligaram da escola por desavenças com o então presidente salgueirense, Osmar Valença.[39]Para ocupar a função de carnavalesco, a escola contratou Clóvis Bornay.[124] Sétima escola a se apresentar pelo Grupo 1, a escola não conseguiu o mesmo êxito dos anos anteriores, terminando classificada na 5.ª colocação.[132]
- 1967 – “História da liberdade no Brasil”.
De volta ao Salgueiro, o carnavalesco Fernando Pamplona desenvolveu o enredo “História da liberdade no Brasil”, baseado no livro homônimo do historiador Viriato Correia.[124] Em plena ditadura militar, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) acompanhou de perto os preparativos para o desfile, por várias vezes intimando Pamplona a prestar esclarecimentos sobre o enredo.[39][133] Integrantes da escola tinham medo que o desfile fosse censurado pelo departamento, o que não aconteceu. O enredo abordava o período Colonial até a Proclamação da República, não fazendo menção ao período ditatorial que o país atravessava.[39] Foi a quarta escola a desfilar pelo Grupo 1.[82] O carro abre-alas representou um livro aberto. Durante o desfile, foram lembradas a Inconfidência Mineira, Quilombo dos Palmares, Revolta de Beckman, Guerra dos Emboabas, Revolta de Filipe dos Santos, Guerra dos Mascates, Revolução Pernambucana, Proclamação da Independência e Dia do Fico.[124] Com fantasias floridas, a ala de baianas representou a Conjuração Baiana.[124] Isabel Valença representou Princesa Isabel, no setor referente à Abolição da Escravatura.[124] Na classificação oficial, a escola terminou na 3.ª colocação.
- 1968 – “Dona Beja, a feiticeira de Araxá”.
Sétima escola a desfilar pelo Grupo 1 em 1968, a Acadêmicos do Salgueiro iniciou seu desfile numa manhã chuvosa.[124] Homenageou outra personalidade desconhecida do público na época, Ana Jacinta de São José, conhecida como Dona Beija.[39][83] O enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Fernando Pamplona, baseado no livro homônimo do escritor Thomas Othon Leonardos.[134] Isabel Valença desfilou representando Dona Beija.[135] Na classificação oficial, repetiu a colocação do ano anterior, terminando no 3.º lugar.[136][137]
- 1969 – “Bahia de todos os deuses”.
Em 1969, a Acadêmicos do Salgueiro quebrou o tabu de que desfile sobre a Bahia dá azar, e conquistou o seu quarto título de campeã do carnaval carioca.[138] O enredo foi sugerido pelo carnavalesco Fernando Pamplona, que confeccionou o desfile juntamente com Arlindo Rodrigues.[139] O samba-enredo, composto por Bala e Manuel Rosa, era curto e tinha um refrão de letra fácil: “Zum, zum, zum / Zum, zum, zum / Capoeira mata um!”. Era o início de uma mudança que o gênero sofreria nos anos seguintes. O samba-enredo foi cantado na avenida por Elza Soares, que mais tarde regravaria o samba. A escola foi a oitava a se apresentar pelo Grupo 1, e desfilou com o dia claro.[105] O carro abre-alas era uma grande escultura de Yemanjá, toda coberta de espelho. A luz do sol refletia na escultura espelhada, causando grande efeito visual.[140] O ano de 1969 marcou a estreia de Xangô do Salgueiro na escola. A partir deste ano, até a sua morte, Júlio Machado desfilaria todos os anos como destaque, representando o orixá Xangô.[133] A escola recebeu gritos de “já ganhou!” do público que acompanhava o desfile.[38][141] Na apuração das notas, o favoritismo se confirmou e a Acadêmicos do Salgueiro se sagrou campeã do carnaval carioca de 1969.[142]
Década de 1970
- 1970 – “Praça Onze, carioca da gema”.
A Acadêmicos do Salgueiro foi a sétima agremiação a se apresentar pelo Grupo 1.[143] Tentando o bicampeonato, a escola prestou uma homenagem à Praça Onze, região da Zona Central da cidade do Rio de Janeiro; e reduto dos antigos carnavais da cidade.[144] Isabel Valença desfilou como destaque representando Tia Ciata, e recebeu críticas por sua fantasia extremamente luxuosa não condizer com a personalidade representada por ela.[138] Com esse desfile, a escola conquistou o vice-campeonato do carnaval carioca de 1970.[145]
- 1971 – “Festa para um rei negro”.
Com mais um enredo de temática afro-brasileira, e um samba-enredo popular que provocou uma mudança no gênero, a Acadêmicos do Salgueiro conquistou o seu quinto título de campeã do carnaval carioca.[125][146] Para tal feito, foi montado um competente grupo de trabalho formado por Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta, Maria Augusta, Lícia Lacerda e Rosa Magalhães; todos chefiados por Fernando Pamplona.[133][146] O enredo contava a história de uma visita de nobres africanos a Maurício de Nassau, em Recife. O samba-enredo, composto por Zuzuca, fez grande sucesso antes mesmo de vencer a disputa na quadra da escola.[46][147] Eternizado pelo refrão “O-lê-lê, o-lá-lá / Pega no ganzê / Pega no ganzá”, o samba fez sucesso no Brasil e no exterior e virou hino de torcida de futebol.[48][49] Foi campeão de vendagem ao ser regravado e lançado como single individual pelo cantor Jair Rodrigues.[47][148] O samba de Zuzuca é considerado um marco no gênero, pois devido ao seu sucesso, compositores de outras escolas passaram a investir nesse novo formato de samba curto, com letra fácil e refrão forte, de impacto.[43][125][147] A escola foi a quarta a se apresentar pelo Grupo 1.[84] O público, que já conhecia a letra do samba-enredo, cantou junto com os componentes da escola.[21] Pela primeira vez, Joãosinho Trinta utilizava isopor na confecção dos adereços das fantasias.[146] Estampas africanas, pinturas corporais e muita palha completavam o visual estético do desfile. Na apuração das notas, a Acadêmicos do Salgueiro recebeu apenas duas notas diferentes de dez e conquistou com tranquilidade o seu quinto título de campeã do carnaval carioca.[149]
- 1972 – “Nossa madrinha, Mangueira querida”.
Tentando o bicampeonato para a Acadêmicos do Salgueiro, o carnavalesco Fernando Pamplona propôs um enredo ousado para a época: pela primeira vez no carnaval carioca, uma escola de samba homenagearia outra escola de samba.[133][150] Apesar da Mangueira ser a madrinha da Acadêmicos do Salgueiro e ter ajudado a escola em seu início, alguns componentes da escola tijucana se mostraram reticentes em dedicar um desfile seu a outra agremiação.[146] Polêmica à parte, o desfile foi realizado. A Acadêmicos do Salgueiro foi a última escola a se apresentar no Grupo 1.[85] A comissão de frente da escola desfilou vestida nas cores da homenageada, verde e rosa. Assim como no ano anterior, a escola escolheu o samba-enredo do compositor Zuzuca. O samba, conhecido pelo refrão “Tengo-Tengo / Santo Antônio, Chalé / Minha gente, é muito samba no pé!”, fez muito sucesso e foi regravado por Jair Rodrigues, à exemplo do samba do ano anterior.[21][47] Porém, dessa vez, a estrutura do samba, com três refrões, acabou confundindo o canto dos componentes e prejudicando a harmonia da escola.[151] A escola, apontada como favorita, não obteve o sucesso esperado, se classificando na 5.ª colocação.[152][153] Após o resultado, o carnavalesco Fernando Pamplona foi afastado da agremiação.[146]
- 1973 – “Eneida, amor e fantasia”.
A Acadêmicos do Salgueiro promoveu ao posto de carnavalescos Joãosinho Trinta e Maria Augusta – até então, auxiliares de Fernando Pamplona. A dupla de carnavalescos desenvolveu um enredo sobre a jornalista Eneida de Moraes, morta dois anos antes. A autora escreveu o livro “História do carnaval carioca”, que já havia servido de base para o desfile de 1965, com o qual a escola foi campeã. A Acadêmicos do Salgueiro foi a sexta escola a desfilar no Grupo 1 em 1973.[86] Joãosinho Trinta viajou até o Pará para pesquisar sobre a vida de Eneida.[154] O desfile começava exatamente no Estado do Pará, onde a jornalista nasceu. Foram abordadas as lendas e a culinária paraense, além da procissão do Círio de Nazaré. Os setores seguintes retratavam suas obras literárias e sua paixão pelo carnaval carioca. Neste desfile, Joãosinho Trinta colocou, pela primeira vez, uma pessoa em cima de um carro alegórico.[4] A bateria da escola, comandada pelos irmãos Almir Guineto e Louro, foi premiada com o Estandarte de Ouro. A escola também foi premiada com o Estandarte de Ouro de melhor enredo. O diretor de carnaval, Laíla, também foi premiado com o Estandarte. Na apuração das notas, a escola conquistou a 3.ª colocação.[155]
- 1974 – “O Rei da França na ilha da assombração”.
“O Rei da França na ilha da assombração” marcou uma inovação na criação de enredos. Pela primeira vez no carnaval carioca, foi apresentado um enredo onírico, misturando realidade e imaginação.[42] Foi o primeiro enredo criado pelo carnavalesco Joãosinho Trinta.[42] O desfile foi confeccionado por Joãosinho e Maria Augusta. Pela originalidade do enredo, a escola foi apontada como favorita antes mesmo do desfile.[156] O enredo contava sobre as fantasias que o Rei Luís XIII de França criava em sua mente sobre a Ilha de São Luis do Maranhão. Segundo a sinopse do enredo, a corte francesa planejava invadir o território onde se localiza o Maranhão e estabelecer no local um novo reino da França. Luís XIII, na época com oito anos de idade, começa a imaginar como seria este novo habitat.[157] No delírio do pequeno rei, a sala de espelhos da Côrte Francesa se transforma em floresta, candelabros eram palmeiras, e os nobres do salão seriam indígenas.[87][158] No desfile, também foram abordadas lendas maranhenses que o próprio carnavalesco Joãosinho Trinta – natural do Maranhão – ouvia de sua babá quando era criança.[159] As lendas foram tratadas no enredo como parte da imaginação fértil de Luís XIII.[160] Curiosamente, Joãosinho Trinta faria um enredo semelhante em 2002, na escola de samba Grande Rio. Porém, contando as lendas maranhenses sob a visão dos moradores locais.[161] A Acadêmicos do Salgueiro foi a quarta escola a se apresentar na Avenida Presidente Antônio Carlos.[87] Como a escola encontrava-se com dificuldades financeiras, o carnavalesco utilizou materiais baratos como isopor, papel alumínio, feltro e madeira.[21] Isabel Valença desfilou como destaque, representando a Rainha regente Maria de Médici, mãe de Luís XIII. A Acadêmicos do Salgueiro foi agraciada com os prêmios Estandarte de Ouro de melhor escola, e de melhor enredo do ano. Na apuração das notas, o favoritismo foi confirmado e a escola conquistou o seu sexto título de campeã do carnaval carioca.[162]
- 1975 – “O segredo das minas do Rei Salomão”.
A Acadêmicos do Salgueiro foi a décima escola a se apresentar na Avenida Presidente Antônio Carlos.[88] Após o sucesso do enredo do ano anterior, o carnavalesco Joãosinho Trinta resolve ousar ainda mais em seu novo enredo. Além de misturar ficção e realidade, o carnavalesco ainda consegue uma forma de burlar a proibição a temas estrangeiros.[159] Como na época eram proibidos temas sobre cultura estrangeira, Joãosinho se baseou na teoria que discute a presença de fenícios no Brasil, para contar a história das Minas de Rei Salomão.[163] A escolha causou polêmica, e o carnavalesco precisou explicar nas emissoras de rádio e televisão que o enredo tinha base histórica e não se tratava de um tema estrangeiro.[42] Segundo a teoria, a frota de Rei Salomão esteve na Amazônia, entre 993 e 960 a.C.[164] Utilizando-se dessa brecha, Joãosinho criou um enredo em que navegadores fenícios chegavam à selva brasileira e eram recebidos por amazonas, que acreditavam que eles fossem semideuses. Após a “grande noite de amor e festa de prazer das Amazonas”, os navegadores partiam levando as riquezas minerais e pedras preciosas da região que, segundo o enredo, seriam as minas do Rei Salomão.[88] Em mais um ato de pioneirismo da escola, pela primeira vez no carnaval carioca, houve a junção de dois sambas de enredo concorrentes.[42] O diretor de carnaval, Laíla, resolveu unir trechos de duas obras que estavam na disputa para ser o samba oficial do ano.[42] Polêmica na época, com o passar do tempo outras escolas e o próprio Salgueiro, realizariam outras junções. Na época, a escola encontrava-se em crise financeira e sem quadra. Para fazer o desfile, Joãosinho utilizou sucatas que, com muita criatividade, foram usadas na confecção de pirâmides, palácios e tesouros.[165] Os materiais utilizados causaram grande efeito visual.[21] Isabel Valença desfilou como destaque, representando a Rainha de Sabá. A escola foi aplaudida pelo público e recebeu gritos de “já ganhou!”.[21] A bateria da escola, comandada por Mestre Louro, foi premiada com o Estandarte de Ouro. Apesar da polêmica em torno do enredo, a Acadêmicos do Salgueiro ganhou nota dez no quesito e conquistou o seu sétimo título de campeã do carnaval carioca.[166] Foi o último carnaval de Joãosinho Trinta na escola. Após a conquista, o carnavalesco, juntamente com o diretor Laíla, se transferiram para a escola de samba Beija-Flor.
- 1976 – “Valongo”.
Após o bicampeonato conquistado no ano anterior, o carnavalesco Joãosinho Trinta foi contratado pela escola de samba Beija-Flor, onde foi tricampeão entre 1976 e 1978, conquistando a marca histórica de cinco títulos consecutivos.[42] Para tentar o tricampeonato, a Acadêmicos do Salgueiro retomou os seus enredos de temática afro-brasileira. O carnavalesco Edmundo Braga desenvolveu um enredo sobre o Cais do Valongo, localizado na Zona Portuária do Rio de Janeiro, e que serviu para desembarque e comercialização de escravos vindos da África durante o século XIX.[167] A escola foi a sétima agremiação a se apresentar na Avenida Presidente Vargas, e terminou classificada na 5.ª colocação.[89][168]
- 1977 – “Do Cauim ao Efó, com moça branca, branquinha”.
O carnavalesco Fernando Pamplona foi convidado pelo então presidente da Acadêmicos do Salgueiro, Euclides Pannar (China Cabeça Branca), para retornar à escola. Meses mais tarde, em dezembro de 1976, Euclides foi morto assassinado.[169] Para o carnaval de 1977, Pamplona desenvolveu o enredo “Do Cauim ao Efó, com moça branca, branquinha“, sobre a culinária brasileira e a cachaça. “Moça branca” e “branquinha” são alcunhas para cachaça.[170] A ideia de Pamplona era fazer um desfile alegre e irreverente.[171] A escola foi a nona a desfilar na Avenida Presidente Vargas.[90] O início do desfile abordou o ciclo da cana-de-açúcar no Brasil. Nos setores seguintes, foram representadas as comidas brasileiras, o frango assado – uma das iguarias preferidas de Dom João VI, o churrasco gaúcho, o Mercado Ver-o-Peso, o Mercado Modelo, bares e restaurantes, o chope, etc. Os ritmistas da bateria, comandada pelos Mestres Louro e Arengueiro, desfilaram vestidos de cozinheiros. Isabel Valença desfilou como destaque, representando “moça branca”, a cachaça; e foi premiada com o Estandarte de Ouro. Com esse desfile, a Acadêmicos do Salgueiro conquistou a 4.ª colocação.[172]
- 1978 – “Do Yorubá à luz, a aurora dos deuses”.
O carnavalesco Fernando Pamplona desenvolveu um enredo sobre a mitologia iorubá. O enredo foi escolhido por Pamplona propositalmente para desafiar a escola Beija-Flor, que apresentaria o mesmo tema, sob o comando de Joãosinho Trinta.[173] A escola de Nilópolis se saiu melhor no “desafio”, conquistando o tricampeonato. A Acadêmicos do Salgueiro terminou na 6.ª colocação, a uma posição do rebaixamento.[174] Este foi o último carnaval de Fernando Pamplona na escola. A Acadêmicos do Salgueiro foi a quarta agremiação a se apresentar na Avenida Marquês de Sapucaí.[91] A escola desfilou com três carros alegóricos, representando, respectivamente: uma floresta, Oxumaré e Yemanjá. Grandes bonecos representavam entidades iorubanas. O samba-enredo, composto por Renato de Verdade, foi premiado como o melhor do ano pelo Estandarte de Ouro.
- 1979 – “O reino encantado da mãe natureza contra o reino do mal”.
Com a saída definitiva de Fernando Pamplona da Acadêmicos do Salgueiro, a escola iniciaria um período de muitas trocas de carnavalesco. O desfile de 1979 foi desenvolvido pelo jornalista Ivan Jorge e confeccionado por Stoessel Cândido. O Salgueiro foi a quinta escola a se apresentar no único dia de desfiles do grupo principal, denominado “1A”.[92] O enredo, de cunho ecológico, contava sobre uma fictícia batalha entre a natureza e o “reino do mal”, simbolizado por males como a poluição, a seca e a peste.[175] A comissão de frente foi formada por crianças.[176] O primeiro setor do desfile apresentava “o reino encantado da mãe natureza”. Um carro alegórico giratório, com diversos pavões coloridos, simbolizava a mãe natureza. O segundo setor do desfile representava “a invasão do mal”, com alas simbolizando as queimadas, a poluição e as pragas. O final do desfile simbolizava o futuro. Com roupa branca e carregando ramos de flores nas mãos, as baianas representavam o reflorescimento. Apesar da correção no tratamento do tema, a escola fez um desfile “frio”, sem empolgar o público.[177] Com esse desfile, a Acadêmicos do Salgueiro terminou na 6.ª colocação do grupo principal.[178]
Década de 1980
- 1980 – “O bailar dos ventos. Relampejou, mas não choveu”.
Para confeccionar o desfile de 1980, a Acadêmicos do Salgueiro contratou o carnavalesco Max Lopes, que sugeriu um enredo sobre o compositor Lamartine Babo.[179] Max chegou a desenvolver o enredo e desenhar as fantasias e alegorias.[179] Porém, durante a preparação para o desfile, o presidente Osmar Valença reassumiu a direção da escola e demitiu o carnavalesco.[179] O enredo foi considerado fraco por Osmar, e também foi trocado.[179] Curiosamente, no ano seguinte, a escola Imperatriz Leopoldinense seria campeã com uma homenagem a Lamartine Babo. Osmar Valença contratou o carnavalesco Ney Ayan, que junto a Jorge Nascimento, desenvolveu um enredo em homenagem à Iansã, orixá dos raios e dos ventos.[179] A escola foi a quarta a se apresentar no primeiro dia de desfiles do Grupo 1A.[180] Os carnavalescos receberam críticas por confeccionarem um desfile multicolorido, sem destacar as cores da escola.[179] Na classificação oficial, a Acadêmicos do Salgueiro terminou na 3.ª colocação, porém, ficou atrás de seis escolas, já que três agremiações empataram na primeira colocação e outras três empataram no segundo lugar.[181]
- 1981 – “Rio de Janeiro”.
Com um enredo desenvolvido pelo carnavalesco Geraldo Sobreira, a Acadêmicos do Salgueiro homenageou a cidade do Rio de Janeiro. O desfile ocorreu exatamente no dia de aniversário da cidade (1.º de março). A escola foi a sétima a se apresentar no primeiro dia de desfiles.[182] O primeiro setor do desfile fez referência à fundação da cidade. O segundo setor representou o período colonial, com referências ao pintor francês Debret, que esteve no Rio de Janeiro em meados do século XIX. Outro setor fazia referência ao período imperial, com uma alegoria representando uma carruagem sendo puxada por cavalos. Isabel Valença desfilou como destaque na alegoria, representando a Marquesa de Santos. Outra alegoria, com as bandeiras dos times cariocas, representava o futebol. O Teatro Municipal do Rio de Janeiro também foi representado em uma alegoria. A última alegoria, em formato de bolo, tinha Elke Maravilha como destaque. Com esse desfile a Acadêmicos do Salgueiro conquistou a 6.ª colocação do Grupo 1A.[183]
- 1982 – “No reino do faz de conta”.
No ano de 1982, a Acadêmicos do Salgueiro apresentou um enredo sobre lendas e mitologias. O enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco José Felix. Fragilizada com problemas internos e dificuldades financeiras, a Acadêmicos do Salgueiro não realizou um bom desfile.[184] A escola foi a quinta a se apresentar no primeiro dia de desfiles do Grupo 1A.[185] O carro abre-alas representava um castelo, e tinha efeito giratório. Também foram representados no desfile, o “Reino de Ouro”, “Reino de Prata”, “Reino Brilhante”, “Reino das Águas”, “Reino De Xangô”, “Reino da Magia”, “Reino das Fadas”, “Reino do Faz de conta” e “Reino do Pássaro de cristal”.[185] Devido aos problemas financeiros, a escola apresentou poucas alegorias.[184] A Porta-bandeira Adriana foi premiada com o Estandarte de Ouro.[186] Na classificação oficial, a Acadêmicos do Salgueiro terminou no 8.º lugar, até então, a pior colocação de sua história.
- 1983 – “Traços e troças”.
Através de uma ideia do diretor Augusto César Vannucci, a Acadêmicos do Salgueiro decidiu homenagear a prática de caricatura e homenagear os cartunistas do país.[187] A escola ainda sofria dificuldade para encontrar um carnavalesco. O artista José Luiz Rodrigues chegou a desenhar as fantasias e alegorias para o desfile, porém se desligou da escola muito antes do carnaval.[188] O presidente da escola, Régis Cardoso, preferiu não contratar outro carnavalesco, cuidando, ele próprio, dos preparativos para o desfile.[188] A escola foi a sétima a se apresentar no primeiro dia de desfiles.[93] A comissão de frente foi formada por atrizes famosas, como Susana Vieira, Marília Pêra e Lady Francisco.[184] As atrizes vestiam figurino vermelho, desenhado pelo cartunista Lan. O abre alas era uma representação do Pão de Açúcar, de onde surgia a caricatura do então governador fluminense Leonel Brizola. A escola apresentou poucas alegorias, preferindo utilizar estandartes com frases escritas, reflexo da crise financeira que a escola atravessava.[188] Na classificação oficial, a escola repetiu a 8.ª colocação do ano anterior.
- 1984 – “Skindô, Skindô”.
No primeiro ano do Sambódromo da Marquês de Sapucaí, a competição foi dividida em dois dias, desfile de domingo e desfile de segunda, sendo que cada dia teria sua escola campeã e as melhores classificadas disputariam o Supercampeonato no sábado posterior. A Acadêmicos do Salgueiro foi a quarta escola a se apresentar no primeiro dia de desfiles do Grupo 1A.[106] A escola apresentou o enredo “Skindô, Skindô”, baseado em um show produzido por Haroldo Costa, denominado “Na Pista do Samba”, e que abordava a influência da cultura negra na formação da música brasileira. De volta ao Salgueiro, o carnavalesco Arlindo Rodrigues encontrou dificuldades financeiras para realizar o carnaval da escola.[189][190] O samba-enredo fez sucesso junto ao público, porém não rendeu o esperado no desfile, propiciando uma apresentação “morna”.[184] Causou polêmica a decisão do diretor de carnaval Laíla de destituir o diretor de bateria, Mestre Louro, a poucas semanas do desfile.[189][190] O fato causou mal estar entre os ritmistas, que ameaçaram não desfilar.[189][190] A situação foi contornada e o próprio Louro integrou a bateria da escola, tocando tamborim.[189][190] Mestre Louro e a bateria da escola foram premiados com o Estandarte de Ouro. O primeiro casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Amauri e Rita Freitas, conquistou nota máxima dos jurados.[191] O samba-enredo também recebeu nota máxima do júri.[191] Com esse desfile, a Acadêmicos do Salgueiro conquistou a 4.ª colocação do desfile de domingo, não se classificando para disputar o Supercampeonato.
- 1985 – “Anos Trinta, Vento Sul – Vargas”.
Completando dez anos sem vencer o carnaval carioca, a Acadêmicos do Salgueiro decidiu homenagear Getúlio Vargas e o Estado Novo para tentar acabar com o jejum de títulos. A escolha do enredo causou polêmica. O ex-carnavalesco salgueirense Fernando Pamplona, que comentava o desfile ao vivo pela Rede Manchete, acusou a escola de trair sua tradição de “cantar a liberdade” ao homenagear um “ditador”.[192][193] A escola foi a quarta a desfilar na primeira noite de desfiles do Grupo 1A.[107] O desfile foi confeccionado pelos carnavalescos Edmundo Braga e Paulino Espírito Santo. A comissão de frente foi formada por integrantes da velha guarda, entre eles Haroldo Costa, vestindo fraque e cartola. O carro abre-alas apresentava o busto de Getúlio Vargas. O Palácio das Águias, antiga sede da Presidência, foi representado em uma alegoria com vários destaques com fantasias de luxo confeccionadas por Clóvis Bornay. O enredo abordou as paisagens e tradições do Rio Grande do Sul – terra natal de Getúlio – e fez referências à criação da Petrobras, a criação das leis trabalhistas e ao suicídio do Presidente.[193] A Porta-bandeira Rita Freitas e a passista Narcisa Macedo foram premiadas com o Estandarte de Ouro. Na classificação oficial, a Acadêmicos do Salgueiro terminou na 6.ª colocação.[194]
- 1986 – “Tem que se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso – Tributo a Fernando Pamplona”.
Em 1986, a Acadêmicos do Salgueiro prestou uma homenagem a Fernando Pamplona, relembrando os doze carnavais realizados pelo carnavalesco na escola. O título do enredo é uma frase do próprio Pamplona.[195] A ideia do enredo foi oferecida por Anescarzinho, compositor da escola.[196] Pamplona, que na época comentava os desfiles pela Rede Manchete, foi contra a homenagem e não participou do desfile, apesar de comentar normalmente a apresentação pela rede de televisão.[195] O desfile foi confeccionado pelos carnavalescos Ney Ayan, Mário Monteiro e Yarema Ostrower. A escola foi a sexta a se apresentar na segunda noite de desfiles.[118] A comissão de frente foi formada por amigos de Pamplona, entre eles: Arlindo Rodrigues, Maria Augusta, Haroldo Costa e Albino Pinheiro. Todos vestiam fraque e cartola nas cores da escola, vermelho e branco. A comissão se apresentou para Fernando Pamplona, que estava cobrindo o desfile ao vivo, pela Rede Manchete. Pamplona se emocionou e achou graça do amigo Arlindo Rodrigues participando da comissão.[195] O carro abre-alas era a escultura de uma grande cartola vermelha. A cantora Joanna desfilou como destaque em cima da alegoria. Cada setor do desfile fazia referência a um carnaval de Pamplona. Com fantasias trabalhadas em palha e tons dourados, a ala das baianas representava o desfile de 1978 (“Do Yorubá à luz, a aurora dos deuses”). A escola teve problemas em uma de suas alegorias, o que prejudicou a evolução dos componentes, tendo que “correr” no final do desfile.[195] O samba-enredo não empolgou o público, apesar da boa condução do intérprete Rico Medeiros.[196] A bateria da escola, comandada por Mestre Louro, recebeu nota máxima dos jurados.[197] O primeiro casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Amauri e Rita Freitas, também conquistou nota máxima do júri e ambos foram premiados com o Estandarte de Ouro.[197] Na classificação oficial, a Acadêmicos do Salgueiro repetiu a 6.ª colocação do ano anterior.
- 1987 – “E por que não?”
Para o ano de 1987, a escola novamente trocaria os seus carnavalescos. Renato Lage, que começara sua carreira no carnaval carioca como auxiliar de Fernando Pamplona, na Acadêmicos do Salgueiro, estava de volta à escola. Ele assinara o desfile de 1987 ao lado de sua esposa (na época), Lilian Rabelo.[198] O enredo fazia várias indagações, pensando em mudanças e transformações para um futuro melhor.[199] A escola foi a quinta a se apresentar na primeira noite de desfiles do Grupo 1.[94] Doze mulheres formavam a comissão de frente. O carro abre-alas representava a própria escola Acadêmicos do Salgueiro. Duas personalidades importantes na história da escola desfilaram como destaque na alegoria, Isabel Valença e Xangô do Salgueiro. A alegoria “aeroplano supersônico” apresentava uma réplica carnavalizada do 14-bis, lembrando que o desejo de voar era um sonho que foi concretizado. Outra alegoria representava uma nave espacial, com luzes led, faróis de carro e acabamento em espelho. Uma bem-humorada alegoria, intitulada “o polvo no poder”, trazia as esculturas dos presidentes do Brasil (José Sarney) e dos Estados Unidos (Ronald Reagan) presos nos tentáculos de um polvo. Um carro alegórico transformava as usinas atômicas em usinas harmônicas. Outro elemento alegórico representava um tanque de guerra com o cano do canhão amarrado com um nó. A ala das baianas representou a divindade da transformação. Uma alegoria representando uma grande pomba branca, simbolizava um pedido pela paz. A bateria da escola, comandada por Mestre Louro, recebeu nota máxima dos jurados.[200] Foi a estreia de Rixxah como intérprete oficial de escola de samba. Com esse desfile, a Acadêmicos do Salgueiro conquistou a 5.ª colocação.
- 1988 – “Em busca do ouro”.
Primeiro trabalho de Chico Spinoza no carnaval carioca. O estreante carnavalesco cuidou dos figurinos, enquanto o experiente cenógrafo Mário Monteiro ficou responsável pelas alegorias.[201]Com o dia amanhecendo, a Acadêmicos do Salgueiro foi a sétima e penúltima escola a se apresentar no primeiro dia de desfiles do Grupo 1.[95] O enredo abordou a busca do homem pelo ouro. A comissão de frente foi formada por quinze integrantes da velha guarda da escola, todos vestidos de dourado, simbolizando o ouro. O carro abre-alas simbolizava moedas de ouro empilhadas. Uma grande moeda giratória trazia escrito o lema da escola. Logo após, alas e alegorias referenciavam o mito do Rei Midas, que transformava em ouro tudo o que tocava. O ciclo do ouro no Brasil foi lembrado em uma alegoria que representava o barroco mineiro. O ciclo do café, considerado o ouro nacional, também foi lembrado. A alegoria que representava Serra Pelada trazia trinta componentes caracterizados como garimpeiros. A bateria, comandada por Mestre Louro, representou os guardiões do ouro. Não foi um bom ano para a bateria da escola, que não recebeu nota dez dos jurados.[202] Uma alegoria em forma de bolo, representava as comemorações de bodas de ouro. O desfile também abordou a busca pelo ouro no esporte, nas artes e no carnaval, com as medalhas de ouro, os discos de ouro e o Estandarte de ouro – respectivamente. A cantora Joanna desfilou no tripé que representava os discos de ouro. Os cantores Ângela Maria e Cauby Peixoto desfilaram no tripé que representava a era de ouro das rádios. Outros famosos como Eri Johnson, Giulia Gam, Rômulo Arantes, Norma Bengell e Isadora Ribeiro, também participaram do desfile.[201] O carnavalesco Arlindo Rodrigues, morto no ano anterior, foi homenageado em um tripé com o inscrito “Arlindo Rodrigues – Carnavalesco de Ouro”. A ala das baianas causou grande impacto com suas fantasias nas cores preto e dourado, representando o ouro negro (petróleo).[201] A ala foi premiada com o Estandarte de Ouro. O Mestre-sala Ronaldinho também foi premiado com o Estandarte de Ouro. O desfile foi encerrado por uma alegoria em formato de galinha, intitulada “Brasília, galinha dos ovos de ouro”, uma crítica à política econômica do país. Uma junção de dois sambas deu origem ao samba-enredo da escola. O intérprete Rixxah foi um dos compositores do samba. Com esse desfile, a escola conquistou a 4.ª colocação.
- 1989 – “Templo negro em tempo de consciência negra”.
Em mais uma troca de carnavalesco, a escola contratou Luiz Fernando Reis, que contou com a ajuda do figurinista Flávio Tavares para a confecção do desfile de 1989. O enredo relembrava os desfiles de temática afro-brasileira da Acadêmicos do Salgueiro.[203] O carnavalesco Luiz Fernando Reis apresentou um desfile diferente de seus anteriores, onde abusava do deboche e da descontração.[204] O carnavalesco imprimiu uma abordagem séria, apesar de dar continuidade ao seu estilo crítico, questionando, por exemplo, a abolição da escravatura.[205] Com o dia claro, a escola foi a oitava e penúltima a se apresentar na “primeira noite” do Grupo 1.[96] A comissão de frente foi formada por integrantes da velha-guarda da escola, que representaram os guardiões do Templo Negro. O carro abre-alas representava o Templo Negro, com esculturas de panteras negras. A cantora Watusi desfilou como destaque na alegoria, representando uma sacerdotisa. O segundo carro alegórico, “Navio Negreiro”, fazia referência ao desfile de 1957. A alegoria representava um navio, todo forrado em lamê dourado e com uma escultura prateada de Yemanjá à frente do carro. A terceira alegoria, “Portais de Palmares” referenciava o desfile campeão de 1960, “Quilombo dos Palmares”. O ator Antonio Pitanga desfilou como destaque na alegoria, representando Zumbi. Um tripé representava o desfile campeão de 1963, sobre Chica da Silva. Após o tripé, dezenas de casais de adolescentes reproduziram a clássica “ala do minueto”, que fez sucesso no desfile de 1963, por ser a primeira ala coreografada do carnaval carioca.[19] No quarto carro alegórico, “Jardins de Xica”, Isabel Valença desfilou como destaque representando Chica da Silva, personagem que também representou no desfile campeão de 1963. A alegoria seguinte fazia referência ao desfile de 1964, sobre Chico Rei. A primeira ala de baianas, com fantasias nas cores branco e prata, antecedia a alegoria “Bahia Negra”, nas mesmas cores, em referência ao desfile campeão de 1969, sobre a Bahia. A bateria, comandada por Mestre Louro, desfilou representando guerreiros africanos, e recebeu nota máxima dos jurados.[206] Um tripé representava o desfile campeão de 1971, “Festa para um rei negro”. Outra alegoria fazia referência ao desfile de 1976, “Valongo”, com correntes e pombas brancas. Referenciando os desfiles de 1978 (“Do Yorubá à luz, a aurora dos deuses”) e de 1980 (“O bailar dos ventos. Relampejou, mas não choveu”), alas, tripés e alegorias, representavam orixás como Exú, Iansã, Xangô, Ogum, Oxóssi, Oxumarê e Oxalá. O último setor do desfile exaltou a luta negra pela liberdade. Um tripé representou João Cândido. O carro “consciência negra” apresentava uma escultura de escrava Anastácia se libertando da mordaça. Um tripé representava Zumbi dos Palmares. A segunda ala das baianas representava a “elegância negra”. Após um início lento, a escola teve que “correr” no final do desfile para não estourar o tempo limite, conseguindo encerrar sua apresentação a um minuto do tempo limite permitido.[205] O contingente da escola, beirou os cinco mil componentes, o que contribuiu para atrasar a evolução.[204] O intérprete oficial Rixxah e as baianas da Acadêmicos do Salgueiro foram premiados com o Estandarte de Ouro. Na classificação oficial, a escola terminou na 5.ª colocação. No desfile das campeãs, integrantes da escola protestaram contra o resultado, exibindo uma faixa com o escrito: “Nem melhor, nem pior. Apenas roubado” – uma paródia ao lema da escola[204][207]
Década de 1990
- 1990 – “Sou amigo do rei”.
Rosa Magalhães, que iniciou sua carreira no carnaval carioca como auxiliar de Fernando Pamplona na Acadêmicos do Salgueiro, voltava à escola como carnavalesca titular da agremiação.[208] A escola foi a sétima a se apresentar na primeira noite de desfiles do Grupo Especial.[119] O enredo contava histórias e lendas do Rei Carlos Magno e seus cavaleiros, denominados “os doze pares da França”. As histórias do Rei viraram livros e influenciaram a origem de festejos folclóricos populares como a congada, a cavalhada e a folia de reis.[209] A escola foi premiada com o Estandarte de Ouro de melhor enredo do ano. A comissão de frente, coreografada por Suzana Braga, representava cavaleiros medievais, e também foi premiada com o Estandarte de Ouro, além de receber nota máxima dos jurados.[210] O carro abre-alas apresentava quatro grandes esculturas de cavalos, com destaques femininos em cima. Coroas e brasões da Idade Média decoravam a alegoria. A bateria, comandada por Mestre Louro, desfilou com fantasias inspiradas na congada, e recebeu nota máxima do júri oficial.[210] O samba-enredo também conquistou nota máxima dos jurados.[210] O samba foi conduzido pelo intérprete Rico Medeiros. Na classificação oficial, a escola conquistou a 3.ª colocação.
- 1991 – “Me masso se não passo pela Rua do Ouvidor”.
A Acadêmicos do Salgueiro foi a sexta escola a se apresentar na segunda noite de desfiles do Grupo Especial, no ano de 1991.[97] A carnavalesca Rosa Magalhães desenvolveu um enredo sobre a Rua do Ouvidor, logradouro localizado no Centro, na cidade do Rio de Janeiro. A escola apresentou um desfile alegre, de fantasias e alegorias coloridas e de fácil leitura.[211][212] A comissão de frente, coreografada por Suzana Braga, representou os mestres de cerimônia do teatro francês e recebeu nota máxima dos jurados.[213] O carro abre-alas simbolizava um barco, com um dragão à sua frente. Uma alegoria com livros e destaques representando personagens de histórias infantis fazia referência às livrarias da rua. Outra alegoria, cheia de bolos e tortas, representava as confeitarias. As joalherias foram representadas em um carro alegórico cheio de jóias e relógios. Os destaques da alegoria representavam jóias preciosas. O intérprete Quinho, saído da União da Ilha, fez sua estreia como intérprete oficial da Acadêmicos do Salgueiro. A escola recebeu dois prêmios Estandarte de Ouro: de melhor enredo do ano, e de melhor Porta-bandeira (para Rita Freitas). Na classificação oficial, a Acadêmicos do Salgueiro conquistou o vice-campeonato do carnaval carioca de 1991, sua melhor colocação desde o campeonato de 1975.[214]
- 1992 – “O negro que virou ouro nas terras do Salgueiro”.
Após o vice-campeonato do ano anterior, a carnavalesca Rosa Magalhães trocou a Acadêmicos do Salgueiro pela Imperatriz Leopoldinense. De volta ao Salgueiro, Flávio Tavares desenvolveu o enredo sobre a história do café, e desenhou as fantasias, porém, se desligou da escola meses antes do desfile.[215] O cenógrafo e figurinista Mário Borriello assumiu o carnaval da agremiação, mantendo o enredo e o desenho das fantasias, redesenhando apenas as alegorias.[216] Foi a estreia de Mário como carnavalesco. A Acadêmicos do Salgueiro foi a sexta escola a se apresentar na primeira noite de desfiles.[98] Na comissão de frente, coreografada por Suzana Braga, integrantes portando um bastão simulavam o movimento de socar o café no pilão. As alegorias traziam esculturas caricaturais do cartunista Stil, numa opção do carnavalesco Mário Borriello de dar um tom irreverente e bem humorado ao desfile.[215] O carro abre-alas trazia a escultura de um grande preto velho socando um pilão de café, assim como versava o refrão principal do samba-enredo: “Soca no pilão / Preto velho mandingueiro / O negro que virou ouro / Lá nas terras do Salgueiro”.[217] O samba ganhou nota máxima dos jurados.[218] A bateria, comandada por Mestre Louro, representava os soldados do Império, e também ganhou nota máxima do júri oficial.[218]Com esse desfile, a escola conquistou a 4.ª colocação.
- 1993 – “Peguei um Ita no Norte”.
Após 17 anos sem títulos, a Acadêmicos do Salgueiro conquistou o seu oitavo campeonato com um desfile considerado “arrebatador”.[22][23][125][219] O enredo do carnavalesco Mário Borriello foi inspirado na canção “Peguei um Ita no Norte”, do cantor e compositor baiano Dorival Caymmi; e falava sobre uma viagem costeira entre Belém e Rio de Janeiro, abordando as culturas e tradições dos lugares por onde o Ita passava.[219] “Ita” era o nome que se dava aos navios que faziam viagem entre o Norte e o Sul do Brasil, na primeira metade do século XX, e que tinham nomes em tupi-guarani iniciados pela sílaba “ita”, como: Itaquatirara, Itaipu, Itajubá, Itapé, entre outros.[220] A escola foi a terceira a desfilar na segunda noite de apresentações do Grupo Especial.[120] A comissão de frente, coreografada por Suzana Braga, representou os “oficiais do Ita”. Os componentes evoluíam com bandeiras nas cores da escola. Com vários barquinhos, o carro abre-alas representou a “festa do Círio de Nazaré”. As alas seguintes ao abre-alas representavam tradições e costumes de Belém, local do ponto de partida do Ita. Foram representados os fiés da procissão do Círio de Nazaré, os vendedores de peixe no Mercado Ver-o-Peso e os vendedores de pássaros. A segunda alegoria representou a partida do Ita. A triatleta Fernanda Keller desfilou como destaque na alegoria. A terceira alegoria representava o mar, com uma escultura de Yemanjá. O quarto carro alegórico tinha um boi-bumbá, representando a primeira parada do navio, em São Luís do Maranhão. A quinta alegoria representava a chegada ao Ceará. A sexta alegoria representava Natal, com dunas de areia e moinhos de vento. O sétimo carro alegórico, “Riquezas da cultura pernambucana”, fazia referência ao Maracatu. A oitava alegoria representou as “tradições populares de Alagoas”. O nono carro alegórico simbolizou o sertão de Sergipe, com representações de Lampião e Maria Bonita. A alegoria seguinte representou a chegada à Bahia, com a escultura de uma grande baiana cercada por representações de orixás. A penúltima alegoria, “Cidade Maravilhosa”, representava a chegada dos imigrantes ao Rio de Janeiro. A última alegoria, “Explode Coração”, trazia crianças sobre uma representação da Praça da Apoteose, saudando o carnaval carioca. A escola terminou seu desfile aos gritos de “é campeã”.[125] O grande destaque do desfile foi o samba-enredo composto por Demá Chagas, Arizão, Celso Trindade, Bala e Guaracy.[221] O público presente no Sambódromo cantou em coro o popular samba-enredo, conhecido pelo refrão “Explode coração / Na maior felicidade / É lindo o meu Salgueiro / Contagiando, sacudindo essa cidade”.[221] Anos após o desfile, o samba ainda faz muito sucesso.[222] É hino de diversas torcidas de futebol pelo país, sendo muito cantado nos estádios de futebol.[223] Nos anos posteriores, a escola apostou em sambas neste mesmo molde, porém não obteve o mesmo sucesso.[224][225] O desfile entrou para a história do carnaval carioca especialmente pela reação do público, cantando o samba e aplaudindo a escola durante toda a apresentação.[125][224][226] Um raro momento, poucas vezes visto na Sapucaí.[23][225][226] A escola recebeu quatro prêmios Estandarte de Ouro: de melhor escola, de melhor enredo, de melhor ala das crianças, e de melhor bateria. Na apuração do resultado oficial, a Acadêmicos do Salgueiro perdeu apenas meio ponto, no quesito “Harmonia”.[227] A escola confirmou o favoritismo, conquistando o seu oitavo título de campeã do carnaval carioca.
- 1994 – “Rio de lá pra cá”.
Tentando o bicampeonato, a Acadêmicos do Salgueiro escolheu a cidade do Rio de Janeiro como enredo. Durante a preparação para o carnaval de 1994, os presidentes da escola – Miro e Maninho – foram presos durante uma operação em que vários bicheiros foram detidos – incluindo presidentes de outras escolas.[228] O carnavalesco Roberto Szaniecki fez sua estreia na escola, substituindo o carnavalesco campeão do ano anterior, Mário Borriello. Quinho também deixou a escola, sendo substituído pelo intérprete Quinzinho. O samba-enredo, dos mesmos compositores de “Peguei um Ita no Norte”, agradou ao público, sendo bem cantado durante o desfile.[229] A escola foi a sexta agremiação a se apresentar na segunda noite de desfiles. A Comissão de frente, coreografada por Suzana Braga, representava uma mistura de franceses com índios tamoios, os “françoios”. O carro abre-alas, “Heráldica Carioca”, trazia o brasão da cidade. Durante o desfile foram lembradas a fundação da cidade, o Rio Colonial, a boemia, a high society carioca, as festas, religiões e futebol.[230] O Mestre-sala Vanderli sofreu uma torção no joelho a um mês do desfile e foi substituído pelo segundo Mestre-sala da escola, Dionísio, em par com Taninha. O casal desfilou de máscaras, representando Pierrot e Colombina. Ele de branco, ela de vermelho. A bateria, comandada por Mestre Louro, desfilou fantasiada de Arlequins e recebeu nota máxima dos jurados.[231] As baianas desfilaram fantasiadas de roleta, homenageando os cassinos. A alegoria “Cassino da Urca”, tinha uma grande roleta giratória, cartas de baralho e fichas de jogos. A escola desfilou “inchada”, com um contingente estimado em seis mil componentes, e teve que correr ao final do desfile para não ultrapassar o tempo limite.[232] O desfile animou o público e arrancou gritos de “bicampeã”, deixando a Sapucaí como grande favorita ao título.[233] Pelo segundo ano consecutivo, a escola foi premiada com o Estandarte de Ouro de melhor escola.[234] Na classificação oficial, a Acadêmicos do Salgueiro foi vice-campeã, ficando 3,5 pontos atrás da campeã Imperatriz Leopoldinense.[231] O resultado causou revolta no presidente da escola, Paulo César Mangano, que invadiu a área de leitura das notas e chutou o troféu da campeã, sendo contido pelos seguranças da LIESA e da RioTur.[235] O resultado também foi mal recebido pelos torcedores da escola. A torcida salgueirense que acompanhava a leitura das notas no Sambódromo, deixou o local antes mesmo do final da apuração. Uma grande festa que estava preparada na quadra da escola, para comemorar o possível campeonato, foi cancelada. Jornalistas foram hostilizados na quadra da agremiação.[236]
- 1995 – “O caso do por acaso”.
A Acadêmicos do Salgueiro foi a sexta escola a se apresentar na primeira noite de desfiles. O desfile foi mais uma vez confeccionado pelo carnavalesco Roberto Szaniecki. O enredo contestava a versão oficial do descobrimento do Brasil. Quinho voltou ao posto de intérprete oficial da escola. Em 1995 a escola encontrava-se sem quadra e com dificuldades financeiras, o que refletiu na falta de acabamento de algumas alegorias.[237] A entrega das botas dos integrantes da comissão de frente atrasou. Com isso, a velha guarda da escola abriu o desfile. Por volta dos dez minutos de apresentação, as botas foram distribuídas aos componentes e a comissão de frente assumiu o seu lugar de origem.[238] Intitulada “invasores e navegadores”, a comissão foi coreografada por Dennis Gray. A fantasia era dividida em duas partes, a primeira metade representava os navegadores, e a segunda metade os mouros. Apesar dos problemas, a comissão de frente recebeu nota máxima dos jurados.[239] O carro abre-alas, que representava Constantinopla, desfilou incompleto, com panos rasgados, estruturas de ferro e madeira à mostra e esculturas sem finalização.[240] A fantasia do primeiro casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Vanderli e Andréa, representava o Cabo das Tormentas. O casal ganhou nota máxima dos jurados.[239] A bateria, comandada por Mestre Louro, representou seres marinhos e também conquistou nota máxima do júri.[239] O carro que representava a mitologia marinha pegou fogo poucos dias antes do desfile e teve que ser refeito. A ala das baianas representou bússolas. A alegoria “Frota de Cabral” apresentou uma cópia fiel em dimensão da caravela com que Cabral chegou ao Brasil. Porém, a alegoria também desfilou incompleta, faltando as velas.[241] A alegoria “Comércio Italiano” ficou presa no portão de saída da Sapucaí, e teve que ser quebrada para que as alas posteriores passassem pelo portão.[242] O samba-enredo, de ritmo acelerado, empolgou o público e levou nota máxima dos jurados.[243] Na classificação oficial, a escola terminou na 5.ª colocação.
- 1996 – “Anarquistas sim, mas nem todos.”
Quarta escola a se apresentar na primeira noite de desfiles, a Acadêmicos do Salgueiro abordou a cultura italiana no Brasil.[244] O desfile foi assinado pelo carnavalesco Fábio Borges. A comissão de frente, “Pierrot Salgueirense”, coreografada por Regina Miranda, representava o personagem da Comédia Dell’Art. A comissão causou bonito impacto com suas fantasias carregadas de plumas, levando nota máxima dos jurados e sendo premiada com o Estandarte de Ouro.[245] O carro abre-alas trazia o símbolo da Acadêmicos do Salgueiro dentro de um coração. O carro homenageava dois fundadores da escola: Pedro Siciliano, o Peru e Paulinho Santoro, o Italianinho – os dois de origem italiana. O primeiro casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Vanderli e Andreia, representava o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Teresa Cristina. A bateria, comandada por Mestre Louro, representava os joalheiros. A bateria recebeu nota máxima dos cinco jurados.[245] O terceiro e o quarto carro alegórico representavam a imigração italiana nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. A quinta alegoria, “artes plásticas” representou a influência italiana na pintura, arquitetura, desenho e escultura. A sexta alegoria, “artes cênicas” representou a contribuição italiana ao teatro, cinema, ópera e circo. Com queijos, vinhos, linguiças e macarronada, a sétima alegoria sintetizava a culinária italiana. A última alegoria representou a influência italiana no carnaval brasileiro. A ala das baianas representava o baile de máscaras de Veneza. Na classificação oficial, a escola repetiu a 5.ª colocação do ano anterior.
- 1997 – “De poeta, carnavalesco e louco… todo mundo tem um pouco.”
O ano marcou a volta de Mário Borriello ao Salgueiro, após quatro anos do campeonato conquistado em 1993 com “Peguei um Ita no Norte”. A escola desfilou com o dia amanhecendo, encerrando a primeira noite de apresentações.[246] Curiosamente, a escola abordou o mesmo tema da Escola Porto da Pedra – que desfilou pouco antes: a loucura. Porém, enquanto o enredo da escola de São Gonçalo sintetizou o tema, a Acadêmicos do Salgueiro focou a influência da loucura nas criações de artistas. O enredo foi baseado nos estudos da psiquiatra Nise da Silveira.[247] Aos 92 anos, a psiquiatra fez questão de acompanhar o desfile e auxiliar o carnavalesco no desenvolvimento do enredo.[248] De roupa branca, a comissão de frente, coreografada por Regina Miranda, representava “Navegantes do imaginário”. A comissão ganhou nota máxima dos jurados.[249] O carro abre-alas apresentava uma grande esfinge, representando o enigma da mente. A segunda alegoria representava os delírios de Dona Maria, a louca. O pintor Hieronymus Bosch foi representado na terceira alegoria, “Jardim das delícias”. O quarto carro, “Os girassóis de Van Gogh” homenageava o pintor neerlandês, que sofria desequilíbrios mentais. Em sua estreia como primeiro casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Sidcley e Ana Paula ganharam nota máxima dos jurados.[249] A fantasia do casal, toda branca, representava os sonhos. A bateria, comandada por Mestre Louro, desfilou fantasiada de “passageiros da barca do sol”, em referência ao quadro do pintor Carlos Pertuis. A bateria também ganhou nota máxima dos jurados.[249] A quinta alegoria homenageava o pintor catalão Salvador Dalí e tinha Carla Perez como destaque. A sétima alegoria homenageava o artista plástico Arthur Bispo do Rosário.[250] A última alegoria, “Arte-folia”, fazia menção aos desfiles de escolas de samba como obras de arte.[251] A ala das baianas representava girassóis. Com esse desfile, a escola terminou na 7.ª colocação, ficando de fora do desfile das campeãs.
- 1998 – “Parintins, a Ilha do boi-bumbá: Garantido X Caprichoso, Caprichoso X Garantido.”
Em 1998 a Acadêmicos do Salgueiro, por divergências com a LIESA, gravou e lançou o próprio samba-enredo.[252] Foi a segunda agremiação a se apresentar na primeira noite de desfiles. O carnavalesco Mário Borriello desenvolveu um desfile sobre as lendas amazonenses da Ilha de Parintins e o Festival Folclórico de Parintins, disputado por Boi Caprichoso e Boi Garantido. A comissão de frente representava “Os guardiões do boi”. A segunda alegoria, “Lendas e mistérios da Ilha”, trazia grandes serpentes com movimentos e efeitos de luzes e fumaça. A ala das baianas representou as colhedoras de patchouli. A fantasia do primeiro casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Sidcley e Ana Paula, representava a dança na ilha tupinambá. Sidcley foi premiado com o Estandarte de Ouro. A bateria, comandada por Mestre Louro, também foi premiada com o Estandarte de Ouro. A última alegoria trazia um imenso jacaré, abrindo e fechando a boca, onde um casal representando indígenas era engolido pelo animal.[253] Na classificação oficial, a escola repetiu a 7.ª colocação do ano anterior, ficando mais uma vez de fora do desfile das campeãs.
- 1999 – “Salgueiro é sol e sal nos quatrocentos anos de Natal.”
O carnavalesco Mauro Quintaes fez sua estreia na Acadêmicos do Salgueiro com um enredo sobre a cidade de Natal, que completava 400 anos em 1999. Causou polêmica a ideia do intérprete Quinho – a pedido de seus filhos – de cantar a música “Erguei as mãos”, de Padre Marcelo Rossi, no esquenta do desfile. O pedido da Arquidiocese do Rio para não cantar a música foi ignorado.[254] A comissão de frente, coreografada por Beth Oliose e Regina Sauer, representou os colonizadores holandeses invadindo Natal. O carro abre-alas, em tom dourado, trazia o brasão da escola. Logo após o abre-alas, a ala das baianas desfilou com roupas brancas, representando a espuma do mar de Natal. De roupa dourada com plumas brancas, o primeiro casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Sidcley e Ana Paula, desfilou fantasiado de “Sol de Natal”. A bateria, comandada por Mestre Louro, desfilou fantasiada de Lampião, e recebeu nota máxima dos jurados.[255] O samba-enredo composto por Celso Trindade, Demá Chagas, Eduardo Dias, Líbero e Quinho, também recebeu nota máxima do júri oficial.[255] O terceiro carro alegórico homenageava o historiador natalense Câmara Cascudo. O filho do escritor desfilou na alegoria, representando o pai. Com muitos integrantes, a escola precisou correr no final do desfile para não ultrapassar o tempo limite.[256] Com esse desfile, a Acadêmicos do Salgueiro conquistou a 5.ª colocação.
Década de 2000
- 2000 – “Sou rei, sou Salgueiro, meu reinado é brasileiro.”
Para comemorar os 500 anos do descobrimento do Brasil, todas as escolas do Grupo Especial fizeram desfiles sobre a história do país. A Acadêmicos do Salgueiro escolheu como tema a transferência da corte portuguesa para o Brasil.[257] O desfile foi confeccionado pelo carnavalesco Mauro Quintaes. A escola foi a terceira a desfilar na segunda noite de apresentações. Wander Pires foi o intérprete oficial da escola, e também foi um dos compositores do samba-enredo. A comissão de frente, coreografada por Carlota Portella, representava a tropa francesa de Napoleão Bonaparte invadindo Portugal. O carro abre-alas, “Conquistas de Napoleão sobre o reino de João”, trazia à sua frente três grandes dragões. Desfilaram na alegoria, o diretor Jorge Fernando interpretando Napoleão Bonaparte, e a atriz Ângela Leal como Carlota Joaquina. As baianas foram divididas em duas alas, nas cores da escola. A primeira, “africanas vermelhas”, com roupa predominantemente vermelha e detalhes rústicos. A segunda, “africanas brancas”, com roupa predominantemente branca e detalhes em dourado. A segunda alegoria, “Abertura dos Portos”, trazia à sua frente, uma grande piscina com oito atletas do nado sincronizado. Joana Prado – a feiticeira, foi destaque no carro. O cantor Daniel foi destaque na terceira alegoria, “A corte no Rio”, que representava a festa de recepção de Dom João. A alegoria seguinte, “Elevação a Reino Unido”, tinha grandes esculturas douradas para simbolizar o fim do período colonial. A alegoria “Aclamação de Dom João”, apresentou um salão com integrantes dançando um minueto, em referência a uma clássica ala do desfile campeão de 1963.[258] A escola animou o público e encerrou o seu desfile recebendo gritos de “é campeã”.[259] A Acadêmicos do Salgueiro foi premiada com o Estandarte de Ouro de melhor escola do ano. A bateria, comandada por Mestre Louro, também foi premiada com o Estandarte de Ouro e recebeu nota máxima dos jurados.[260] Uma das favoritas para conquistar o título de campeã, a escola terminou apenas na 6.ª colocação.
- 2001 – “Salgueiro no mar de Xarayés, é pantanal, é carnaval.”
A Acadêmicos do Salgueiro foi a quarta escola a se apresentar na primeira noite de desfiles. O carnavalesco Mauro Quintaes desenvolveu um enredo sobre o Pantanal Sul-Matogrossense. A comissão de frente, coreografada por Caio Nunes, representou os “Guerreiros Guaicurus”, os primeiros habitantes do Pantanal. A Porta-bandeira Marcella Alves fez sua estreia na escola, ao lado do experiente Mestre-sala Ronaldinho, que voltava à agremiação. Os dois foram premiados com o Estandarte de Ouro.[261] A bateria, comandada por Mestre Louro, representava “Os sonhos da Nação Guaicuru”. Assim como no ano anterior, as baianas foram divididas em duas alas. A primeira, com roupa predominantemente vermelha, representava as mulheres da tribo Guaicuru. A segunda, com roupa predominantemente branca, representava a culinária pantaneira. Durante o desfile, foram utilizados 30 mil litros de água.[262] A segunda alegoria representava o Império Inca, com uma grande pirâmide dourada com cascatas d’água. A cantora mato-grossense Tetê Espíndola foi destaque na alegoria “Fauna e Flora”. Na classificação oficial, a escola terminou na 4.ª colocação.
- 2002 – “Asas de um sonho. Viajando com o Salgueiro, o orgulho de ser brasileiro.”
A Acadêmicos do Salgueiro foi a penúltima escola a se apresentar na primeira noite de desfiles. Desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes, o enredo exaltava o sonho de voar. Curiosamente, a Beija-Flor, que desfilou em seguida, apresentou um enredo semelhante. Enquanto o desfile da escola de Nilópolis foi patrocinado pela Varig, o desfile da Acadêmicos do Salgueiro foi patrocinado pela TAM.[263] O intérprete Nêgo foi um dos compositores do samba-enredo. A comissão de frente do coreógrafo Caio Nunes representava pássaros, a grande inspiração do homem para voar. O carro abre-alas representava as primeiras tentativas do homem de voar. O diretor Jorge Fernando foi destaque no carro, representando Leonardo da Vinci. A segunda alegoria, “A era dos balões”, trouxe grandes balões e uma representação da Torre Eiffel. A ala das baianas representava as “nuvens celestiais”, com roupa branca e detalhes dourados. Logo atrás das baianas, a velha guarda da escola desfilou de roupa vermelha, representando os comandantes de voo. A bateria, comandada por Mestre Louro, representava as “asas de um sonho”. A terceira alegoria homenageou Santos Dumont. O quarto carro trouxe uma grande escultura de Netuno, representando os voos sobre o mar. Popó desfilou como destaque na quinta alegoria, que representava a quebra da barreira do som. Luana Piovani e Luciano Huck desfilaram na frente do penúltimo carro alegórico, que trouxe uma representação de um avião, em proporções reais.[264] A última alegoria apresentava uma grande escultura do comandante Rolim Amaro, presidente da TAM, patrocinadora do desfile.[265] Rolim morreu em um acidente aéreo em 8 de julho de 2001, pouco depois de ser escolhido como homenageado do enredo. O comandante, que era salgueirense, desfilaria no último carro.[266] Como resultado, a escola terminou na 6.ª colocação.
- 2003 – “Salgueiro, minha paixão, minha raiz – 50 anos de glória.”
Em 2003 a Acadêmicos do Salgueiro completou 50 anos. E para comemorar, fez um desfile relembrando a própria história. Renato Lage voltava à escola onde começou a fazer carnaval. Assinou o desfile de 2003 ao lado de sua esposa, Márcia Lage. Segunda escola a se apresentar na primeira noite de desfiles, a Acadêmicos do Salgueiro fez um desfile animado. O samba-enredo caiu no gosto popular, sendo bem cantado por público e componentes.[267] O refrão do samba tinha o verso: “Salgueiro, vermelho / Balança o coração da gente / Guerreiro, é de bambas um celeiro / Apenas uma escola diferente”.[268] Um dos compositores do samba-enredo, Quinho voltava ao posto de intérprete oficial da escola. A comissão de frente, coreografada por Marcelo Misailidis, uniu o clássico ao moderno. Os integrantes vestiam fraque e cartola, nas cores da escola, como nos antigos carnavais. O toque moderno foi mostrado na coreografia, com as capas que formavam palavras como: “Salgueiro”, “50 anos” e “glórias”. Nas cores da escola, o carro abre-alas representou o Morro do Salgueiro. Na frente do carro, uma foto de Domingos do Salgueiro, comerciante que deu nome ao morro. Desfilaram na alegoria: Delegado, Jamelão, entre outros integrantes ilustres do Salgueiro e de sua escola madrinha, a Mangueira.[269] Ainda na alegoria, um casal de Mestre-sala e Porta-bandeira carregava o primeiro pavilhão da escola. Cada setor relembrava um desfile campeão da agremiação. Abrindo cada setor, um tripé com o título dos enredos campeões em neon vermelho. Com muita palha e bambu, a segunda alegoria, “Zumbi dos Palmares”, lembrava o título de 1960. O setor seguinte relembrava o campeonato de 1963. Zezé Motta desfilou como Xica da Silva, personagem que interpretou no cinema. A ala “Minueto” relembrava a clássica ala coreografada que fez sucesso naquele ano. A terceira alegoria, “Luxúrias de Xica” fazia referência ao lago criado pelo Contratador João Fernandes para presentear Xica. Outro setor lembrava a conquista de 1965, com o enredo “História do carnaval carioca – Eneida”. O casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Ronaldinho e Marcella Alves, representavam Pierrot e Colombina. A bateria da escola, comandada pela última vez por Mestre Louro, representava Arlequim. O setor seguinte lembrava a conquista de 1969. Representando esse desfile, a alegoria “Bahia de todos os deuses” trazia sete esculturas douradas representando orixás. As baianas desfilaram com roupa em branco e dourado, representando o Senhor do Bonfim. Outro setor lembrava o carnaval campeão de 1971. A sexta alegoria, “Festa para um rei negro”, relembrava esse desfile. O setor seguinte referenciava o bicampeonato conquistado em 1974 e 1975 sob comando do carnavalesco Joãosinho Trinta. O sétimo carro, “Rei de França e As Minas do Rei Salomão” trazia uma grande serpente, que segundo uma lenda, cercava a Ilha de São Luiz do Maranhão. O último setor, lembrava o oitavo título da escola, “Peguei um Ita no Norte”. A ala “Comandantes do Ita” fazia referência à comissão de frente de 1993. Encerrando o desfile, a última alegoria, “Explode Coração” remontava o navio Ita, presente no desfile campeão de 1993. A escola teve que correr para terminar seu desfile dentro dos 80 minutos estipulados. Ainda assim, ultrapassou em quatro minutos o tempo máximo regulamentar.[270] A Acadêmicos do Salgueiro foi a grande campeã do Estandarte de Ouro 2003, conquistando 5 prêmios: melhor escola, melhor bateria, melhor comissão de frente, melhor Mestre-sala (Ronaldinho) e Personalidade do ano (para Djalma Sabiá).[271]A escola começou a apuração com uma punição de oito décimos por ter ultrapassado o tempo limite. Ainda assim, a expectativa era de uma boa colocação.[272] Porém, a escola recebeu notas baixas dos jurados. A premiada bateria recebeu uma nota 9,0, perdendo um total de 1,4 pontos. A também premiada comissão de frente também perdeu 1,4 pontos. No quesito “enredo” foram perdidos 1,3 pontos. Como resultado, a escola passou o seu cinquentenário fora do desfile das campeãs, na 7.ª colocação.
- 2004 – “A Cana que aqui se planta, tudo dá… Até energia! Álcool – o combustível do futuro.”
Após mais de 30 anos comandando a bateria “Furiosa”, Mestre Louro foi dispensado da escola, sendo substituído por Mestre Jonas.[273] A Acadêmicos do Salgueiro foi a quarta escola a se apresentar na primeira noite de desfiles. O enredo começava na Índia, onde iniciou-se o cultivo de cana-de-açúcar; passava pela chegada da cana ao Brasil; e terminava defendendo o álcool como o combustível do futuro.[274] O desfile foi patrocinado pelo conglomerado de usinas de álcool e açúcar J. Pessoa.[275] A escola fez uma apresentação tecnicamente correta, porém, sem empolgar o público.[276] A comissão de frente, coreografada por Marcelo Misailidis, em determinado momento da coreografia se transformava em um grande elefante. O carro abre-alas, “Usina da Alegria”, abusava da iluminação neon, característica do estilo high-tech dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage. O casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Ronaldinho e Marcella Alves, representava boias-frias que trabalhavam nos canaviais. Pelo segundo ano consecutivo, Ronaldinho foi premiado com o Estandarte de Ouro. Pela primeira vez, a Acadêmicos do Salgueiro apresentou uma rainha de bateria.[277] A escolhida foi Ana Cláudia, esposa de Maninho, patrono da escola. Aos 97 anos, Dercy Gonçalves desfilou como destaque na alegoria “Tempos Modernos”.[278] A última alegoria, “Álcoopolis”, apresentou carros se locomovendo em uma pista de kart.[279] Na classificação oficial, a escola terminou na 6.ª colocação.
No dia 28 de setembro de 2004, Waldemir Paes Garcia, o Maninho, foi morto a tiros ao sair de uma academia de ginástica, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. Pouco mais de um mês depois, morria com problemas respiratórios, seu pai, Waldomiro Paes Garcia, o Miro. Os dois ocuparam a presidência da escola, e na época eram patronos da agremiação.[280][281]
- 2005 – “Do fogo que ilumina a vida, Salgueiro é chama que não se apaga.”
No carnaval de 2005, o casal de carnavalescos Renato e Márcia Lage confeccionaram um desfile com muita pirotecnia para contar a história do fogo. A Acadêmicos do Salgueiro foi a terceira escola a se apresentar na primeira noite de desfiles. A comissão de frente, “O fogo que ilumina a vida”, coreografada por Marcelo Misaillidis, trazia integrantes vestidos de ancestrais e utilizava fogos de artifício, causando grande efeito. A comissão foi premiada com o Estandarte de Ouro. O carro abre-alas causou impacto ao apresentar uma escultura representando um vulcão, de onde saía uma grande labareda de fogo – de verdade.[282] Duas alegorias tiveram problemas ao colidirem em árvores ainda na armação da escola, na Avenida Presidente Vargas. Em uma dessas alegorias, uma escultura representando uma torre foi danificada.[283] A ala das baianas, vestida de “Senhoras da Luz”, também foi premiada com o Estandarte de Ouro. A alegoria “O fogo faz a festa”, toda em preto e dourado, soltava fogos de artifício. Encerrando o desfile, um grande telão de LED passava imagens de Miro Garcia e Maninho, ex-patronos da escola, mortos no final do ano anterior. A LIESA permitiu que a alegoria fosse apresentada apenas como forma de homenagem, não sendo avaliada pelos jurados.[284] Foi o primeiro ano de Mestre Marcão no comando da bateria. A escola foi premiada com o Tamborim de Ouro de melhor escola do ano. Na classificação oficial, terminou na 5.ª colocação.
- 2006 – “Microcosmos – O que os olhos não veem, o coração sente.”
Foi o primeiro carnaval contando com a estrutura do barracão da Cidade do Samba.[285] Desenvolvido pelo casal Renato Lage e Márcia Lage, o enredo sobre microrganismos foi premiado com Estandarte de Ouro de melhor enredo do ano. A Acadêmicos do Salgueiro foi a escola responsável por abrir os desfiles do Grupo Especial de 2006. Com o público ainda “frio”, chegando ao sambódromo, a escola fez um desfile sem empolgação.[286] A comissão de frente, do coreógrafo Marcelo Misailidis, representava aranhas “tecendo a vida” com grandes agulhas. O carro abre-alas apresentava um telão de LED dentro de uma grande representação de um globo ocular que piscava. De volta ao Salgueiro, a Porta-bandeira Rita Freitas vestia branco, representando o glóbulo branco – leucócito. O Mestre-sala Ronaldinho vestia vermelho representando o glóbulo vermelho – as hemácias. As baianas representaram orquídeas púrpuras. A bateria, comandada por Mestre Marcão, fez “paradinhas” imitando a batida do coração durante o refrão principal do samba-enredo, que tinha o verso: “Na batida de um coração / Tem mistérios e emoção / Ecoa no ar um canto de amor / A academia do samba chegou”. O samba foi formado por uma junção de duas composições.[287] Durante a apresentação, diretores da escola fizeram um cordão de isolamento impedindo que cinegrafistas e fotógrafos se aproximassem dos componentes, o que gerou uma grande confusão entre as partes.[288] Na apuração das notas, a escola recebeu notas baixas, terminando no 11.º lugar, a pior classificação da história da Acadêmicos do Salgueiro.
- 2007 – “Candaces.”
Para tentar se reerguer, após alcançar o pior resultado de sua história, a Acadêmicos do Salgueiro escolheu um enredo de temática afro, que tantas vezes lhe consagrou campeã. Terceira agremiação a se apresentar na segunda noite de desfiles, a escola homenageou as Candaces, rainhas guerreiras da África Oriental, sete séculos antes de Cristo. Outras guerreiras, orixás femininas e mães de santo também foram homenageadas como exemplos de luta e perseverança. Renato e Márcia Lage abandonaram o estilo high tech, que lhes consagraram, e confeccionaram um desfile rústico.[289] Na comissão de frente, coreografada por Marcelo Misailidis, a representação de um Faraó liderando escravos na condução de um bloco de pirâmide que guardava a energia vital da Rainha Nefertiti.[290] O carro abre-alas, “Raízes da Criação”, causou grande efeito ao apresentar a escultura de uma grande feiticeira com movimentações e cercada por representações de orixás femininas constituídas de galhos de árvores.[291] Como efeito especial, o carro soltava fumaça. A ala das baianas representou as “Mães feiticeiras”. A penúltima alegoria, “Mães de Santo, Mães do Samba”, trazia uma grande escultura de mãe de santo, representando Tia Ciata. A bateria “Furiosa”, comandada por Mestre Marcão, esteve inspirada, fazendo várias “paradinhas”.[292] O samba-enredo foi bem cantado por público e componentes.[293] O refrão principal tinha o verso: “Odoyá Iemanjá / Saluba Nanã! Eparrei Oyá! / Orayê Yê o, Oxum! / Oba Xi Oba!“, uma saudação às Yabas – orixás femininas. O desfile contagiou o público nas arquibancadas.[294] Foi a escola mais aplaudida da noite, sendo recebida aos gritos de “é campeã!”.[295]Haroldo Costa, ao comentar o desfile ao vivo pela Rede Globo, definiu a apresentação da escola como uma das maiores de toda a sua história.[296] A escola foi premiada com o Tamborim de Ouro de melhor escola do ano.[297] Apontada entre as favoritas para conquistar o campeonato de 2007, a escola recebeu algumas notas baixas dos jurados e terminou a competição apenas na 7.ª colocação, ficando de fora, inclusive, do Desfile das Campeãs. O resultado foi muito contestado pelos torcedores da escola e pela crítica especializada.[298][299][300] Foi o último desfile de Júlio Machado, o Xangô do Salgueiro, que desde 1969 desfilava na escola como destaque, sempre representando o orixá Xangô. Júlio faleceu algumas semanas após o desfile de 2007.[301]
- 2008 – “O Rio de Janeiro continua sendo…”
Terceira escola a se apresentar na primeira noite de desfiles, a Acadêmicos do Salgueiro exaltou o Rio de Janeiro por meio das belezas naturais e pontos turísticos da cidade, em mais um enredo do casal Renato e Márcia Lage. A comissão de frente satirizava a chegada dos portugueses à cidade. Foi coreografada por Hélio Bejani, em sua estreia na escola. Na comissão, os navegadores chegavam de banana boat. Os integrantes se apresentavam com sombrinhas nas cores amarelo e vermelho.[302] O carro abre-alas, todo em dourado e com iluminação quente, representava a visão que os descobridores tiveram ao chegar ao Rio. A ala das baianas representava araras vermelhas. A segunda alegoria, “A França invadiu a nossa praia”, apresentou uma embarcação, vazada, com acrobacias da Intrépida Trupe. A Praça Mauá, o Mosteiro de São Bento, o bairro da Lapa, as praias cariocas, a Igreja da Penha e o subúrbio carioca também foram representados em alegorias. Os jogadores Júnior e Jairzinho desfilaram como destaques na alegoria que representava o Maracanã.[303] O último setor representava os antigos carnavais, e o último carro, “Não me Leve a Mal … Hoje É Carnaval”, lembrava o desfile campeão de 1965, em que a escola também homenageou o Rio de Janeiro.[304] De terno de linho e chapéu panamá, integrantes da bateria representavam a malandragem carioca. Viviane Araújo desfilou pela primeira vez como rainha de bateria da escola. A bateria “Furiosa”, comandada por Mestre Marcão, ganhou nota máxima dos jurados e foi premiada com o Estandarte de Ouro. Na classificação oficial, a escola se sagrou vice-campeã do carnaval carioca de 2008.
- 2009 – “Tambor.”
Após o vice-campeonato de 2008, foi realizada uma eleição para escolher a nova presidência. A vencedora foi a candidata da situação, Regina Celi Fernandes, segunda mulher presidente na história da escola.[305] Em 2009, a Acadêmicos do Salgueiro escolheu como enredo a história do tambor. O desfile foi desenvolvido pelo carnavalesco Renato Lage, sem o auxílio de sua esposa, que naquele ano assinou o carnaval da Império Serrano. Segunda escola a se apresentar na segunda noite de desfiles, a Acadêmicos do Salgueiro fez uma apresentação contagiante.[306] A comissão de frente, denominada “No princípio era o tambor”, foi coreografada por Hélio Bejani. Após a comissão, uma ala coreografada representando o maculelê precedia o imponente carro abre-alas. Com muitos tambores, luz neon vermelha e acrobatas da Intrépida Trupe, o abre-alas, orçado em R$ 400 mil, causou grande impacto.[307] A segunda alegoria, “Essência Ritual”, relembrou a origem pré-histórica do tambor. A ala das baianas representava as rainhas africanas. Toda em branco, a alegoria “Sagração aos Deuses” lembrava a utilização do instrumento nas religiões de origem africana. O Festival Folclórico de Parintins foi lembrado numa alegoria em que metade era vermelha – em referência ao Boi Garantido, e outra metade era azul – em referência ao Boi Caprichoso. O carro “Eletrizante Batuque das Ruas” trazia Carlinhos Brown como destaque sobre a réplica de um trio elétrico. A última alegoria homenageava Mestre Louro, morto no ano anterior. Desfilaram no carro todos os mestres de bateria do grupo especial daquele ano.[308] A escola terminou a sua apresentação aos gritos de “é campeã!”.[309] O samba-enredo, composto por Moisés Santiago, Paulo Shell, Leandro Costa e Tatiana Leite, apresentava o refrão: “Vem no tambor da Academia / Que a furiosa bateria vai te arrepiar! / Repique, tamborim, surdo, caixa e pandeiro / Salve o mestre do Salgueiro!“.[310] O samba foi bem cantado pelo público e pelos componentes e ganhou nota máxima dos jurados. A escola também ganhou nota máxima nos quesitos “Comissão de Frente”, “Alegorias e Adereços” e “Fantasias”. A escola foi premiada com o Estandarte de Ouro de melhor escola, e de melhor enredo.[311] Na apuração das notas, o favoritismo foi confirmado e a Acadêmicos do Salgueiro conquistou o seu nono título de campeã do carnaval carioca, quebrando um jejum de 16 anos.[312]
Década de 2010
- 2010 – “Histórias sem fim.”
A Acadêmicos do Salgueiro foi a quinta escola a se apresentar na primeira noite dos desfiles de 2010. Tentando o bicampeonato, o carnavalesco Renato Lage desenvolveu um enredo sobre a história dos livros, relembrando as mais consagradas obras da literatura estrangeira e brasileira. A comissão de frente, coreografada por Hélio Bejani, representou “monges copistas”. O carro abre-alas, “Primeira impressão”, representou a oficina de Gutemberg, com acrobatas da Intrépida Trupe e do Cirque Du Soleil.[313] Na segunda alegoria, que representava uma biblioteca, componentes lançavam livros para o público.[314] Alas e alegorias relembravam os grandes clássicos da literatura mundial e nacional, como “O Pequeno Príncipe”, “Os Lusíadas”, “Os três mosqueteiros”, “Memórias póstumas de Brás Cubas”, “Don Quixote”, “Alice no País das Maravilhas”, e a Bíblia. Grandes tripés acompanhavam as alas.[315] O terceiro carro alegórico representou “O Guarani”, obra de José de Alencar. A quarta alegoria trazia uma boneca Emília gigante em referência ao Sítio do Pica Pau Amarelo. O carro seguinte representava a saga Harry Potter. Destaque para a ala coreografada “Navio Negreiro”, em referência à obra de Castro Alves.[316] Vestindo branco, a ala das baianas homenageou o escritor baiano Jorge Amado e foi premiada com o Estandarte de Ouro.[317] A bateria da escola, comandada por Mestre Marcão, representou “Ali Babá e os Quarenta Ladrões”, e a rainha de bateria, Viviane Araújo, representou a rainha Sherazade.[318] Apesar da beleza plástica, o desfile não empolgou o público como no ano anterior. O samba-enredo fez sucesso com a torcida do Flamengo, que adaptou o refrão do samba. O desfile rendeu ao Salgueiro a 5.ª colocação.
- 2011 – “Salgueiro apresenta: O Rio no cinema.”
Em 2011, a Acadêmicos do Salgueiro foi a segunda escola a se apresentar na segunda noite de desfiles do Grupo Especial. O enredo, sobre a relação do Rio de Janeiro com o cinema, foi proposto pelo prefeito Eduardo Paes e desenvolvido por Renato Lage e sua esposa Márcia Lage que retornava à escola.[321] Leonardo Bessa e Serginho do Porto foram efetivados, ao lado de Quinho, como intérpretes oficiais da agremiação. O Mestre-sala Ronaldinho, que estava na escola a dez anos, foi substituído por Sidcley, que retornava ao Salgueiro.[322] Foi a segunda escola a se apresentar na segunda noite de desfiles. Os carnavalescos optaram por confeccionar fantasias mais leves e alegorias maiores. A escola apresentou um desfile monumental, com alegorias enormes e pesadas.[323] A comissão de frente, coreografada por Hélio Bejani, representava vendedores de bala na porta do cinema. Um tripé simbolizava a calçada da fama, onde se apresentavam integrantes representando Fred Astaire e Marilyn Monroe.[324] Representando a Cinelândia, o carro abre-alas transmitia ao vivo, em um grande telão, imagens do público presente na Sapucaí. A ala das baianas representava “Carlota Joaquina”, filme que marcou a retomada do cinema nacional. Representando as chanchadas da Atlântida, a segunda alegoria, “Tesouro perdido da Atlântida”, soltava bolhas de sabão e teve dificuldade para entrar na Sapucaí. Com exceção do abre-alas, todas as alegorias traziam à sua frente gruas com câmeras e integrantes representando diretores. O quarto carro apresentou uma grande escadaria com dançarinos de sapateado. O público pode ouvir o som do sapateado graças à microfones instalados nos degraus da escadaria da alegoria. Por volta dos cinquenta minutos de apresentação, o desfile, até então tecnicamente perfeito, se transformou em uma das apresentações mais dramáticas do carnaval carioca. O carro que homenageava o filme “Rio”, teve um princípio de incêndio.[326] A penúltima alegoria, “Hollywood é aqui”, apresentou uma grande escultura do personagem King Kong escalando o relógio da Central, numa sátira ao filme “King Kong”. Toda pintada de amarelo, representando uma banana, a cantora Valesca Popozuda desfilou como destaque nas mãos do gigantesco gorila. O carro teve muita dificuldade para entrar na Sapucaí. Para a escola não perder tempo, alas tiveram que passar à frente da alegoria. Com o desfile atrasado, a bateria “Furiosa” – sob o comando de Mestre Marcão – não teve tempo de entrar no recuo. A bateria representava o filme “Tropa de Elite”. O oitavo e último carro, que representava o Óscar, também teve dificuldade para entrar na Sapucaí. A escola permaneceu parada por alguns minutos, enquanto diretores tentavam acoplar a alegoria. Ao completar oitenta e dois minutos de desfile, tempo máximo permitido, integrantes precisaram correr para não aumentar ainda mais o prejuízo. As alegorias gigantescas congestionaram a dispersão. A presidente Regina Celi chegou a tirar os sapatos para ajudar na dispersão da escola. Integrantes chegavam ao final do desfile aos prantos pelo acontecido. A Acadêmicos do Salgueiro encerrou a sua apresentação com uma hora e trinta e dois minutos de desfile, dez minutos a mais do que o permitido. Com isso, a escola foi punida com a perda de um ponto, o que a tirou da disputa pelo título. Ainda assim, a escola conquistou a 5.ª colocação, retornando no desfile das campeãs.
- 2012 – “Cordel branco e encarnado.”
Terceira escola a se apresentar na segunda noite de desfiles, a Acadêmicos do Salgueiro fez uma homenagem à literatura de cordel, com mais um enredo desenvolvido pelo casal Renato e Márcia Lage. As alegorias, novamente muito grandes, tiveram dificuldades para entrar na Sapucaí. Porém, ao contrário do ano anterior, a escola passou sem maiores problemas em evolução e cronometragem. A comissão de frente, coreografada por Hélio Bejani, representava uma caravana de teatro mambembe. Os integrantes dançavam com bonecas atadas ao braço. O primeiro casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Sidclei e Gleice Simpatia, desenvolveu passos de xaxado. Sidclei ainda tocou triângulo durante a coreografia. As baianas representavam Maria Bonita. Representando o “Bando de Lampião”, a bateria comandada por Mestre Marcão, fez uma apresentação repleta de “paradinhas” em ritmos nordestinos, como forró, xote e xaxado. Ao final de seu desfile, a escola foi apontada como uma das favoritas daquele ano. Foi premiada com o Troféu SRZD de melhor desfile de 2012. Na apuração das notas, três escolas da região da Tijuca disputaram a liderança. Porém, a Unidos da Tijuca sagrou-se campeã, dois décimos acima da vice-campeã, a Acadêmicos do Salgueiro.
- 2013 – “Fama.”
Renato Lage completava dez anos ininterruptos como carnavalesco da Acadêmicos do Salgueiro. Nesse ano, a escola escolheu a fama como tema de seu carnaval. O desfile foi patrocinado pela Revista Caras, que completava 20 anos. A escolha do enredo patrocinado causou polêmica.[336] Foi a segunda escola a se apresentar na primeira noite de desfiles. Xande de Pilares, do Grupo Revelação, passou a integrar o carro de som da escola, junto aos intérpretes oficiais Quinho, Leonardo Bessa e Serginho do Porto. A comissão de frente, “A nossa divina comédia da fama”, coreografada por Hélio Bejani, trazia uma grande limousine vermelha com as figuras de Chacrinha, saudando o público, e as celebridades Amy Winehouse e Marilyn Monroe se atracando. Integrantes fantasiados de fotógrafos completavam a apresentação com uma coreografia. A comissão de frente foi agraciada com os prêmios Estandarte de Ouro e Tamborim de Ouro. O carro abre-alas, denominado “Grande Angular”, era cercado por esculturas de seguranças e trazia uma grande câmera fotográfica, com acrobatas em volta. Completava o carro, um enorme cilindro com 4,5 milhões de LED, que exibia imagens de integrantes do Salgueiro. O carro “O Atelier” trazia um telão menor, exibindo imagens dos funcionários do barracão, que trabalharam na confecção do desfile. A alegoria “Fotoshopping”, representava um shopping center onde eram vendidos narizes, olhos, bocas e etc, fazendo uma crítica bem-humorada à indústria das cirurgias plásticas. A alegoria “Pleasure Island” fazia referência à Ilha de Caras, lugar onde a revista leva famosos para fazer reportagens. A ala das baianas representou a obra de Tarsila do Amaral. A bateria da escola, comandada por Mestre Marcão, desfilou com fantasias estilizadas com o famoso retrato de Che Guevara. A Acadêmicos do Salgueiro, que completava 60 anos na ocasião, encerrou seu desfile com uma homenagem à própria história. A escola foi premiada com o Tamborim de Ouro. Na classificação oficial, terminou na 5.ª colocação.
- 2014 – “Gaia – a vida em nossas mãos.”
Em 2014, a Acadêmicos do Salgueiro retoma a estética afro, tão associada à sua história. Foi a quinta escola a se apresentar na primeira noite de desfiles. O enredo abordou a criação do universo sob a ótica da lenda africana de Olorum, com um toque de apelo pela sustentabilidade nos dias atuais – um desejo já demonstrado pelos orixás em suas lendas e ideais. O ano também marcou a volta da Porta-bandeira Marcella Alves, após oito anos afastada da escola. O desfile, confeccionado pelo casal de carnavalescos Renato e Márcia Lage, foi dividido em setores. Começou com o elemento terra, depois água, fogo, ar, e terminou falando sobre sustentabilidade. A comissão de frente, “Guardiões da Natureza”, coreografada por Hélio Bejani, trazia as representações de quatro orixás, cada um representando um elemento (Ossain – Terra, Xangô – Fogo, Iansã – Ar, Iemanjá – Água). A bailarina representando Gaia, “levitava” em cima de um triplé representando o planeta Terra.[345] O carro abre-alas, todo em madeira e com forte iluminação, trazia à sua frente uma escadaria com integrantes vestidos de zebra desenvolvendo uma coreografia; media 47 metros de comprimento. O primeiro setor, em tons marrons, representava o fator terra. O segundo setor representava o elemento água, com predominância do tom azul. O terceiro setor representava o fogo. O carro alegórico que representava esse elemento trazia um efeito simulando chamas de fogo. Porém, o carro passou a maior parte do desfile apagado, sem a iluminação e o efeito programado.[346] A bateria “Furiosa”, comandada por Mestre Marcão, representava os “Guerreiros do Fogo”. O setor seguinte representava o ar, em tons claros. O penúltimo setor falava sobre sustentabilidade. A escola encerrou o seu desfile com um alerta sobre o futuro. O último carro trazia uma grande caveira sobre um globo terrestre, num cenário de completa devastação. A escola desfilou com muitos componentes e teve que correr no final para não ultrapassar o tempo limite. A Acadêmicos do Salgueiro terminou o seu desfile a um minuto do tempo limite, aos gritos de “é campeã!”.[347] O samba-enredo composto por Xande de Pilares, Dudu Botelho, Miudinho, Betinho de Pilares, Rodrigo Raposo e Jassa foi bem cantado pelo público.[348] A escola ganhou os prêmios Estandarte de Ouro e Tamborim de Ouro de melhor escola, de melhor samba-enredo e de melhor bateria do ano de 2014.[52][349] Na apuração das notas, Salgueiro e Unidos da Tijuca travaram uma disputa acirrada pelo título. Porém, assim como em 2012, a Acadêmicos do Salgueiro perdeu o título para a sua conterrânea, ficando com o vice-campeonato. Dessa vez, por apenas um décimo de diferença.[350] Após a apuração, a rainha da bateria, Viviane Araújo, considerou injusto o resultado. “Perder para a Tijuca é inadmissível. Perder para eles em alegorias e fantasias? Tá brincando, né!? Somos os campeões do povo e isso é o que importa”, declarou Viviane.[351] Mestre Marcão também declarou que a escola foi “campeã moralmente, eleita pelo povo”.[352]
- 2015 – “Do fundo do quintal, saberes e sabores na Sapucaí.”
Em mais um pleito, Regina Celi foi reeleita presidente da escola, como candidata única, após serem constatadas irregularidades nas chapas de Fú e do intérprete Quinho.[353] A chapa de Quinho foi considerada uma surpresa, sendo mal-recebida por muitos salgueirenses simpatizantes de Regina.[354] Após a reeleição da presidente, foi confirmado o afastamento do intérprete. Xande de Pilares, Leonardo Bessa e Serginho do Porto foram os intérpretes oficiais da escola. Pelo segundo ano consecutivo, a parceira de Xande de Pilares venceu a disputa de samba-enredo.[355] Com um desfile orçado em 10 milhões, os carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage confeccionaram mais um carnaval de luxo e grandiosidade.[356] A comissão de frente, “Delírio Ancestral”, trazia um tecido de 100 kg, todo confeccionado em LED, que se transformava no pavilhão da escola, em fogo, ouro, e no manto de Nossa Senhora do Rosário.[357] Lília Cabral, Alexandre Nero e Leandra Leal desfilaram como destaques na segunda alegoria, “Delírio Reluzente”, que trazia um grande diamante giratório todo espelhado.[358] A ala das baianas representava as cozinheiras mineiras. De avental e touca, a bateria “Furiosa”, comandada por Mestre Marcão, representou os chefes de cozinha. Alguns ritmistas tocavam frigideira com colher de pau.[359] A fantasia da rainha Viviane Araújo representava o fogo que aquece a comida. A penúltima alegoria trazia um trem em forma de bule que exalava aroma de café.[360] A escola ganhou vários prêmios de melhor escola do ano, como Tamborim de Ouro, Estrela do Carnaval, Troféu Tupi e Gato de Prata.[53][67][69][361] Na classificação oficial, a Acadêmicos do Salgueiro conquistou mais um vice-campeonato, quatro décimos atrás da campeã Beija-Flor.[362]
- 2016 – “A Ópera dos Malandros.”
Renato e Márcia Lage desenvolveram um enredo baseado no musical “Ópera do Malandro” de Chico Buarque.[363] O enredo abordava o “jeito malandro”, com suas principais características e os Malandros na Umbanda.[364][365] O samba-enredo escolhido agradou público e crítica, e impulsionou o favoritismo da escola no período pré-carnaval.[366][367] A Acadêmicos do Salgueiro foi a segunda escola a se apresentar na segunda noite de desfiles do Grupo Especial.[368] Na comissão de frente, coreografada por Hélio Bejani, um componente representando Exú acompanhava malandros da rua e pombas giras numa coreografia. A saia das bailarinas, que representavam as damas da noite, media 3 metros de diâmetro, e tinha uma parte confeccionada em led, que exibia imagens de fogo e rosas.[369] Em determinado momento da coreografia, as damas saíam das saias, que ganhavam “vida própria”, rodopiando sozinhas. A comissão de frente e o enredo foram premiados com o Estandarte de Ouro.[370] O casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Sidcley e Marcella Alves, representava os reis da ralé. O carro abre-alas representou a Cinelândia e o Teatro Municipal, com um grande chafariz com efeitos de cascatas d’água em led, e personagens da noite carioca como malandros, bêbados, travestis, mendigos e prostitutas. O carro teve problemas de iluminação, passando apagado por toda a avenida.[371] Apenas a luz led do chafariz se manteve acesa.[371] Com figurinos em tons de bordô e preto, as baianas representavam pombas giras espanholas, numa referência à ópera “Carmen”, de Georges Bizet.[364] Os integrantes da bateria, comandada por Mestre Marcão, desfilaram vestidos de rosa, representando a personagem Geni, da obra de Chico Buarque. Um balão de gás, representando um zepelim, sobrevoava a bateria. Viviane Araújo desfilou representando o malandro Max Overseas, personagem por quem Geni era apaixonada na “Ópera do Malandro”.[372] Galvão Bueno, o jogador Júnior e o ator Eri Johnson desfilaram na alegoria “De bar em bar”, que apresentava uma escultura de um malandro na clássica posição da escultura “O Pensador” de Auguste Rodin, representando a filosofia da malandragem.[373] O último setor do desfile tratou da fé, com patuás, “comigo ninguém pode”, “espada de São Jorge”, exús e pombas giras, ciganos, e terminava no malandro “mensageiro da paz”. A última alegoria, “Meu santo é forte”, apresentava uma grande escultura de uma pomba branca. A escola terminou o seu desfile aos gritos de “é campeã!”.[367] O samba-enredo composto por Francisco Aquino, Fred Camacho, Getúlio Coelho, Guinga, Marcelo Motta e Ricardo Fernandes, fez sucesso junto ao público, especialmente pelo refrão: “É que eu sou malandro batuqueiro / Cria lá do Morro do Salgueiro / Se não acredita, vem no meu samba pra ver / o couro vai comer”.[367] A escola foi premiada com o Tamborim de Ouro de melhor escola e de melhor samba-enredo.[16] Na apuração das notas, a Acadêmicos do Salgueiro liderou a classificação, empatada com a Mangueira, até chegar ao último quesito – “alegorias e adereços”. Como esperado, devido ao problema de iluminação do abre-alas, a escola perdeu alguns décimos no quesito, caindo do primeiro ao quarto lugar, posição em que terminou classificada.[374]
- 2017 – “A Divina Comédia do Carnaval”
Novamente sob a batuta de Renato e Márcia Lage, o Salgueiro escolheu um enredo inspirado na Divina Comédia de Dante Alighieri para tentar o título do Carnaval 2017. O belo desfile foi marcado pelo intenso uso das cores da escolas desde Comissão de Frente, que representava a purificação, até o último carro que homenageou os três “sagrados talentos” da Academia do samba, Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues e Joãosinho Trinta. Enquanto a bateria de Mestre Marcão veio representando os Intendentes do Diabo, a ala das baianas comandada por Tia Glorinha desfilou lindamente vestida representando as Sacerdotisas de Orun; o casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira, Sidclei e Marcella desfilou trajado como o romântico Pierrô e a sensual Colombina , inspirados na visão tida por Dante de si mesmo e sua amada Beatriz. Mais uma vez, antes da apuração, o Salgueiro foi alçado pela mídia especializada à condição de favorita ao título[375], o que de certa forma se confirmou nas notas, tendo em vista que até o fim da leitura do penúltimo quesito a escola liderava a apuração com nota máxima, no entanto, no último quesito (samba enredo) as críticas à obra levada para a avenida pela escola se confirmaram e os jurados descontaram três décimos da mesma, fazendo com que caísse da primeira para a terceira posição no resultado final.
- 2018 – “Senhoras do Ventre do Mundo”
Após quinze anos à frente do Salgueiro, o carnavalesco Renato Lage encerrou sua segunda passagem pela escola e, juntamente com sua esposa, seguiu para a Acadêmicos do Grande Rio onde viria a ser rebaixado. Agindo rapidamente, a presidente Regina Celi contratou Alex de Souza para substituir o casal e lançou o enredo “Senhoras do Ventre do Mundo” que ressalta a importância da mulher negra desde a Africa antiga até o Brasil contemporâneo, além de exaltar todas as mulheres que ajudaram a escrever a história da escola em seus 65 anos. Desfilando na segunda-feira de carnaval, o Salgueiro entrou na avenida pisando forte em busca do décimo campeonato; a comissão de frente da escola trouxe o “Mistério da Vida” em que cinco Yabás, entidades que representam a fertilidade nos cultos de matrizes africanas, concedem a dez Senhoras, a bênção da maternidade[376]. O casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira, Sidclei e Marcella, desfilando no Salgueiro pelo quinto ano seguido, representou os Primórdios da Humanidade fazendo alusão ao fóssil de Lucy, considerada por muito tempo no campo da ciência como a “mãe da humanidade”. A bateria Furiosa representou os grandes Faraós negros enquanto a rainha de bateria, Viviane Araújo desfilou como Hatchepsut, uma das únicas rainhas-faraós de fato reinantes do Egito. As alegorias e fantasias de Alex de Souza, de concepção e acabamento impecável, ajudaram o Salgueiro a realizar seu melhor desfile da atual década, segundo a critica especializada[377]. Logo após o desfile, o Salgueiro foi premiado com o oitavo Estandarte de Ouro de melhor escola de sua história e lançado novamente ao posto de favorita ao título junto à Estação Primeira de Mangueira; na apuração, no entanto, já no primeiro quesito (enredo) a escola perdeu décimos preciosos ao conseguir apenas uma nota dez, na sequência o Salgueiro até conseguiu se recuperar, assumindo a liderança ao final da leitura do penúltimo quesito (fantasias), mas assim como no ano interior o samba enredo, último quesito a ser lido na apuração, foi responsável por tirar o titulo de campeã da escola que terminou classificada novamente na terceira posição.
- 2019 –
Para o carnaval de 2019, a escola renovou com seus principais segmentos, como o carnavalesco Alex de Souza, o coreógrafo da comissão de frente, Hélio Bejani, e sua esposa, Beth Bejani, coreógrafa do casal de mestre-sala e porta-bandeira; além de trazer para o posto de intérprete oficial o cantor Emerson Dias, até então na Grande Rio.[378][70]
Carnavais da Acadêmicos do Salgueiro | |||||
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Ano | Colocação | Divisão | Enredo | Carnavalesco | Ref. |
1954 | 3.º Lugar | Grupo 1 | “Romaria à Bahia” (Samba-enredo composto por Abelardo Silva, Duduca e José Ernesto Aguiar) |
Hildebrando Moura | [379] [80] |
1955 | 4.º Lugar | Grupo 1 | “Epopéia do samba” (Samba-enredo composto por Bala, Duduca e José Ernesto Aguiar) |
Hildebrando Moura | [379] [380] |
1956 | 4.º Lugar | Grupo 1 | “Brasil, fontes das artes” (Samba-enredo composto por Djalma Sabiá, Eden Silva e Nilo Moreira) |
Hildebrando Moura | [379] [56] |
1957 | 4.º Lugar | Grupo 1 | “Navio negreiro” (Samba-enredo composto por Armando Régis e Djalma Sabiá) |
Hildebrando Moura | [379] [57] |
1958 | 4.º Lugar | Grupo 1 | “Um século e meio de progresso a serviço do Brasil – Homenagem ao Corpo de Fuzileiros Navais” (Samba-enredo composto por Carivaldo da Mota, Djalma Sabiá e Graciano Campos) |
Hildebrando Moura | [379] [58] |
1959 | Vice-campeã | Grupo 1 | “Viagem pitoresca através do Brasil – Debret” (Samba-enredo composto por Djalma Sabiá e Duduca) |
Marie Louise e Dirceu Néri | [379] [59] |
1960 | Campeã | Grupo 1 | “Quilombo dos Palmares” (Samba-enredo composto por Anescar Rodrigues e Noel Rosa de Oliveira) |
Fernando Pamplona | [117] [379] |
1961 | Vice-campeã | Grupo 1 | “Vida e obra de Aleijadinho” (Samba-enredo composto por Bala, Duduca e Juca) |
Fernando Pamplona | [379] [381] |
1962 | 3.º Lugar | Grupo 1 | “O Descobrimento do Brasil” (Samba-enredo composto por Geraldo Babão) |
Arlindo Rodrigues | [379] [113] |
1963 | Campeã | Grupo 1 | “Xica da Silva” (Samba-enredo composto por Anescar Rodrigues e Noel Rosa de Oliveira) |
Arlindo Rodrigues | [379] [81] |
1964 | Vice-campeã | Grupo 1 | “Chico-Rei” (Samba-enredo composto por Binha, Djalma Sabiá e Geraldo Babão) |
Arlindo Rodrigues | [379] [127] |
1965 | Campeã | Grupo 1 | “História do carnaval carioca – Eneida” (Samba-enredo composto por Geraldo Babão e Valdelino Rosa) |
Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues | [379] [104] |
1966 | 5.º Lugar | Grupo 1 | “Os amores célebres do Brasil” (Samba-enredo composto por Bala, Nilo e Zuzuca) |
Clóvis Bornay | [379] [132] |
1967 | 3.º Lugar | Grupo 1 | “História da liberdade no Brasil” (Samba-enredo composto por Aurinho da Ilha) |
Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues | [379] [82] |
1968 | 3.º Lugar | Grupo 1 | “Dona Beja, a feiticeira de Araxá” (Samba-enredo composto por Aurinho da Ilha) |
Fernando Pamplona e Maria Louise Néri | [379] [83] |
1969 | Campeã | Grupo 1 | “Bahia de todos os deuses” (Samba-enredo composto por Bala e Manuel Rosa) |
Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues | [379] [105] |
1970 | Vice-campeã | Grupo 1 | “Praça Onze, carioca da gema” (Samba-enredo composto por Duduca, Omildo, Miro e Silvio) |
Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues | [379] [143] |
1971 | Campeã | Grupo 1 | “Festa para um rei negro” (Samba-enredo composto por Zuzuca) |
Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta e Maria Augusta | [379] [84] |
1972 | 5.º Lugar | Grupo 1 | “Nossa madrinha, Mangueira querida” (Samba-enredo composto por Zuzuca) |
Fernando Pamplona | [379] [85] |
1973 | 3.º Lugar | Grupo 1 | “Eneida, amor e fantasia” (Samba-enredo composto por Geraldo Babão) |
Joãosinho Trinta e Maria Augusta | [379] [86] |
1974 | Campeã | Grupo 1 | “O Rei da França na ilha da assombração” (Samba-enredo composto por Malandro e Zé Di) |
Joãosinho Trinta e Maria Augusta | [379] [87] |
1975 | Campeã | Grupo 1 | “O segredo das minas do Rei Salomão” (Samba-enredo composto por Dauro Ribeiro, Mário Pedra, Nininha Rossi e Zé Pinto) |
Joãosinho Trinta | [379] [88] |
1976 | 5.º Lugar | Grupo 1 | “Valongo” (Samba-enredo composto por Djalma Sabiá) |
Edmundo Braga | [379] [89] |
1977 | 4.º Lugar | Grupo 1 | “Do Cauim ao Efó, com moça branca, branquinha” (Samba-enredo composto por Geraldo Babão e Renato de Verdade) |
Fernando Pamplona | [379] [90] |
1978 | 6.º Lugar | Grupo 1 | “Do Yorubá à luz, a aurora dos deuses” (Samba-enredo composto por Renato de Verdade) |
Fernando Pamplona | [379] [91] |
1979 | 6.º Lugar | Grupo 1A | “O reino encantado da mãe natureza contra o reino do mal” (Samba-enredo composto por Bala, Cuíca e Luís Marinheiro) |
Ivan Jorge e Stoessel Cândido | [379] [92] |
1980 | 3.º Lugar | Grupo 1A | “O bailar dos ventos. Relampejou, mas não choveu” (Samba-enredo composto por Edinho, Haydée, Moacir Arantes, Pompeu, Zé di e Zuzuca) |
Ney Ayan e Jorge Nascimento | [379] [180] |
1981 | 5.º Lugar | Grupo 1A | “Rio de Janeiro” (Samba-enredo composto por Buguinho, Henrique Rodrigues Filho, Mauro Torrão) |
Geraldo Sobreira | [379] [182] |
1982 | 8.º Lugar | Grupo 1A | “No reino do faz de conta” (Samba-enredo composto por César Veneno e Zedi) |
José Félix | [379] [185] |
1983 | 8.º Lugar | Grupo 1A | “Traços e troças” (Samba-enredo composto por Bala e Celso Trindade) |
Augusto César Vannucci e Lan | [379] [93] |
1984 | 4.º Lugar | Grupo 1A (Domingo) |
“Skindô, skindô” (Samba-enredo composto por David Corrêa e Jorge Macêdo) |
Arlindo Rodrigues | [379] [106] |
1985 | 6.º Lugar | Grupo 1A | “Anos Trinta, Vento Sul – Vargas” (Samba-enredo composto por Bala, Jorge Melodia e Jorge Moreira) |
Edmundo Braga e Paulino Espírito Santo | [379] [107] |
1986 | 6.º Lugar | Grupo 1A | “Tem que se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso – Tributo a Fernando Pamplona” (Samba-enredo composto por Jorge Melodia, Paulo Emílio, Bicho de Pena e Marcelo Lessa) |
Mário Monteiro, Ney Ayam e Yarema Ostrower | [379] [118] |
1987 | 5.º Lugar | Grupo 1 | “E por que não?” (Samba-enredo composto por Bala, César Veneno e Didi) |
Renato Lage e Lílian Rabello | [379] [94] |
1988 | 4.º Lugar | Grupo 1 | “Em busca do ouro” (Samba-enredo composto por Alaor Macedo, Arizão, Buguinho, Gilberto Tobias, Henrique do Salgueiro, Jorginho da Cadeira, Mauro Torrão, Rixxah e Rolando Medeiros) |
Chico Spinoza e Mário Monteiro | [379] [95] |
1989 | 5.º Lugar | Grupo 1 | “Templo negro em tempo de consciência negra” (Samba-enredo composto por Alaor Macedo, Arizão, Demá Chagas, Helinho do Salgueiro e Rubinho do Afro) |
Flávio Tavares e Luiz Fernando Reis | [379] [96] |
1990 | 3.º Lugar | Grupo Especial | “Sou amigo do rei” (Samba-enredo composto por Alaor Macedo, Arizão, Demá Chagas, Fernando Baster e Pedrinho da Flor) |
Rosa Magalhães | [379] [119] |
1991 | Vice-campeã | Grupo Especial | “Me masso se não passo pela Rua do Ouvidor” (Samba-enredo composto por Diogo, Luiz Fernando e Sereno) |
Rosa Magalhães | [379] [97] |
1992 | 4.º Lugar | Grupo Especial | “O negro que virou ouro nas terras do Salgueiro” (Samba-enredo composto por Bala, Efealves, Preto Velho, Sobral e Tiãozinho do Salgueiro) |
Mário Borriello | [379] [98] |
1993 | Campeã | Grupo Especial | “Peguei um Ita no Norte” (Samba-enredo composto por Arizão, Bala, Celso Trindade, Demá Chagas e Guaracy) |
Mário Borriello | [379] [120] |
1994 | Vice-campeã | Grupo Especial | “Rio de lá pra cá” (Samba-enredo composto por Celso Trindade, Demá Chagas, Bala, Arizão e Guaracys) |
Roberto Szaniecki | [379] [72] |
1995 | 5.º Lugar | Grupo Especial | “O caso do por acaso” (Samba-enredo composto por Adalto Magalha, Eduardo Dias, Márcio Paiva e Quinho) |
Roberto Szaniecki | [379] [73] |
1996 | 5.º Lugar | Grupo Especial | “Anarquistas sim, mas nem todos” (Samba-enredo composto por Adalto Magalha, Eduardo Dias, Márcio Paiva e Quinho) |
Fábio Borges | [379] [74] |
1997 | 7.º Lugar | Grupo Especial | “De poeta, carnavalesco e louco… todo mundo tem um pouco” (Samba-enredo composto por Adalto Magalha, Eduardo Dias, Guaracy, Márcio Paiva, Quinho, Tico do Gato) |
Mário Borriello | [379] [99] |
1998 | 7.º Lugar | Grupo Especial | “Parintins, a Ilha do boi-bumbá: Garantido X Caprichoso, Caprichoso X Garantido” (Samba-enredo composto por Mestre Louro, Paulo Onça e Quinho) |
Mário Borriello | [379] [121] |
1999 | 5.º Lugar | Grupo Especial | “Salgueiro é sol e sal nos quatrocentos anos de Natal” Samba-enredo composto por Celso Trindade, Demá Chagas, Eduardo Dias, Líbero e Quinho) |
Mauro Quintaes | [379] [75] |
2000 | 6.º Lugar | Grupo Especial | “Sou rei, sou Salgueiro, meu reinado é brasileiro” (Samba-enredo composto por Fernando Baster, J.C. Couto, João da Valsa, Touro e Wander Pires) |
Mauro Quintaes | [379] [76] |
2001 | 4.º Lugar | Grupo Especial | “Salgueiro no mar de Xarayés, é pantanal, é carnaval” (Samba-enredo composto por Augusto, José Carlos Saara, Nêgo e Rocco Filho) |
Mauro Quintaes | [379] [77] |
2002 | 6.º Lugar | Grupo Especial | “Asas de um sonho. Viajando com o Salgueiro, o orgulho de ser brasileiro” (Samba-enredo composto por Claudinho, Nêgo, Leonel, Luizinho Professor, Serginho 20 e Sidney Sã) |
Mauro Quintaes | [379] [382] |
2003 | 7.º Lugar | Grupo Especial | “Salgueiro, minha paixão, minha raiz – 50 anos de glória” (Samba-enredo composto por Claudinho, Leonel, Luizinho Professor, Serginho 20 e Sidney Sã) |
Renato Lage e Márcia Lage | [379] [383] |
2004 | 6.º Lugar | Grupo Especial | “A Cana que aqui se planta, tudo dá… Até energia! Álcool – o combustível do futuro” (Samba-enredo composto por Leonel, Luizinho Professor, Professor Newtão, Serginho 20 e Sidney Sã) |
Renato Lage e Márcia Lage | [379] [108] |
2005 | 5.º Lugar | Grupo Especial | “Do fogo que ilumina a vida, Salgueiro é chama que não se apaga” (Samba-enredo composto por Fernando Magaça, Luiz Antonio, Moisés Santiago, Quinho e Waltinho Honorato) |
Renato Lage e Márcia Lage | [379] [109] |
2006 | 11.º Lugar | Grupo Especial | “Microcosmos: O que os olhos não vêem, o coração sente” (Samba-enredo composto por ABS, Fernando Magaça, Leonel, Luizinho Professor, Moisés Santiago, Paulo Shell, Tiãozinho do Salgueiro, Quinho e Waltinho Honorato) |
Renato Lage e Márcia Lage | [379] [100] |
2007 | 7.° Lugar | Grupo Especial | “Candaces” (Samba-enredo composto por Dudu Botelho, Luiz Pião, Marcelo Motta e Zé Paulo) |
Renato Lage e Márcia Lage | [379] [78] |
2008 | Vice-campeã | Grupo Especial | “O Rio de Janeiro continua sendo…” (Samba-enredo composto por Dudu Botelho, João Conga, Josemar Manfredini, Luiz Pião e Marcelo Motta) |
Renato Lage e Márcia Lage | [379] [114] |
2009 | Campeã | Grupo Especial | “Tambor” (Samba-enredo composto por Leandro Costa, Moisés Santiago, Paulo Shell e Tatiana Leite) |
Renato Lage | [379] [122] |
2010 | 5.º Lugar | Grupo Especial | “Histórias sem fim” (Samba-enredo composto por Brasil do Quintal, Betinho do Ponto, Jassa, Josemar Manfredini e Fernando Magaça) |
Renato Lage | [384] [379] [115] |
2011 | 5.º Lugar | Grupo Especial | “Salgueiro apresenta: O Rio no cinema” (Samba-enredo composto por Anderson Benson, Dudu Botelho, Luiz Pião e Miudinho) |
Renato Lage e Márcia Lage | [379] [101] |
2012 | Vice-campeã | Grupo Especial | “Cordel branco e encarnado” (Samba-enredo composto por Diego Tavares, Dílson Marimba, Domingos PS, Marcelo Motta, Ribeirinho e Tico do Gato) |
Renato Lage e Márcia Lage | [379] [385] |
2013 | 5.º Lugar | Grupo Especial | “Fama” (Samba-enredo composto por Ge Lopes, João Ferreira, Marcelo Motta e Thiago Daniel) |
Renato Lage e Márcia Lage | [386] [387] [379] [388] |
2014 | Vice-campeã | Grupo Especial | “Gaia – A vida em nossas mãos” (Samba-enredo composto por Betinho de Pilares, Dudu Botelho, Jassa, Miudinho, Rodrigo Raposo e Xande de Pilares) |
Renato Lage e Márcia Lage | [389] [379] |
2015 | Vice-campeã | Grupo Especial | “Do fundo do quintal, saberes e sabores na Sapucaí” (Samba-enredo composto por Betinho de Pilares, Jassa, Luiz Pião, Miudinho, W. Corrêa e Xande de Pilares) |
Renato Lage e Márcia Lage | [390] [391] [379] |
2016 | 4.º Lugar | Grupo Especial | “A ópera dos malandros” (Samba-enredo composto por Francisco Aquino, Fred Camacho, Getúlio Coelho, Guinga do Salgueiro, Marcelo Motta e Ricardo Fernandes) |
Renato Lage e Márcia Lage | [379] [368] |
2017 | 3.º Lugar | Grupo Especial | “A divina comédia do carnaval” (Samba-enredo composto por Francisco Aquino, Fred Camacho, Getúlio Coelho, Guinga do Salgueiro, Marcelo Motta e Ricardo Fernandes) |
Renato Lage e Márcia Lage | [392] |
2018 | 3.º Lugar | Grupo Especial | “Senhoras do ventre do mundo” (Samba-enredo composto por Demá Chagas, Dudu Botelho, Xande de Pilares, Renato Galante, Jassa, Leonardo Galo, Betinho de Pilares, Vanderley Sena, Ralfe Ribeiro e W. Corrêa) |
Alex de Souza | [393] |
2019 | Grupo Especial | Alex de Souza |
Títulos
Títulos da Acadêmicos do Salgueiro | ||||
---|---|---|---|---|
Divisão | Títulos | Carnavais | Referência | |
Grupo Especial | 9 | 1960, 1963, 1965, 1969, 1971, 1974, 1975, 1993 e 2009 | [125][312] |
Premiações
Estandarte de Ouro
Categoria | Total | Ano | Referência |
---|---|---|---|
Escola | 8 | 1974, 1993, 1994, 2000, 2003, 2009, 2014, 2018 | [15][394] |
Samba-enredo | 2 | 1978, 2014 | [15][395] |
Enredo | 9 | 1973, 1974, 1990, 1991, 1993, 2006, 2009, 2013, 2016 | [370][396] |
Bateria | 9 | 1973, 1975, 1984, 1993, 1998, 2000, 2003, 2008, 2014 | [15][397] |
Intérprete | 1 | 1989 | [398] |
Porta-bandeira | 6 | 1982, 1985, 1986, 1991, 2001, 2016 | [186][370] |
Mestre-sala | 7 | 1986, 1988, 1998, 2001, 2003, 2004, 2017 | [399] |
Comissão de frente | 6 | 1990, 1996, 2003, 2005, 2013, 2016 | [370][400] |
Ala das baianas | 6 | 1986, 1988, 1989, 2005, 2007, 2010 | [401] |
Melhor ala | 2 | 2008, 2011 | |
Ala de Passistas | 1 | 2017 | [402] |
Passista feminino | 5 | 1978, 1983, 1985, 1987, 2007 | [403] |
Passista masculino | 3 | 1981, 2005, 2017 | [404] |
Revelação | 2 | 1992, 2010 | [405] |
Personalidade | 7 | 1979, 1982, 1983, 1986, 1992, 1994, 2003 | [406] |
Destaque feminino (Categoria extinta em 1986) |
3 | 1976, 1977, 1980 | [407] |
Destaque masculino (Categoria extinta em 1986) |
2 | 1973, 1984 | [408] |
Melhor Ala de Crianças (Categoria extinta em 1994) |
1 | 1993 | [409] |
Melhor Fantasia (Categoria extinta em 1975) |
1 | 1974 | [410] |
Outros prêmios
Além de ser uma das maiores vencedoras do Prêmio Estandarte de Ouro, a Acadêmicos do Salgueiro é a maior vencedora do Prêmio Tamborim de Ouro, do site O Dia Online. A escola foi eleita, através de votação popular pela internet, seis vezes a melhor escola do carnaval carioca, nos anos de 2005, 2007, 2013, 2014, 2015 e 2016.[15][16]
Ano | Prêmio | Categoria / premiados | Ref. |
---|---|---|---|
1967 | Cidadão Samba | Sebastião Vieira da Silva (Tião) | [411] |
1972 | Cidadão Samba | Jorge Calça Larga | [411] |
1976 | Cidadão Samba | Neca da Baiana | [411] |
1999 | Tamborim de Ouro | “Samba no pé” Feminino (Flávia Cirino) | [412] |
2002 | Tamborim de Ouro | Prêmio especial | [413] |
2003 | Tamborim de Ouro | Samba-enredo (“Salgueiro, minha paixão, minha raiz – 50 anos de glória” – Compositores: Claudinho, Leonel, Luizinho Professor, Serginho 20 e Sidney Sã) |
[414] |
2004 | Tamborim de Ouro | Bateria (Diretor: Mestre Jonas) | [415] |
2005 | Tamborim de Ouro | Melhor escola | [343] |
Plumas & Paetês Cultural | Destaque masculino (Ronaldo Barros) | [416] | |
2006 | Tamborim de Ouro | “Samba no pé” Masculino (Carlinhos do Salgueiro) | [417] |
Apoteose do Samba | Mestre-sala (Ronaldinho) | [418] | |
Plumas & Paetês Cultural | Aderecista (Anderson Abreu) | [419] | |
Personalidade (Júlio Machado, “Xangô do Salgueiro”) | |||
2007 | Tamborim de Ouro | Melhor escola | [420] |
S@mba-Net | Velha guarda | [421] | |
Plumas & Paetês Cultural | Diretor de carnaval (Ricardo Fernandes) | [422] | |
2008 | Estrela do Carnaval | Melhor desfile do ano | [60] |
Comissão de frente (Coreógrafo: Hélio Bejani) | |||
S@mba-Net | Velha guarda | [423] | |
Apoteose do Samba | Mestre-sala (Ronaldinho) | [424] | |
2009 | Tamborim de Ouro | Bateria (Diretor: Mestre Marcão) | [425] |
Estrela do Carnaval | Melhor desfile do ano | [68] | |
Carnavalesco (Renato Lage) | |||
Conjunto de fantasias | |||
S@mba-Net | Velha guarda | [426] | |
Apoteose do Samba | Melhor escola | [427] | |
Rainha de bateria (Viviane Araújo) | |||
Plumas & Paetês Cultural | Destaque performático (Maurício Pina) | [428] | |
Troféu Jorge Lafond | Personalidade (Regina Celi) | [429][430] | |
2010 | Tamborim de Ouro | Ala mirim (Cupins) | [431] |
Gato de Prata | Ala coreografada | [432] | |
Troféu Jorge Lafond | Personalidade (Quinho) | [433] | |
2011 | Tamborim de Ouro | Musa da Sapucaí (Viviane Araújo) | [434] |
Estrela do Carnaval | Ala das baianas | [60] | |
Conjunto de alegorias | |||
Tupi Carnaval Total | Samba-enredo (“Salgueiro apresenta: O Rio no cinema” – Compositores: Anderson Benson, Dudu Botelho, Luiz Pião e Miudinho) |
[435] | |
Carnavalescos (Renato Lage e Márcia Lage) | |||
Gato de Prata | Enredo (“Salgueiro apresenta: O Rio no cinema”) | [436] | |
S@mba-Net | Velha guarda | [437] | |
Troféu Jorge Lafond | Personalidade (Mestre Marcão) | [438] | |
Plumas & Paetês Cultural | Desenhista (Renato Lage) | [439] | |
Escultor (Carlos Lopes) | |||
Pintor (Gilberto de Lima) | |||
Iluminador (Renato Ribeiro) | |||
2012 | SRZD-Carnaval | Melhor escola | [333] |
Tamborim de Ouro | Bateria (Diretor: Mestre Marcão) | [440] | |
Estrela do Carnaval | Ala das baianas | [60] | |
Gato de Prata | Ala de passistas feminino | [441] | |
Tupi Carnaval Total | Rainha de bateria (Viviane Araújo) | [442] | |
Troféu Jorge Lafond | Personalidade (Vânia Flor – musa da escola) | [443] | |
Plumas & Paetês Cultural | Carnavalesco (Renato Lage) | [444] | |
Carpinteiro (Futica) | |||
Aderecista (Adalberto Ferreira) | |||
Ferreiro (Alexandre Vieira) | |||
Gestor de ateliê (Fernando Magalhães) | |||
2013 | Tamborim de Ouro | Melhor escola | [343] |
Comissão de frente (Coreógrafo: Hélio Bejani) | |||
Ala das baianas | |||
Musa da Sapucaí (Viviane Araújo) | |||
SRZD-Carnaval | Bateria (Diretor: Mestre Marcão) | [445] | |
Estrela do Carnaval | Bateria (Diretor: Mestre Marcão) | [60] | |
Conjunto de fantasias | |||
Gato de Prata | Ala das baianas | [446] | |
Destaque (Marcelo Torreão) | |||
Rainha de bateria (Viviane Araújo) | |||
S@mba-Net | Destaque de luxo (Maria Helena Cadar) | [447] | |
Plumas & Paetês Cultural | Iluminador / Eletricista (Renato Ribeiro) | [448] | |
Destaque performático (Maurício Pina) | |||
Destaque de luxo feminino (Maria Helena Cadar) | |||
Destaque de luxo masculino (Nelcimar Pires) | |||
Veja Rio Carnaval | Mestre de bateria (Mestre Marcão) | [449] | |
Troféu Jorge Lafond | Homenagem especial (Regina Celi) | [450] | |
Homenagem especial (Carlinhos – coreógrafo) | |||
2014 | Tamborim de Ouro | Melhor escola | [52] |
Samba-enredo (“Gaia, a vida em nossas mãos” – Compositores: Betinho de Pilares, Dudu Botelho, Jassa, Miudinho, Rodrigo Raposo e Xande de Pilares) |
|||
Enredo (“Gaia, a vida em nossas mãos”) | |||
Bateria (Diretor: Mestre Marcão) | |||
Ala das baianas | |||
Conjunto de alegorias | |||
Musa da Sapucaí (Viviane Araújo) | |||
SRZD-Carnaval | Destaque (Djalma Sabiá) | [451] | |
Estrela do Carnaval | Casal de Mestre-sala e Porta-bandeira (Sidcley e Marcella Alves) | [60] | |
Ala das baianas | |||
Conjunto de fantasias | |||
Gato de Prata | Samba-enredo (“Gaia, a vida em nossas mãos” – Compositores: Betinho de Pilares, Dudu Botelho, Jassa, Miudinho, Rodrigo Raposo e Xande de Pilares) |
[452] | |
Bateria (Diretor: Mestre Marcão) | |||
Ala de passistas feminino | |||
Rainha de bateria (Viviane Araújo) | |||
S@mba-Net | Velha guarda | [453] | |
Apoteose do Samba | Mestre-sala (Sidcley) | [454] | |
Plumas & Paetês Cultural | Destaque de luxo feminino (Maria Helena Cadar) | [455] | |
Veja Rio Carnaval | Alegoria (Carro abre-alas, “Templo Sagrado de Olorum”) | [456] | |
2015 | Tamborim de Ouro | Melhor escola | [53] |
Musa da Sapucaí (Viviane Araújo) | |||
Estrela do Carnaval | Melhor desfile do ano | [67] | |
Bateria (Diretor: Mestre Marcão) | |||
Ala de passistas | |||
Conjunto de alegorias | |||
Tupi Carnaval Total | Melhor escola | [69] | |
Bateria (Diretor: Mestre Marcão) | |||
Gato de Prata | Melhor escola | [361] | |
Carnavalescos (Renato Lage e Márcia Lage) | |||
Comissão de frente (Coreógrafo: Hélio Bejani) | |||
Diretor de carnaval (Dudu Azevedo) | |||
S@mba-Net | Comissão de frente (Coreógrafo: Hélio Bejani) | [457] | |
Troféu Jorge Lafond | Homenagem especial (Viviane Araújo) | [458] | |
2016 | Tamborim de Ouro | Melhor escola | [16] |
Samba-enredo (“A Ópera dos Malandros” – Compositores: Francisco Aquino, Fred Camacho, Getúlio Coelho, Guinga, Marcelo Motta e Ricardo Fernandes) |
|||
Musa da Sapucaí (Viviane Araújo) | |||
Estrela do Carnaval | Enredo (“A Ópera dos Malandros”) | [459] | |
Ala das baianas | |||
SRZD-Carnaval | Ala das baianas | [460] | |
Ala de passistas | |||
Gato de Prata | Comissão de frente (Coreógrafo: Hélio Bejani) | [461][462] | |
Ala de passistas masculinos | |||
Personalidade (Aílton Graça) | |||
S@mba-Net | Ala das baianas | [463] | |
Destaque de luxo (João Helder) | |||
Troféu Bateria | Ala de tamborim | [464] | |
Desenho de tamborim | |||
Prêmio Machine | Direção de harmonia (Jô Calça Larga, Siro e Tia Alda) | [465][466] | |
Ala de passistas | |||
Passista Samba no Pé | Ala de passistas | [467] | |
Passista feminino (Larissa Reis) | |||
Troféu Jorge Lafond | Homenagem especial (Leonardo Bessa) | [468] | |
2017 | Tamborim de Ouro | Escola do Povo | [469] |
Samba do Ano (“Divina Comedia do Carnaval” – Compositores: Francisco Aquino, Fred Camacho, Getúlio Coelho, Guinga, Marcelo Motta e Ricardo Fernandes) |
|||
Musa da Sapucaí (Viviane Araújo) | |||
Estrela do Carnaval | Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira | [470] | |
Bateria | |||
2018 | Estrela do Carnaval | Desfile do ano | [471] |
Conjunto de alegorias | |||
Conjunto de fantasias | |||
Baianas | |||
SRZD-Carnaval | Melhor Escola | ||
Melhor Ala de Passistas | |||
Tamborim de Ouro | Casal nota 10 (Sidclei e Marcella Alves) | [472] | |
Baianas | |||
Musa da Sapucaí (Viviane Araújo) | |||
Estandarte de Ouro | Melhor Escola | [473] |
Quadra
A quadra da Acadêmicos do Salgueiro localiza-se na rua Silva Teles, n.º 104, no Andaraí. Tem capacidade para 4.000 pessoas. Possui 18 bares, 8 banheiros, posto de atendimento médico, palco para shows, camarotes, camarins e sistema de ar-condicionado central. Além de ensaios e eventos particulares da escola, a quadra também recebe shows de diversos artistas da música popular brasileira.[474]
Departamento Médico
A Acadêmicos do Salgueiro também oferece atendimento de saúde gratuito à comunidade da escola. Os atendimentos são realizados no Departamento Médico Miro Garcia, através de médicos voluntários.[475]
Centro Cultural
Em 2013 foi anunciada a criação do Centro Cultural Djalma Sabiá. O nome homenageia um dos fundadores da Acadêmicos do Salgueiro e compositor de diversos sambas da escola. O projeto foi idealizado pela presidente da escola, Regina Celi Fernandes. No espaço encontra-se todo o acervo cultural da agremiação, e uma loja onde são vendidos produtos da escola. O Centro Cultural localiza-se em frente à quadra da escola, na rua Silva Teles, n.º 79, no Andaraí.[476]
Vila Olímpica do Salgueiro
Em 30 de março de 1996 foi inaugurada a Vila Olímpica do Salgueiro, situada ao lado da quadra da Acadêmicos do Salgueiro, na rua Silva Teles, n.º 104, no Andaraí.[477] Possui um espaço físico de 4000 m². Conta com dois campos de grama sintética, quadra poliesportiva, piscina semi olímpica, pista de atletismo, lanchonete, biblioteca, sala de dança, sala de luta, entre outras salas de aula e administrativas, além de vestiários e banheiros. No local são realizados diversos projetos de cidadania e inclusão social, entre atividades físicas e esportivas.[478] Em abril de 2015 foi inaugurada, dentro da Vila Olímpica, uma unidade da Faetec Digital, com sala de informática e uso gratuito de internet banda larga.[479]
Escola Mirim
Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mirim Aprendizes do Salgueiro é a escola de samba mirim representante da Acadêmicos do Salgueiro. Foi fundada em 3 de outubro de 1989. Participa dos desfiles mirins desde a sua implantação. Em 2002 participou da criação da AESM, entidade responsável pelos desfiles mirins. A escola alterna entre enredos inéditos e reedições da Acadêmicos do Salgueiro. Os enredos são desenvolvidos pelo departamento cultural da Acadêmicos do Salgueiro, e compositores da “Academia do samba” também compõem para a Aprendizes. O desfile dessas escolas não é competitivo, ou seja, não há uma campeã.[480] A escola serve de grande celeiro para revelar novos talentos. Começaram na Aprendizes do Salgueiro, artistas como o compositor e cantor Dudu Nobre, a porta-bandeira Lucinha Nobre, os intérpretes Zé Paulo Sierra e Leonardo Bessa, o mestre de bateria Thiago Diogo, entre outros sambistas.[481][482]
Bibliografia
- Bastos, João (2010). Acadêmicos, unidos e tantas mais – Entendendo os desfiles e como tudo começou 1.ª ed. Rio de Janeiro: Folha Seca. ISBN 978-85-87199-17-1
- Bruno, Leonardo (2013). Explode, coração: Histórias do Salgueiro 1.ª ed. Rio de Janeiro: Verso Brasil Editora. 220 páginas. ISBN 978-85-62767-08-1
- Cabral, Sérgio (2011). Escolas de Samba do Rio de Janeiro 1.ª ed. São Paulo: Lazuli; Companhia Editora Nacional. 495 páginas. ISBN 978-85-7865-039-1
- Costa, Haroldo (1984). Salgueiro: academia de samba 1.ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record. 311 páginas
- Costa, Haroldo (2003). Salgueiro: 50 anos de glória 1.ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record. 334 páginas. ISBN 85-01-06628-1
- Diniz, André (2012). Almanaque do Samba – A história do samba, o que ouvir, o que ler, onde curtir 1.ª ed. Rio de Janeiro: Zahar. ISBN 978-85-37808-73-3
- Diniz, André; Cunha, Diogo (2014). Na Passarela do Samba – O Esplendor das Escolas em 30 anos de desfiles de carnaval no Sambódromo 1.ª ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra. ISBN 978-85-7734-445-1
- Fabato, Fábio; Gasparini, Gustavo; Melo, João Gustavo; Magalhães, Luis Carlos; Simas, Luiz Antonio (2016). As Matriarcas da Avenida: Quatro grandes escolas que revolucionaram o maior show da Terra 1.ª ed. Rio de Janeiro: Novaterra Editora e Distribuidora Ltda. 265 páginas. ISBN 978-85-61893-61-3
- Fernandes, Nélson da Nóbrega (2001). Escolas de Samba: Sujeitos Celebrantes e Objetos Celebrados (PDF). Col: Memória Carioca. vol. 3; 1.ª ed. Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio de Janeiro. 153 páginas
- Gomyde Brasil, Pérsio (2015). Da Candelária à Apoteose – Quatro décadas de paixão 3.ª ed. Rio de Janeiro: Multifoco. ISBN 978-85-7961-102-5
- G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro (8 de novembro de 2012). Estatuto Social do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro (PDF) (Relatório). Rio de Janeiro. 30 páginas. Consultado em 24 de setembro de 2017. Cópia arquivada (PDF) em 8 de junho de 2017
- Pamplona, Fernando (2017). O encarnado e o branco 1.ª ed. Rio de Janeiro: Novaterra Editora e Distribuidora Ltda. 173 páginas. ISBN 978-85-61893-23-1
Referências
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- «Resultados, Sambas e Histórico». Site Sambario Carnaval. Consultado em 24 de setembro de 2017. Cópia arquivada em 10 de agosto de 2017
- «Livro conta histórias da Mangueira, Portela, Salgueiro e Império Serrano e encerra coleção». Site Carnavalesco. Consultado em 24 de setembro de 2017. Cópia arquivada em 17 de abril de 2016
- «A Revolução – Capítulo 6: Com ‘Pega no ganzê’, Salgueiro consagra um novo formato de samba e ganha mais um título». Site do Jornal Extra. Consultado em 24 de setembro de 2017. Cópia arquivada em 30 de janeiro de 2016
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UM MORRO GANHA VIDA…
Princípio do século XX no Rio de Janeiro. As terras de um morro encravado no bairro da Tijuca, que já haviam abrigado lavouras de café e uma fábrica de chita, aos poucos vão se transformando em lugar de moradia para imigrantes e escravos. Muitos se diziam seus donos, mandando e desmandando no local. Mas, mesmo ganhando vida, aquele morro ainda era um lugar sem nome. Isto perdurou até a chegada do português Domingos Alves Salgueiro.
Comerciante e dono de uma fábrica de conservas na Rua dos Araújos, na Tijuca, Domingos era também proprietário de 30 barracos no local. Logo o português virou referência e designação do morro, que passou a ser conhecido como morro do “seu Salgueiro”. Isso bastou para dar a fama ao local e batizar o morro como o Morro do Salgueiro.
Aos poucos, o Morro do Salgueiro começou a ser procurado por famílias de Minas Gerais, interior do estado do Rio de Janeiro, sul da Bahia e Nordeste. São essas pessoas que começam a dar vida ao morro, construindo casas, barracos e transformando a pedra bruta e inanimada em um lugar de moradia.
Atraídos pela fama do lugar, outros moradores vão chegando. São novos imigrantes, que, ao lado de seus conterrâneos passam a construir mais e mais barracos.
Aos poucos os moradores foram modificando a história e a geografia do morro, dando nomes às suas ruas, vielas e “bairros”, cantos e recantos de um morro que ia ganhando vida e cotidiano. E assim surgiram o Sossego (local mais sossegado), o Campo (devido ao campo de futebol) e o Pedacinho do Céu (por ser a parte mais alta, onde os barracos ficam mais isolados do mundo). Tinha também o Canto do Vovô, Sunga, Caminho Largo, Trapicheiro, Portugal Pequeno, Sempre Tem, Anjo da Guarda, Terreirão, Grota, Rua Cinco, Carvalho da Cruz e Buate.
De suma importância para o dia a dia do morro foram as famosas tendinhas, locais onde se compravam os gêneros de necessidade urgente, como o quilo de feijão ou de açúcar. Algumas ganharam fama, como a de seu Neca da Baiana, de Ana Bororó, de Casemiro Calça Larga ou de Anacleto Português, entre outras. As tendinhas iam se transformando no ponto de encontro dos moradores e locais de discussão sobre política, futebol e samba. E, entre um gole e outro de cerveja e cachaça, surgiram incontáveis parcerias musicais.
De seus locais de origem, os moradores do Salgueiro trouxeram novas culturas, hábitos e costumes que foram se incorporando ao dia a dia de todos os habitantes do morro. Carimbó, Folia de Reis, Calango, Jongo e Samba de Roda eram cantados e dançados em datas folclóricas dos imigrantes e passaram a ser apreciados também nas festas do morro, fossem da cumeeira, casamentos ou aniversários, sempre acompanhados de cozidos, mocotós, peixadas e feijoadas.
Em meio às manifestações folclóricas, o Caxambu, dança vinda do interior de Minas Gerais e do estado do Rio de Janeiro (Santo Antônio de Pádua, Itacoara, Cantagalo, Cambuci e Sta. Maria Madalena), se destacou e se tornou a principal manifestação folclórica absorvida pelos moradores, já conhecidos pelo gentílico de “salgueirenses”.
Pouco a pouco o morro do Salgueiro ia ganhando também uma vida social. E três lugares foram fundamentais para a recreação dos moradores: o Grêmio Recreativo Cultivista Dominó, O Grêmio Recreativo Sport Club Azul e Branco e o chamado Cabaré do Calça Larga. Nos bailes, com música ao vivo, os rapazes de terno engomado, sapato bico fino e salto carrapeta desfilavam pelo salão, apreciando as moças com suas roupas de organdi, seda e tafetá, sapatos altos e perfume de leite de rosas.
Por conta das diversas influências, a diversidade religiosa também se manifestou no Salgueiro. Na subida do morro, o Cruzeiro passou a ser um local para os agradecimentos, com velas acesas para as Almas Benditas, flores e ex-votos de promessas a pagar. Os terreiros de Umbanda e Candomblé também faziam parte da religiosidade do morro. Neles, às segundas e sextas-feiras, os toques dos atabaques, o bater de palmas e o coro, que entoava pontos em ioruba e português, saudavam orixás e caboclos. Um dos primeiros terreiros do morro foi o de Seu Oscar Monteiro, no Pedacinho do Céu, que, ao lado da Tenda Espírita Divino Espírito Santo, de Paulino de Oliveira, foi um dos mais famosos terreiros do Salgueiro.
O morro abrigou ainda diversas benzedeiras, como Dona Helena Correia da Silva, uma das mais conhecidas do local. Graças às garrafadas curadoras, banhos de limpeza, rezas localizadas, as benzedeiras do Salgueiro ganharam fama que se espalhou por toda a Tijuca.
Em janeiro, o dia 20 passou a ser especial para os moradores do Salgueiro. É nesta data que, até hoje, flores e velas se espalham pelo morro para a festa em homenagem ao padroeiro do Salgueiro, São Sebastião, cujas cores são o vermelho e o branco. O Campo se transforma num arraial, enfeitado com barraquinhas e bandeirolas para a festa. A diversidade religiosa do Salgueiro permite ainda que o morro abrigue outro padroeiro e protetor: Xangô, orixá do Candomblé, também de cores vermelho e branco e também reverenciado no dia 20 de janeiro, quando, à noite, diante dos pegis e dos gongás, o senhor das pedreiras recebe as homenagens de seus afilhados do Salgueiro.
A luta social também faz parte da história do morro do Salgueiro. Foi lá que surgiu a primeira associação de moradores do Rio de Janeiro, no início de 1934, quando os habitantes do morro foram ameaçados de despejo. Liderados pelo sambista Antenor Gargalhada, os salgueirenses saíram vitoriosos na batalha jurídica e continuaram a conviver pacificamente no morro do Salgueiro, fazendo suas festas, suas músicas e seus sambas.
… E DE SAMBA EM SAMBA, NASCE A ACADEMIA
Desde o surgimento de um cotidiano no morro do Salgueiro, os moradores já mostravam sua musicalidade e tinham muito orgulho dos sambas que compunham. Era uma vida marcada pela altura do morro de pedra ainda bruta, mas com uma vista privilegiada da cidade. Um mar de luzes que virou inspiração para a criação de sambas na volta do trabalho.
Carnavalesco por natureza, o morro chegou a abrigar mais de dez blocos, entre eles o Capricho do Salgueiro, Flor dos Camiseiros, Terreiro Grande, Príncipe da Floresta, Pedra Lisa, Unidos da Grota e Voz do Salgueiro. Todos com um grande número de componentes que desciam do morro para brincar na Praça Saenz Peña e nas famosas batalhas de confete da Rua Dona Zulmira, onde o Salgueiro era respeitado pelo talento de seus compositores e mostrava a todos que já era uma verdadeira academia de samba. Era lá em cima, no morro do Salgueiro que, ainda nos anos 30, Dona Alice Maria de Lourdes do Nascimento, conhecida com Dona Alice da Tendinha, passou a organizar um corpo de jurados para premiar os blocos que desfilavam no morro. A cada ano o desfile ficava mais animado e reunia moradores de outros morros e bairros, atraídos pela qualidade dos sambas feitos no Salgueiro.
Da fragmentação do samba do morro em vários blocos surgiu a união e nasceram três escolas de samba no Salgueiro: Unidos do Salgueiro, de cores azul e rosa, a Azul e Branco e a alviverde Depois Eu Digo.
A escola de samba Azul e Branco teve como figuras principais Antenor Gargalhada, o português Eduardo Teixeira, e o italiano Paolino Santoro, o Italianinho do Salgueiro. A ala de baianas da escola era uma das maiores da cidade e abrigava personagens como as jovens Maria Romana, Neném do Buzunga, Zezé e Doninha.
A Unidos do Salgueiro foi formada pela união de dois dos mais importantes blocos do morro: Capricho do Salgueiro e Terreiro Grande. A figura dominante da escola era Joaquim Casemiro, mais conhecido como Calça Larga. Líder no morro e bem articulado politicamente, Calça Larga organizava as rodas de samba, passeios, piqueniques em Paquetá e tudo o que fosse possível para unir a comunidade do morro.
Reunindo um grupo de sambistas talentosos, a Depois Eu Digo se transformou em escola de samba em 1934 e abrigava em suas fileiras nomes como Pedro Ceciliano, o Peru, Paulino de Oliveira, Mané Macaco, entre outros.
Nas três escolas iam surgindo talentosos compositores, verdadeiros gênios musicais, como Geraldo Babão, Guará, Iracy Serra, Noel Rosa de Oliveira, Duduca, Geraldo, Abelardo, Bala, Anescarzinho, Antenor Gargalhada e Djalma Sabiá. Homens que enriqueceram o cenário musical brasileiro e construíram uma obra original para as escolas de samba do morro. Foram as canções inspiradas desses bambas que fizeram com que o Salgueiro passasse a ser respeitado por todas as demais escolas de samba.
Mesmo com a qualidade de seus compositores, o Salgueiro, com suas três escolas, não conseguia ameaçar o predomínio das maiores escolas de então – Mangueira, Portela e Império Serrano. Os sambistas de outros morros respeitavam os salgueirenses e citavam seus compositores, passistas e batuqueiros como o que havia de melhor no mundo samba. Mas, nos desfiles da Praça XI … nada acontecia.
No desfile de 1953 não foi diferente e a melhor escola do morro foi a Unidos do Salgueiro, que ficou em sexto lugar. Logo após o resultado, muitos sambistas começaram a se colocar contra a divisão de forças no morro. Foi então que, no sábado, Geraldo Babão desceu o morro cantando a união das três escolas:
“Vamos balançar a roseira,
Dar um susto na Portela, no Império, na Mangueira.
Se houver opinião, o Salgueiro apresenta uma só união,
Vamos apresentar um ritmo de bateria
Pro povo nos classificar em bacharel,
Bacharel em harmonia.
Na roda de gente bamba,
Frequentadores do samba
Vão conhecer o Salgueiro
Como primeiro em melodia.
A cidade exclamará em voz alta:
– Chegou, chegou a Academia!”.
Componentes e baterias das três escolas se juntaram somando cores e bandeiras e arrastando o povo para a Praça Saenz Peña. Foi o estopim para a fusão. Depois de algumas reuniões em que foram decididos o nome e as cores da nova escola do morro, em 5 de março de 1953, os componentes da Depois Eu Digo e da Azul e Branco se uniram fundaram o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, com as cores vermelho e branco, uma combinação que já era a quebra de um tabu, uma vez que, naquela época todos achavam que “crioulo com roupa vermelha parecia o demônio”. A Unidos do Salgueiro desapareceu anos depois e seus integrantes se juntaram aos Acadêmicos do Salgueiro.
Era o nascimento de uma escola que não seria nem a melhor, nem a pior, mas apenas uma escola diferente.
Conheça aqui um resumo das atas das reuniões que resultaram na fundação de nossa escola.
A primeira reunião para a fusão das escolas do Morro do Salgueiro – Unidos do Salgueiro, Depois Eu Digo e Azul e Branco – foi realizada no dia 25 de fevereiro de 1953, após o carnaval daquele ano, na sede da Confedereção Brasileira das Escola de Samba. A idéia inicial era que a nova escola reunisse os sambistas das três escolas. No dia 2 de março, algumas divergências fizeram com que a Unidos do Salgueiro se retirasse das conversações (a escola ainda desfilou nos anos seguintes, mas desapareceria pouco tempo depois). Na reunião seguinte, em 5 de março, os sambistas da Depois Eu Digo e da Azul e Branco se reuniram na sede da Depois Eu Digo, no morro do Salgueiro, e fundaram o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro. Em 15 de março, em reunião complementar à de 5 de março, foram tomadas as últimas decisões sobre a nova escola, como a escolha do nome e da diretoria da nova agremiação. Agradecemos a Djalma Sabiá, um dos personagens mais ilustres da história do Salgueiro, que esteve presente às reuniões, e, gentilmente, cedeu à Diretoria Cultual as cópias das atas de fundação dos Acadêmicos do Salgueiro. 25 de fevereiro de 1953 – Confederação Brasileira das Escolas de Samba Ata da sessão extraordinária realizada em 25 de fevereiro de 1953 na sede social da Confederação Brasileira das Escolas de Samba, na rua Uruguaiana, 113 – 2º andar, tendo com finalidade registrar os atos do primeiro entendimento das diretorias das escolas de samba do Morro do Salgueiro com a finalidade de fazer a fusão e ficar só uma escola de samba representando o Salgueiro. Presentes as seguintes pessoas: presidente da Azul e Branco, Eduardo Santos Teixeira, presidente da Depois eu Digo, Paulino de Oliveira, presidente da Unidos do Salgueiro, Joaquim Casemiro, presidente da C.B.E.S., Oscar Messias Cardoso, e demais – Manoel Vicente de Oliveira, Waldemar dos Santos, Durval Antônio de Jesus, Joviniano de Oliveira, Pedro Ceciliano e José da Silva.
O Sr. Casemiro, iniciando seu discurso, disse que foi com o maior prazer que recebeu o oficio dirigido pelo companheiro Alcides para esta reunião, cuja finalidade era o seu maior desejo e visto que já no ano passado fizeram esta tentativa e nada conseguiram. Depois que recebeu em suas mãos o convite de seu companheiro, reuniu imediatamente sua massa, deram rápida deliberação e aqui voltou e voltaria quantas vezes fosse preciso para realizar esta fusão e trazer oficialmente todo o apoio da E. S. Unidos do Salgueiro. A seguir, o Sr. Paulino de Oliveira também se referiu à proposta anterior, quando nada pôde conseguir no passado para aderir à fusão, mas agora, respeitando a decisão desta mesma massa, ele, o presidente, não via outra coisa a não ser a fusão. A seguir tem a palavra o Sr. Eduardo que, muito breve e decidido, disse: “Senhores, estou de acordo com a fusão para que o Salgueiro vá sempre para frente e não para trás”. Da cor O presidente da mesa propõe então tratar da cor. Sr. Casemiro pede a palavra e propõe eliminar por completo as cores que já existem no morro. O Sr. Eduardo concorda com qualquer cor que seja de comum acordo, mas faz sentir que continua com a sua cor e com o seu Sport Azul e Branco, que tem um estatuto e registro esportivo. O senhor presidente responde então que o Sport nada tem a ver com o samba. Todos apóiam e o presidente propõe as cores verde e amarela. O carnavalesco do Azul e Branco manifesta-se e faz uma advertência sobre a proibição por lei desta cor em conjunto recreativo. Senhor Manoel de Oliveira faz uma composição das três cores em conjunto – verde, azul e rosa -, mesmo porque não concorda com uma cor estranha. Senhor Eduardo acha muitas cores juntas, mas o Sr. Manoel defende, dizendo que depende de saber armar e todas aparecerem distintamente. O carnavalesco do Azul e Branco sugere alternar de ano para ano as combinações das cores no conjunto. Sr. Eduardo não concorda. Prefere cor fixa e nada que faça complicações. Senhor Casemiro discorda das três cores e acha que devem ser duas cores e propõe reforçar a proposta do Sr. Presidente (verde e amarelo). Senhor Waldemar acha que devem desaparecer todas as cores existentes. Sr. Manoel propõe votação da cor. Sr. Presidente apresenta então as duas propostas: tricolor (verde, azul e rosa) e verde e amarelo. Sr. Casemiro propõe verde e amarelo contra a proposta tricolor e explica que propôs a massa esta cor tricolor e que pela mesma foi reprovada. Sr. Joviniano sustenta que não concorda com o verde e amarelo porque já teve esta cor no Morro. Sr. Presidente estão invoca aos diretores a aprovação das cores. Sr. Casemiro vota em verde e amarelo, Sr. Manoel e o Sr. Joviniano votam em branco, Sr. Pedro e José da Letra, verde e amarela, Sr. Durval também verde e amarelo. Sr. Presidente aprova de acordo com a maioria, vencendo, assim, o verde e amarelo. Da forma de diretoria O Sr. Presidente propõe que para formar a diretoria cada Escola apresente cinco diretores. Sr. Casemiro acha que não se pode dispensar este ou aquele ou menos prezar os outros, Sr. Presidente acha que na sessão seguintes podem trazer os cincos nomes e então formar a diretoria. Do nome da entidade O Senhor presidente invoca aos presentes o nome da entidade e ele mesmo propõe “Milionários do Salgueiro”. Senhor Paulino propõe “Salgueiro Capital do Samba”, Sr. Pedro, “Unidos Acadêmicos”, Sr. Eduardo, “Acadêmicos do Salgueiro”. O Sr. Secretario pede ao Sr. Casemiro para realizar esta proposta porque em particulares conversações com as massas em geral foi condenado o nome de União. Sr. Casemiro diz que este nome já estava aprovado pela massa que ele representa, mas para congratular com o companheiro Alcides retirava a proposta de união e então propõe “Academia do Salgueiro”. Sr. Manoel propõe a “Voz do Salgueiro”, Sr. Waldemar congratula com o Sr. Manoel pela “Voz do Salgueiro”, porque este também era o seu ideal, mas que retirava a proposta em benefício das massas. Sr. Paulino reforça a proposta do Sr. Eduardo e Casemiro (“Academia do Salgueiro”) e sugere que seja posto em votação, dizendo que União já é um nome demais conhecido e até mesmo corriqueiro e por isso ele também aprovava “Academia do Salgueiro”. Sr. Waldemar pede desculpas ao Sr. Secretario, contrariando a própria decisão do Sr. Casemiro. O presidente da escola, diz que em nome da democracia que a massa é que deve votar e renuncia a “Voz do Salgueiro” em benefício de “União do Salgueiro” que é a proposta da massa. O Sr. Presidente suspende a sessão por cinco minutos a fim de arranjarem outro nome. Sr. Casemiro, ao fim do intervalo, propõe novamente o nome “Acadêmicos do Salgueiro”, que, submetido à aprovação, foi aprovado. Pedro Ceciliano diz que já fala em nome do Salgueiro e pede que todos os diretores de cada escola que possuam materiais de samba devem doá-lo para a nova entidade. Pede aos compositores que não se afastem, pois todos serão necessários. Sr. José da Silva exalta também a grandeza desta união. O presidente Tupy de Mendonça saúda em nome da C.B.E.S. e diz, em nome da entidade, que esta unificação honra o Salgueiro e também dignifica os sambistas e que eles, acordando com nome de “Acadêmicos do Salgueiro”, glorificarão a grandeza de nossa música e nosso samba com a bandeira de cor verde e amarela. Sr. Casemiro convida a todos para darem o choque na cidade em desfile no Arsenal de Marinha “porque, inegavelmente, o samba está no Salgueiro”, e pede a massa para se esquecer o nome de “Azul e Branco”, “Depois eu Digo” e “Unidos do Salgueiro”.
ANOS 50
OS PRIMEIROS DESFILES E O PRIMEIRO TÍTULO
1960 – Alegoria dos Tambores
Logo após a fundação da nova escola, os trabalhos para o primeiro desfile dos Acadêmicos do Salgueiro começaram. O enredo escolhido foi Uma Romaria à Bahia, de autoria do carnavalesco Hildebrando Moura. O Salgueiro fez um grande desfile e mostrou que aqueles que apostaram na união das escolas do morro estavam certos: no ano de estréia, o Salgueiro conseguiu furar o cerco das outras escolas mais tradicionais, conseguindo um honroso 3º lugar, à frente da poderosa Portela e atrás somente do Império Serrano e da Mangueira. Foi o primeiro passo em direção a uma trajetória de grandes desfiles. Durante os anos 50, os bons resultados da caçula do carnaval carioca conquistaram o público e a escola foi se firmando como uma das grandes dos desfiles das escolas de samba. Figuras importantes do Salgueiro iam surgindo e se destacando no cenário carnavalesco, como os compositores Noel Rosa de Oliveira, Anescarzinho, Geraldo Babão, Djalma Sabiá; as baianas Tia Neném e Tia Maria Romana; Paula, Paulino de Oliveira, Casemiro Calça Larga, Neca da Baiana e Nélson de Andrade, criador do lema: “Nem melhor nem pior, apenas uma escola diferente!”.
Inovando sempre, o Salgueiro mudou o carnaval carioca apresentando enredos que fugiam aos temas patrióticos impostos pelo Estado Novo. Navio Negreiro, sobre a viagem de escravos para o Brasil, de 1957, e Viagem Histórica Pitoresca ao Brasil, sobre a missão do pintor francês Debret no Brasil, de 1959, são dois exemplos da ousadia salgueirense. O ano de 1959 ficou marcado pela entrada de artistas plásticos na confecção do enredo das escolas de samba, quando o pernambucano Dirceu Nery e a suíça Marie Louise criaram um belo desfile que surpreendeu a todos, em especial a um dos jurados: Fernando Pamplona, aluno da Escola de Belas-Artes.
Convidado a produzir o carnaval de 1960, ao lado do casal Nery e do figurinista Arlindo Rodrigues, Pamplona propôs o enredo Quilombo dos Palmares, em homenagem a Zumbi, seguindo uma temática de exaltação ao negro. Um belo samba, a precisão da bateria e as imagens da África e dos Quilombos expostas na avenida encantaram a todos. Apontado como favorito, o Salgueiro foi proclamado campeão, mas dividiu o título com outras quatro escolas.
O primeiro título foi muito comemorado por toda a comunidade salgueirense e não restavam mais dúvidas de que uma nova estética havia sido criada no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.
ANOS 60
ANOS DE OURO PARA O SALGUEIRO
Em 1963, Isabel Valença desfilou com a fantasia Xica da Silva e se consagrou como a grande destaque do carnaval carioca, num desfile que marcaria para sempre a história das escolas de samba.
Os anos 60 são um marco na história do Salgueiro. Foi nesse período que a escola conquistou três campeonatos, apresentou enredos e sambas memoráveis e contribuiu definitivamente para a mudança dos desfiles das escolas de samba.
O desfile de 1963 é uma síntese dessa década. Neste ano, o Salgueiro apresentou uma nova personagem que estava à margem da história oficial – Xica da Silva, uma escrava que viveu em Minas Gerais. Interpretando Xica, o Salgueiro introduziu uma personalidade no carnaval carioca: Isabel Valença. A inovação do Salgueiro nesse ano ficou também por conta de uma ala de 12 pares de nobres que dançavam polca ao ritmo de samba: o Minueto de Xica da Silva. O impacto do desfile do Salgueiro foi irresistível e poucas vezes o grito de “já ganhou!”, que ecoava de ponta a ponta da avenida, foi tão unânime. Quando terminou o desfile, ficou no ar a impressão de que algo muito importante havia acontecido no carnaval carioca. O resultado, incontestável, não poderia ter sido outro: Salgueiro campeão!!!
A beleza salgueirense em desfile com a avenida ainda molhada pela chuva em 1968, no enredo “Dona Beja, Feiticeira de Araxá”.
Uma nova vitória foi desenhada em 1965, com o enredo História do Carnaval Carioca – Eneida, escolhido por Fernando Pamplona para o desfile que comemorou o IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro. Nesse ano, Fernando Pamplona teve como ajudante um jovem bailarino do Theatro Municipal: Joãosinho Trinta. Com um desfile que fez toda a avenida vibrar, o Salgueiro alcançou uma nova vitória, a terceira de sua história.
Após alguns maus resultados nos anos seguintes, em razão de crises políticas e financeiras, que fizeram com que Fernando Pamplona cunhasse uma frase – “Tem que tirar da cabeça o que não pode tirar do bolso” -, o Salgueiro escolheu a Bahia de Todos os Deuses como enredo para 1969. Mas, ao contrário daquilo que todos imaginavam, o Salgueiro veio forte na avenida, cantando um samba que se tornou inesquecível (“…Na ladeira tem, tem capoeira, zum zum zum zum zum zum, capoeira mata um …”) cantado por todo o povo em delírio. Não demorou para o “já ganhou!!!” ser ouvido em toda a avenida e mais uma vez o Salgueiro ser consagrado como a melhor escola de samba do Rio de Janeiro.
ANOS 70
UMA NOVA ESTÉTICA NO CARNAVAL CARIOCA
A passista Garrinchinha encantou a avenida Presidente Vargas no desfile de 1970, com o enredo “Praça XI, Carioca da Gema, de Fernando Pamplona”.
A força demonstrada nos anos anteriores continuou na década de 70. Em 1971, o Salgueiro segue na temática negra e leva para a avenida Festa para um Rei Negro, enredo sobre a visita de príncipes africanos a Pernambuco. O sucesso do desfile começou na escolha do samba. A composição de Zuzuca se espalhou e todo o povo conhecia a letra “… Ô-lê-lê, ô-lá-lá, pega no ganzê, pega no ganzá …”. Quando a escola iniciou seu desfile, a avenida parecia um imenso salão de baile onde todos cantavam e dançavam. A escola, toda de vermelho e branco, impressionou o público e mais uma vez foi aclamada como campeã do carnaval!
Em 1972, mais uma inovação: a escola apresenta o enredo Minha madrinha Mangueira Querida, com um samba que “pegou” em toda a cidade (…”Tengo Tengo, Santo Antônio e Chalé, minha gente é muito samba no pé…”). Nunca uma escola de samba havia homenageado uma co-irmã. Sempre pioneiro, o Salgueiro seria o primeiro a fazer tal zhomenagem. Já com Joãosinho Trinta como carnavalesco, o enredo escolhido para 1974 foi O Rei de França na Ilha da Assombração, um tema que trouxe o imaginário como nova contribuição para o carnaval e modificou de uma vez a tônica para os enredos das escolas de samba. Apesar das dificuldades financeiras,
Joãosinho ia transformando em realidade o sonho do menino Luís XIII, que imaginou um Reino de França no Maranhão. Quando a escola entrou na avenida, alguma coisa mudou no carnaval carioca. Todos os detalhes estavam cuidados e o luxo, feito de isopor, papel alumínio, feltro e madeira, mostrava em detalhes o sonho de menino e as lendas do Maranhão. Na abertura dos envelopes, favoritismo confirmado: Salgueiro campeão!
Com As Minas do Rei Salomão, enredo de 1975, o Salgueiro levou zebras, camelos e pirâmides, elementos até então inéditos no desfile, além de muito brilho, cor e efeitos visuais para a avenida. Um luxo jamais visto que causou um grande impacto. Tanto que o público passou da surpresa para aplausos e gritos de “já ganhou!”. O favoritismo do desfile do Salgueiro foi confirmado na abertura dos envelopes e o Salgueiro conquistava seu primeiro bicampeonato. A partir de 1976, com a saída de João, uma crise se instalou na escola, mas um fato marcou esse ano: a inauguração da quadra de ensaios, em 3 de outubro de 1976, na rua Silva Teles, Andaraí.
ANOS 80
UMA DÉCADA DIFÍCIL PARA O SALGUEIRO
Comissão de frente formada por artistas em 1983, no enredo “Traços e Troças”. Entre elas, estava a atriz Suzana Vieira.
Os anos 80 não foram dos melhores para os Acadêmicos do Salgueiro. Passando por várias crises financeiras, a escola não tinha praticamente nada e contou basicamente com uma qualidade que jamais faltou à escola: a força e a garra de seus componentes, diretores e torcedores.
O enredo de 1980 – No Bailar dos Ventos, Relampejou, mas não Choveu – parece ter sido premonitório para os anos que se seguiram. Ainda assim, durante os anos 80, mesmo com muitas dificuldades, foram vários os momentos de brilho em alguns desfiles em que o grito de “já ganhou” ecoou nas arquibancadas. Mas sempre faltava um detalhe. Sempre relampejava. Mas não chovia.
Nesse período, dois momentos pareceram perfeitos para mais um campeonato, mas as expectativas não foram correspondidas na hora do desfile e nem na abertura dos envelopes. Em 1983, um ótimo enredo, Traços e Troças, sobre a história da caricatura no Brasil, foi mal executado e levou a escola ao oitavo lugar, pior colocação desde sua fundação. Na inauguração da Passarela do Samba, em 1984, o ótimo samba Skindô, Skindô – “Oiá, oiá, água de cheiro pra ioiô …” – estava na boca do povo, mas o Salgueiro novamente não conseguiu reviver seus ótimos momentos na avenida e fez um desfile morno, longe dos melhores carnavais da escola.
A recuperação da escola pareceu vir já no final da década, quando a escola fez desfiles belíssimos, com os enredos de 1988, Em Busca do Ouro, 1989, Templo Negro em Tempo de Consciência Negra, e em 1990, com Sou Amigo do Rei, quando alcançou o terceiro lugar. A cada ano que passava, o Salgueiro mostrava que estava vivo e que a década de 90 prometia.
ANOS 90
O REENCONTRO COM OS GRANDES DESFILES
O casal de mestre-sala e porta-bandeira Dóris e Élcio PV defenderam o pavilhão salgueirense em 1990, no enredo “Sou Amigo do Rei”.
Os bons desfiles do Salgueiro voltaram a se tornar rotina e os resultados obtidos nos três anos anteriores animaram os salgueirenses. Para 1991, a escola veio com um enredo que parecia imbatível – Me masso se não passo pela Rua do Ouvidor – e com um samba que já era cantado por toda a cidade. A escola fez um ótimo desfile e por pouco não conseguiu a vitória. Mas o segundo lugar mostrava que o Salgueiro estava de volta à disputa dos títulos.
No ano seguinte, O negro que virou ouro nas terras do Salgueiro, também deu à escola uma boa colocação – o quarto lugar – gerando em todos a expectativa de que a escola voltaria a sentir o gosto do campeonato.
E toda a esta expectativa foi confirmada em 1993, com Peguei um Ita no Norte, sobre a viagem do navio Ita de Belém até o Rio de Janeiro. O Salgueiro entrou na avenida “possuído” e antes mesmo de os cronômetros da avenida serem disparados, a empolgação dos componentes já se espalhava pela arquibancada. A escola foi aplaudida de pé durante toda sua apresentação, fez com que todo o público cantasse seu samba e, ao sair da avenida, foi aclamada como campeã do carnaval. Em 1993, o Salgueiro fez um desfile que se vê poucas vezes, daqueles que podem ser contados nos dedos. Um desfile mágico em que o resultado não poderia ser outro a não ser a conquista do título. Foi um reencontro sofrido com a vitória que a escola não via há 17 anos. Mais uma vez, o Salgueiro pintou o Rio de vermelho e branco e cantou, a plenos pulmões o samba campeão do carnaval carioca. “Explode, coração, na maior felicidade / É lindo meu Salgueiro, contagiando e sacudindo essa cidade …”.
Outro título esteve perto, com o enredo Rio de lá pra cá, que obteve o segundo lugar em 1994. Os belos desfiles da escola estavam de volta, como nos enredos O Caso do por acaso, de 1995, uma outra visão sobre o descobrimento do Brasil por espanhóis, e Anarquistas sim, mas nem todos, de 1996, sobre imigrantes italianos. Neste desfile, a entrada do Salgueiro na Marquês de Sapucaí aconteceu de forma espetacular. A Academia foi saudada por um público que parecia esperar a campeã do carnaval. Era um mar de bandeirinhas que cobriam as arquibancadas do Setor 1 à Apoteose, numa recepção digna de arrepiar qualquer sambista.
Nos anos seguintes, porém, a escola cometeu um grande erro ao tentar repetir o sucesso do samba do carnaval de 1993. Durante alguns anos, a ala de compositores da escola buscou a fórmula daquele ano, imaginando que um refrão contagiante bastaria para levar a escola a mais um título. A crença de que a repetição daquele momento mágico fosse possível fez com que o Salgueiro desfilasse com alguns sambas que não remetiam aos grandes compositores de sua história. E isto se refletiu na avenida, quando o belo visual apresentado não tinha uma trilha sonora à altura, como no desfile de 1999 – Salgueiro é sol e sal nos 400 anos de Natal.
Apesar de ter desfilado com sambas medianos nestes últimos anos, dois desfiles fizeram sucesso no final da década: Parintins, a Ilha do Boi Bumbá, de 1998, e Sou rei, sou Salgueiro, meu reinado é brasileiro, de 2000, quando o Salgueiro ganhou o Estandarte de Ouro como a melhor escola do Rio de Janeiro.
ANOS 2000
… E O FUTURO CHEGOU
Em 2004, um dos destaques do Salgueiro foi a irreverência de Dercy Gonçalves, no desfile de “A Cana que Aqui se Planta Tudo Dá. Até Energia! Álcool, o Combustível do Futuro”.
Os anos 2000 começam sob a marca da regularidade e uma coincidência para o Salgueiro: na primeira década do novo século, exceto em 2007 e 2009, a escola sempre desfilou no domingo. Em 2001, primeiro carnaval do novo milênio, a escola foi encontrar inspiração para o seu desfile no Pantanal, região de grande beleza incrustada no coração do Brasil. Com o patrocínio do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul, a escola alcançou a quarta colocação, mas deixou a avenida com um sentimento de que poderia ter ido mais longe com o belo visual criado por Mauro Quintaes, sem dúvida seu melhor trabalho nos quatro anos em que esteve na escola.
Em 2002, o Salgueiro se reencontra com bons sambas. A disputa de samba de enredo foi uma das mais acirradas para cantar a história dos pioneiros da aviação no enredo Asas de um sonho… viajando com o Salgueiro, o orgulho de ser brasileiro, patrocinado pela companhia aérea TAM. Reacendiam-se as esperanças de um grande desfile, mas a escola tropeçou na organização interna e o resultado foi visto na avenida. O samba, considerado um dos melhores do ano, não conseguiu empolgar e a escola simplesmente passou, tendo, porém, alguns bons momentos na avenida. Foi um sexto lugar desconfortável para a agremiação.
Para o carnaval de 2003, a escola trouxe a dupla Renato Lage e Márcia Lavia e o enredo sobre o cinqüentenário da escola. Salgueiro, minha paixão, minha raiz – 50 anos de glória parecia um sonho. Depois de dois enredos patrocinados, o Salgueiro desfilaria com a melhor história que poderia contar na avenida: seus 50 anos de glórias. O samba vencedor da disputa caiu nas graças não só da comunidade salgueirense, mas de toda a cidade. As alegorias e as fantasias preparadas pelos carnavalescos eram verdadeiras obras de arte. Mas na hora da verdade, ou seja, na avenida, a escola teve vários problemas, como a quebra do carro abre-alas entre os setores 9 e 11, o que prejudicou o andamento do desfile e tirou pontos preciosos no quesito cronometragem. Mesmo com todos os contratempos, os componentes tinham absoluta certeza de que o Salgueiro viria para brigar. Mas alguns jurados não entenderam a bela homenagem à escola, dando notas menores em alegoria e comissão de frente, por exemplo, reservando ao Salgueiro uma inexplicável sétima colocação.
Em 2004, mais um enredo patrocinado: Da cana que aqui se planta, tudo dá … Até energia – Álcool, o combustível do futuro. Apesar da aridez do tema, os carnavalescos elaboraram uma doce viagem na história da cana até a transformação em combustível. Mais organizado internamente, o Salgueiro entrou na avenida com garra e trouxe uma comissão de frente inesquecível, criada pelo coreógrafo Marcelo Misailidis. Representando a origem da cana-de-açúcar na Índia, os componentes apresentaram várias performances, tendo como apoteose a transformação dos elementos cênicos em um elefante. A escola trouxe um belíssimo visual, inspirado na leveza e colorido do tema. Mas num ano de reedições de sambas antológicos, o hino salgueirense não empolgou, levando a escola a uma sexta colocação.
Os preparativos para o carnaval de 2005 foram dos mais conturbados da história salgueirense. Com a morte dos patronos Maninho e Miro Garcia, a vermelho-e-branca precisou mais do que nunca se unir para apresentar um grande desfile com o enredo Do fogo que ilumina a vida, Salgueiro é chama que não se apaga. O desafio foi vencido. O excelente desenvolvimento do enredo de Renato Lage e Márcia Lavia contava a história e a importância do fogo para a humanidade. A plástica do tema iluminou os carnavalescos a criarem um belíssimo trabalho de cores quentes e formas originais inspirados no elemento. O Salgueiro desfilou com uma garra que há muito tempo não se via. Exceto por problemas em duas alegorias, que tiveram dificuldade de passar pelas árvores não podadas da Presidente Vargas, a escola foi perfeita e incendiou a avenida, credenciando-se ao título. Injustamente, porém, na abertura dos envelopes, apenas a 5ª colocação foi reservada à escola.
Golpe maior a escola sofreria no ano seguinte, quando levou para a avenida o enredo Microcosmos, o que os olhos não vêem, o coração sente, criado por Renato Lage e Márcia Lavia. Já contando com a estrutura do barracão na Cidade do Samba, a escola sentiu o peso de abrir o desfile do Grupo Especial, com um público ainda frio e pouco receptivo. O resultado final foi a 11ª colocação, a pior da história do Salgueiro.
Para se reerguer, em 2007 o Salgueiro foi em busca de suas raízes para encontrar, na África Oriental, a história das Candaces, rainhas negras que governaram o Império Meroe, sete séculos antes de Cristo. Tudo pareceu perfeito para mais uma vitória – ou pelo menos o vice-campeonato. A escola fez um desfile brilhante e saiu aclamada pelo público e pela imprensa como postulante ao título. Uma boa colocação parecia certa para a escola (e para o público em geral). Essa expectativa durou apenas até a leitura das primeiras notas, na quarta-feira de cinzas. Inexplicavelmente os jurados deram notas baixas à escola. Afastada da luta pelo campeonato, o Salgueiro terminou a apuração em 7º lugar.
Mesmo que o resultado oficial não tenha sido favorável à escola, o público viu mais uma demonstração de força do Salgueiro, que, na avenida, ressurgiu das cinzas e se reencontrou com os melhores momentos de sua história. Em 2007, o Salgueiro provou a todos que continuava sendo.
Para o carnaval 2008, o tema escolhido foi o Rio de Janeiro. Preocupados com a situação da cidade, a dupla de carnavalescos do Salgueiro Renato Lage e Márcia Lavia criou o enredo O Rio de Janeiro Continua Sendo. Uma injeção de auto-estima no povo carioca, que pretendia mostrar que, apesar das “nuvens” que insistem em esconder seu brilho, a Cidade continuava Maravilhosa.
Toda a escola incorporou o espírito carioca. Empurrado por um samba alegre, o Salgueiro, mostrou uma cidade que resistiu às idades, às épocas, aos contratempos. Cidade da saborosa desordem, do improviso. Do burburinho do Centro, dos pagodes dos subúrbios, das praias e do mar da Zona Sul. Rio de Janeiro, fevereiro e março, do carnaval, do Salgueiro. E com um desfile bonito, colorido e empolgante, a escola deixou a avenida com uma das favoritas e chegou ao vice-campeonato do carnaval.
O excelente resultado animou os salgueirenses na busca por mais uma vitória em 2009. E os trabalhos começariam muito bem, com o enredo do carnavalesco Renato Lage e da diretoria Cultural da escola. Tambor pretendia mostrar na avenida toda a ancestralidade, brasilidade, contemporaneidade de um instrumento que atravessou os tempos, culminando em uma homenagem a Mestre Louro, falecido em 2008, e com um toque de africanidade que sempre fez bem à escola. Liderado pela segunda vez em sua história por uma mulher, a presidente Regina Duran, que venceu as eleições de maio de 2008, o Salgueiro entrou imponente na avenida e mais uma vez saiu aclamado pelo público como campeão do carnaval.
Ao contrário dos outros anos, porém, desta vez não houve surpresas desagradáveis. A escola liderou a apuração de ponta a ponta e, pela nona vez em sua história, se consagraria campeã do carnaval. Mais uma vez os tambores do Salgueiro rufaram e o Rio de Janeiro foi pintado com o vermelho e branco da Academia.
ANOS 2010
“Em 2011, o enredo da escola foi “Salgueiro apresenta: O Rio no Cinema”, homenagem a uma das cidades onde mais se grava filmes no país. Acima o carro que representa os cabarés da Lapa, cenário histórias como Madame Satã e Ópera do Malandro”.
O ano de 2010 começou com o Salgueiro em alto astral. Com a moral em alta devido ao campeonato do ano anterior, a escola viveu momentos de grande alegria. Para tentar o bicampeonato, Renato Lage, Márcia Lage e a Diretoria Cultural desenvolveram o enredo “Histórias Sem Fim”, sobre as grandes narrativas imortalizadas nos livros, desde Gutemberg, passeando pelos diversos gêneros literários. Mas o desfile não foi dos mais felizes. A escola optou por um samba muito aquém para uma escola que tentava conquistar o campeonato. Na pista, o Salgueiro teve problemas de evolução no final do desfile, que não empolgou. A agremiação teve que se contentar com a quinta colocação.
Em 2011, a história seria diferente. Com o enredo “Salgueiro Apresenta: o Rio no Cinema”, mais uma parceria entre os carnavalescos e a Diretoria Cultural da escola, o Salgueiro se propôs a desenvolver um roteiro alegre baseado nos filmes que tiveram o Rio de Janeiro como cenário. Numa visão surrealista, até o King Kong foi parar na torre da Central do Brasil. Com um belo samba e uma comunidade empolgada, a escola veio para brigar. Mas o gigantismo das alegorias derrubou o Salgueiro. Com problemas na entrada da avenida e na retirada dos carros na dispersão, a agremiação estourou o tempo máximo em dez minutos e perdeu um ponto na apuração. Apesar dos contratempos, o Salgueiro ainda voltou na quinta posição no sábado das campeãs, tamanha a qualidade do visual criado pelos carnavalescos, além das muitas surpresas, entre elas, a comissão de frente, em que baleiros buscavam alcançar a fama na porta de um cinema imaginário.
Com o gostinho de que poderia chegar lá, Renato e Márcia Lage desenvolveram para o carnaval 2012 o “Cordel Branco e Encarnado”, sobre o mágico universo da literatura de cordel. Um enredo rico que gerou um samba “arretado” e valente. Na avenida, a escola foi praticamente perfeita, a não ser por problemas pontuais com a entrada de duas alegorias, o que foi suficiente para a perda do título. Com notas máximas em enredo, o Salgueiro comemorou o vice-campeonato e mais uma vez mostrou que poderia chegar lá.
Para 2013, ano em que o Salgueiro celebrou seus sessenta anos, a escola apostou no enredo “Fama”, de Renato e Márcia Lage. Os carnavalescos elaboraram um visual leve e de muito bom gosto para contar as glórias e os percalços da busca pelo estrelato. Mais uma vez a escola contou com um samba muito alegre, que serviu bem ao desfile. O Salgueiro foi a segunda escola de domingo e, mesmo com uma posição não tão favorável, deslizou na avenida sem qualquer problema técnico. A bateria de Mestre Marcão foi um show a parte e as baianas flutuaram na avenida. Destaque também para a comissão de frente, comandada por Hélio Bejani, que conquistou o Estandarte de Ouro, juntamente com o enredo. Na quarta-feira de cinzas os envelopes reservaram a quinta colocação. E pelo sexto ano seguido, a vermelha e branca se apresentaria no sábado das campeãs. Carnavais competitivos, aliás, são uma marca da administração da presidente Regina Celi.
Para o carnaval de 2014, o Salgueiro cantará a visão da Terra e dos quatro elementos sob o ponto de vista de antigas civilizações. E de quebra lança um alerta pela preservação do planeta, por meio de uma relação mais racional entre o homem e a natureza. Com um enredo forte, toda a comunidade salgueirense vive um momento de grande expectativa em relação ao desfile. A escola será a quinta a se apresentar no domingo de carnaval. Que Gaia abençoe a vermelha e branca tijucana nessa caminhada rumo ao décimo título da sua história.